Via Dutra completa 66 anos

by Diário do Vale

Sul Fluminense – A Rodovia Presidente Dutra completou 66 anos de existência na última quinta-feira (19). Desde sua inauguração, o caminho por onde é transportado cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro passou por transformações que acompanharam o crescimento populacional e econômico do país.

Hoje, cerca de 23 milhões de pessoas em 36 municípios, incluindo as capitais São Paulo e Rio de Janeiro, habitam o entorno dos 402 quilômetros da via Dutra, a rodovia mais importante do Brasil.

Inauguração reduz tempo de viagem pela metade

No dia 19 de janeiro de 1951, quando foi inaugurada pelo Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, em solenidade realizada na altura de Lavrinhas (SP), a então BR-2, nova rodovia Rio-São Paulo, ainda não estava completamente pronta, mas já permitia o tráfego de veículos entre a então Capital Federal, Rio de Janeiro, e o polo industrial de São Paulo. Da então ligação Rio-São Paulo, 339 quilômetros estavam concluídos, junto com todos os serviços de terraplenagem e 115 obras de arte especiais (trevos, viadutos, pontes e passagens inferiores). Faltava, porém, a pavimentação de 60 quilômetros entre Guaratinguetá (SP) e Caçapava (SP), e seis quilômetros em um pequeno trecho situado nas proximidades de Guarulhos (SP).

A BR-2 contava com pista simples, operando em mão-dupla em quase toda sua extensão. Em dois únicos segmentos havia pistas separadas para os dois sentidos de tráfego: nos 46 quilômetros compreendidos entre a Avenida Brasil e a garganta de Viúva Graça (hoje, Seropédica), no Rio de Janeiro, e nos 10 quilômetros localizados entre São Paulo e Guarulhos, no trecho paulista.

A nova rodovia foi construída com as mais modernas técnicas de engenharia da época e com equipamentos especialmente importados para isso, o que permitiu a redução da distância rodoviária entre as duas capitais em 111 quilômetros, comparando-se o novo caminho com o traçado da velha rodovia, inaugurada em 1928.

A maior parte dessa redução foi possível com a superação obstáculos naturais, basicamente nos banhados da Baixada Fluminense e na área rochosa da garganta de Viúva Graça, na região de serras entre Piraí e Cachoeira Paulista, e no segmento da Várzea de Jacareí.

Além disso, sua concepção avançada permitiu a construção de aclives e declives menos acentuados e curvas mais suaves. Tudo isso representou uma significativa queda no tempo de viagem, de 12 horas, em 1948, para seis horas.

tabela

Projeto autossustentável

No total, 1,3 bilhão de Cruzeiros foi investido na construção da BR-2, quantia altíssima para os padrões da época. Gastos muito criticados por setores da sociedade civil e pela imprensa, que classificava a obra como “luxuosa”. O Governo Federal argumentava que o desbravamento do Brasil dependia de caminhos que pudessem ser abertos com rapidez e eficiência e que a modernização da ligação Rio-São Paulo era fundamental para o desenvolvimento nacional.

Foi essa, por exemplo, a linha de argumentação no discurso de inauguração da rodovia, feito pelo então ministro de Viação e Obras Públicas, general João Valdetaro de Amorim Mello. “Com um tráfego mínimo de 1.000 veículos diários (…) e tendo em conta a economia resultante do custo de operação dos veículos rodando sobre uma estrada deste modelo (…) em 10 anos, a economia nos transportes efetuados sobre esta rodovia atingirá a casa dos 10 bilhões de cruzeiros”.

Tudo isso, lembrava ele, sem contar a economia de divisas com a redução nos gastos com combustíveis, lubrificantes e peças de reposição, todos importados.

Projeto inovador na concepção e na execução

As obras da nova rodovia representavam, ainda, um grande desafio de engenharia para a época. O “retão” de Jacareí (SP), por exemplo, foi um trecho que gerou polêmica entre os técnicos, por ser construído sobre terreno instável, cuja transposição era considerada quase impossível. No entanto, o trecho foi finalizado com a utilização de 12 milhões de metros cúbicos de terra, o equivalente a 1,6 milhão de caminhões cheios, em um aterro submerso de 15 metros de profundidade.

No trecho fluminense, a transposição de um trecho rochoso ao pé da Serra das Araras, chamado de “garganta de Viúva Graça”, também representou um grande desafio para os engenheiros empenhados na construção da nova rodovia, que comandaram complexas escavações, permitindo o rebaixamento em 14 metros do paredão de granito.

 

Grande obra, grandes números

Os números que envolveram a construção impressionam ainda hoje, em um esforço de engenharia que envolveu 35 empreiteiras, milhares de trabalhadores e movimentação de toneladas dos mais diversos materiais.

– 2.657.746 m² de pavimentação;

– 1,3 milhão de sacos de cimento;

– 8 mil toneladas de asfalto;

– 20 mil toneladas de alcatrão;

– 15.000.000 m³ de movimento de terra;

– 300.000 m³ de cortes;

– 7.021 m de extensão em 115 pontes, viadutos e passagens;

– 19.086 m com 315 bueiros;

– 30 milhões de m² de faixa de domínio.

 

Março de 1996: início do renascimento da via Dutra

No dia 1º de março de 1996, a CCR NovaDutra assumiu a administração da via Dutra, que, na época, estava deteriorada, com pistas esburacadas, sinalização e conservação em situação precária. No entanto, após 180 dias (prazo para realização dos serviços emergenciais), o cenário já era outro, com a rodovia em condições adequadas de segurança e fluidez de tráfego. Hoje, a via Dutra está totalmente renovada e quem trafega pela rodovia conta com uma infraestrutura composta por equipes de socorro médico e mecânico 24 horas, monitoramento, conservação, atendimento telefônico gratuito (Disque CCR NovaDutra), 804 telefones de emergência ao longo da rodovia, serviço de transmissão em FM que divulga informações das condições de tráfego aos usuários (CCRFM 107,5), entre outros serviços. Tudo isso proporciona uma viagem mais segura e confortável.

Sem estar completamente pronta: Rodovia Rio-São Paulo foi inaugurada dia 19 de janeiro de 1951 (Fotos: Divulgação)

Sem estar completamente pronta: Rodovia Rio-São Paulo foi inaugurada dia 19 de janeiro de 1951 (Fotos: Divulgação)

 

Centro de Pesquisas Rodoviárias contribui para a melhoria contínua do pavimento da via Dutra

Responsável pela investigação e aplicação de novas tecnologias, o Centro de Pesquisas Rodoviárias (CPR) da CCR NovaDutra realizou mais de 12 mil ensaios de controle de qualidade das obras da via Dutra em 2016 e atuou, também, no desenvolvimento de oito estudos que contribuem para o processo de melhoria contínua das condições de segurança, durabilidade e conforto da rodovia.

A análise dos benefícios da aplicação do asfalto borracha foi um dos principais assuntos investigados no ano anterior e que, de acordo com a coordenadora do CPR, Valéria Faria, terá continuidade em 2017. “Por conter pneus reciclados em sua formulação, o asfalto borracha contribui para a preservação do meio ambiente. A CCR NovaDutra e outras empresas do Grupo CCR já utilizam essa mistura asfáltica na construção e na manutenção do pavimento de suas rodovias, mas, por meio deste estudo, buscamos ampliar o conhecimento da sociedade sobre os benefícios desta técnica, já que nossas pesquisas são disponibilizadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)”, explica.

A sustentabilidade ainda está presente no uso de espuma de asfalto para reaproveitamento de material fresado – outro estudo que foi destaque em 2016 e que terá continuidade este ano. Segundo Valéria, além de se mostrar eficiente no que se refere à durabilidade, esta técnica também reforça o compromisso da CCR NovaDutra com o meio ambiente, já que elimina o descarte da fresa. “O setor de conservação viária está cada vez mais engajado com os princípios de sustentabilidade nas atividades relacionadas à manutenção dos pavimentos asfálticos e o material oriundo das atividades de fresagem de pavimentos deteriorados apresenta ótimas propriedades para ser reutilizado nas próprias atividades de conservação”, ressalta.

Criado em 1999, o Centro de Pesquisas Rodoviárias está situado na sede da CCR NovaDutra, em Santa Isabel (SP). O local já se tornou referência no país e, constantemente, recebe visitas de estudantes, de universidades e de instituições nacionais e internacionais.

Pesquisas: CPR estuda técnicas e materiais sustentáveis, que oferecem segurança e conforto para quem trafega pela rodovia

Pesquisas: CPR estuda técnicas e materiais sustentáveis, que oferecem segurança e conforto para quem trafega pela rodovia

 

CCR NovaDutra conclui 16 obras de modernização de pontes e viadutos em 2016

A execução de melhorias viárias é fundamental para proporcionar cada vez mais fluidez de tráfego, segurança e conforto aos usuários da via Dutra e, por isso, constantemente a CCR NovaDutra realiza investimentos ao longo dos 402 quilômetros da rodovia. Em 2016, por exemplo, a Concessionária concluiu 16 obras de modernização de pontes e viadutos, sendo: uma Grande São Paulo; nove no Vale do Paraíba; quatro no Sul Fluminense; e duas na Baixada Fluminense.

A pavimentação de pistas, trevos e acessos é outro importante trabalho realizado periodicamente pela CCR NovaDutra, em todos os trechos da rodovia. No ano anterior, foram recuperados 307 quilômetros de extensão de asfalto de faixas de rolamento e 10,5 quilômetros de extensão de asfalto de trevos e acessos.

“A Concessionária ainda realiza serviços na área de Conservação, como poda, capina, coleta de resíduos, sinalização, contenção de encostas, entre outros. Todos esses investimentos refletem o nosso compromisso de continuar contribuindo para o desenvolvimento das cidades localizadas às margens da via Dutra”, ressalta o gestor de Obras da CCR NovaDutra, Cássio Levada.

Melhorias: Concessionária também realizou serviços de recuperação de pavimento e de conservação viária

Melhorias: Concessionária também realizou serviços de recuperação de pavimento e de conservação viária

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8 comments

anderson dos santos ferreira 23 de janeiro de 2017, 21:32h - 21:32

uma pena, hoje não chega nem perto do que era nos anos 70, privatizada com propaganda falsa de que seria a melhor do mundo, hoje sem qualquer condição de suportar o transido recebido, recebe ajuda das trabalhadores e Airton sena, rodovia sem qualquer manutenção, sem menor condição de ser melhorada pela atual concessionaria, descida da serra esqueça, no rio sempre engarrafada, em maior parte sem nenhuma melhoria, rodovia travada, quando se fala em melhorar, tem quer rever traçado e uso mais adecuado da mesma, continua obsoleta após 20 anos de privatização, comemora o que só se for valor do pedágio exorbitante, e péssima qualidade do serviço

Fonseca 24 de janeiro de 2017, 08:08h - 08:08

Realmente, se estivesse até hoje na mão do governo estaríamos muito melhor servidos, muito mesmo, segura, 4 pistas em cada sentido, serra pronta, sem buracos, bem sinalizada, resumindo, uma perfeita autobahn tupiniquim………….a nossa situação está explicada…

Fonseca 23 de janeiro de 2017, 15:43h - 15:43

Enquanto isso, o governo PeTralha incompetente reformou/reformou novamente/reconstruiu o Maracanã 3 vezes, R$ suficiente para duplicar a serra umas 2 vezes….perdemos a oportunidade com R$, e também o bonde da história, na mão de gente incompetente, e a única coisa que se fala bem bem é como a Dutra melhorou privatizada na mão de profissionais…………..fico pensando se o FHC ouvisse os retrógrados contra o pagamento do pedáigio e não tivesse privatizado, com quanto tempo de antecedência precisaríamos sair de VR para pegar um avião no RJ,,,,provavelmente 1 dia

Al Fatah 22 de janeiro de 2017, 12:07h - 12:07

Lembrar que São Paulo tem duas grandes rodovias saindo em direção ao Rio (Dutra e Ayrton Senna/Carvalho Pinto), além de várias para o interior (Anhanguera, Bandeirantes, Raposo Tavares, Castelo branco) e duas para o litoral (Anchieta e Imigrantes). Não à toa é o estado mais rico do país…

Se a RJ-155 e a BR-393 fossem paulistas, já estariam duplicadas há décadas… A Tamoios, que desce de São José para Caraguá, equivale à Barra Mansa-Angra. A Dom Pedro I pode ser comparada à Lúcio Meira…

Maniac 22 de janeiro de 2017, 08:35h - 08:35

Excelente matéria, de cunho histórico e educativo. Pago com prazer o pedágio da Dutra. É uma pena que falta policiamento no trajeto. A PRF desapareceu em mais um crime de omissão do governo federal.

Roberto Mendezi 21 de janeiro de 2017, 21:13h - 21:13

A concessionária cuida bem da rodovia isso é notório. Mas até hoje não cuidou de cumprir o contrato de concessão e duplicar as pistas da Serra das Araras.

Primo 22 de janeiro de 2017, 01:47h - 01:47

Fica quieto…sabe de nada inocente….

Ignorância é triste! 22 de janeiro de 2017, 08:08h - 08:08

Sinto muito cara, mas vc está errado, pois a duplicação não faz parte do contrato original, estavam até tentando fazer um aditivo no contrato para que isso acontecesse, entretanto o TCU compreendeu que era necessário nova concessão e que não poderia estender o prazo de 30 anos da concessão para que essas obras de duplicação acontecesse, a Dutra de hoje é diferente de antes, era mato alto, buracos, sinalização muitas das vezes escondida em meio a vegetação, por isso sou apoiador de se privatizar tudo, afinal de contas sem servidores públicos tudo funciona, pois quem trabalha sabe que se não o fizer perde o emprego, coisa que raramente acontece na área pública. Mais 30 anos de concessão!

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