Médico alerta sobre descaso das pessoas com o diabetes

by Diário do Vale
Campanha de Diabetes e Hipertensão da Faculdade de Ciências Farmacêuticas – FCF. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Atenção: Um em cada dois adultos com a doença não tem ciência de sua condição e não toma os devidos cuidados
Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Sul Fluminense – O número de pessoas com diabetes no mundo passou de 108 milhões em 1980 para 422 milhões em 2014, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Dia Mundial do Diabetes, lembrado no último dia 14 de novembro, a entidade alertou que a prevalência do diabetes entre maiores de 18 anos no mundo passou de 4,7% para 8,5% no mesmo período – sobretudo em países de baixa e média renda.

Ainda de acordo com a organização, a doença figura como a principal causa de cegueira, falência dos rins, ataques cardíacos e amputações de membros inferiores. Em 2012, cerca de 1,5 milhões de mortes foram diretamente provocadas pelo diabetes, enquanto 2,2 milhões de óbitos foram atribuídos a altos níveis de glicose no sangue. Quase a metade dessas mortes foi registrada em pessoas com menos de 70 anos.

– A OMS estima que o diabetes será a sétima causa de morte no mundo até 2030. Adotar uma dieta saudável, praticar atividade física regular, controlar o peso e evitar o tabaco são formas de prevenir ou de atrasar o diagnóstico de diabetes tipo 2 – destacou a entidade. “O diabetes pode ser tratado e suas consequências podem ser evitadas ou mesmo atrasadas por meio de dietas, atividade física, medicamentos e exames regulares”, completou.

De acordo com a Federação Internacional do Diabetes, um em cada dois adultos com a doença não tem ciência de sua condição e não toma os devidos cuidados.

Na opinião do médico Camillo Marassi Leijoto, endocrinologista, diabetólogo e nutrólogo, isso ocorre porque as pessoas fogem do exame. Simplesmente não querem saber do diabetes e se sabem não dão importância até que os sintomas comecem a surgir, entre eles falta de interesse e de concentração, fome exagerada e cansaço, muita vontade de urinar e visão embasada.

– Há 50 anos convivo com o diabetes e sempre me cuidei, hoje tenho 66 anos. A cada oito minutos um diabético morre no Brasil, causando mais mortes que o câncer. Só no país, cerca de 10% da população são diabéticos e os que não sabem que possuem a doença atingem 20% da população – disse Camillo.

O endocrinologista alertou sobre a importância do diagnóstico precoce, lembrando que quanto mais cedo a pessoa tem conhecimento do diabetes, mais chances de conviver com a doença ela terá. “Com a doença controlada, o diabético poderá ter uma vida normal”.

De acordo com o médico, é importante não ingerir grandes quantidades de açúcar, não ter excesso de peso e procurar fazer um check-up pelo menos uma vez ao ano.

– Entre as principais causas do diabetes estão o sedentarismo, alimentos errados, grande ingestão de gordura saturada, obesidade ou sobrepeso e herança familiar – explicou.

O médico também chama a atenção para o fato de que 90% de todos os diabéticos no Brasil são do tipo II e tem aumentado muito. Já na infância o que prevalece é o tipo I, que corresponde a quase 10% do diabetes no país. “O diabetes infantil tem aumentado devido ao sedentarismo e alimentação errada, por isso os pais devem ficar em alerta”, aconselhou Camillo.

Segundo o endocrinologista, só em Barra Mansa, local onde atende, existem 15 mil diabéticos diagnosticados ou não.

– O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) não vai suportar tantos diabéticos que procuram ajuda para as doenças invalidantes provocadas pelo diabetes mal cuidado. Em alguns casos a doença está ligada a hereditariedade ou incidência de casos na família. Por isso aconselho procurar ajuda o mais cedo possível. A alimentação saudável é muito importante, evite alimentos gordurosos e refrigerantes optando por um suco natural – sugeriu Camillo.

Consequências

Segundo a OMS, o diabetes, ao longo do tempo, pode provocar danos ao coração, vasos sanguíneos, olhos, rins e nervos. As consequências mais comuns são:

– Adultos com diabetes têm de duas a três vezes mais chances de apresentar ataques cardíacos e derrames.
– Associados à redução do fluxo sanguíneo, danos aos nervos do pé provocados pelo diabetes aumentam a chance de úlcera nos pés, infecções e eventual necessidade de amputação de membros inferiores.

– A retinopatia diabética é uma importante causa de cegueira e acontece como resultado de danos acumulados a longo prazo aos vasos sanguíneos da retina. Cerca de 2,6% de todos os casos de cegueira no mundo podem ser atribuídos ao diabetes tipo 2.

– O diabetes está entre as principais causas de falência dos rins.

Nutricionista acredita que mudança
de hábito pode interferir na doença

A conscientização de alguns pais e da própria sociedade em relação a uma alimentação mais saudável já vem demonstrando que o diabetes pode ser combatido ou controlado mais facilmente, é o que afirma a nutricionista Márcia Teixeira Ferreira, de Volta Redonda.

– Acredito que os diabéticos de hoje são as pessoas que não se cuidaram há 10 ou 15 anos. Os pais atualmente estão ficando mais atentos e conscientes em relação à alimentação de seus filhos. Os casos da doença estão aumentando ainda entre as pessoas da faixa etária acima de 15 anos, que não cuidaram da alimentação. Penso que o diabetes está com os dias contados devido a maior atenção alimentar que os pais estão tendo agora com seus filhos – disse a nutricionista.

Segundo Márcia a obesidade infantil pode estar tendo uma atenção maior atualmente, e com isso ela poderá ser reduzida futuramente.

– Hoje em dia é mais difícil encontrar um bebê obeso. A faixa da obesidade já não está na infância e sim na adolescência – falou.

De acordo com a nutricionista, hoje qualquer veículo da mídia, assim como aplicativos de internet, estão combatendo a obesidade e o consumo do açúcar. Este tema está sendo o carro chefe dos programas de nutrição, assim como as políticas públicas ligadas a educação. Até os planos de saúde e a saúde privada estão investindo na prevenção da obesidade. “E com isso o diabetes tende a diminuir cada vez mais a longo prazo”.

Cuidados

Como nutricionista, Márcia acredita que será através de uma alimentação mais saudável que as pessoas se manterão longe do diabetes.

– Temos que ter pequenos cuidados desde o nascimento do bebê. O primeiro passo é manter o aleitamento materno, depois fazer a introdução correta da alimentação mantendo uma educação alimentar correta para esta criança até a fase adulta. Lembrando que quanto mais natural, mais qualidade tem o alimento. A base é a alimentação, se o indivíduo mantém uma boa educação alimentar agregado a uma atividade física, ele permanecerá bem distante dos sintomas do diabetes – concluiu.

Entenda a doença

O diabetes é uma doença crônica em que a quantidade de glicose (açúcar) no sangue é muito elevada, já que o pâncreas não produz ou produz pouca insulina. A insulina é um hormônio que tem como papel permitir a entrada da glicose nas células do corpo para se metabolizarem em energia.

Existem dois tipos de diabetes: a tipo I, que é quando o organismo não produz insulina, mais comum na infância ou adolescência; e a tipo II, quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz, mantendo o nível de glicose no sangue elevado. Normalmente a tipo II é desenvolvida na vida adulta e por conta da má alimentação.

Um em cada dois adultos com diabetes
não está diagnosticado, alerta federação

No Dia Mundial do Diabetes, a Federação Internacional do Diabetes fez um alerta: um em cada dois adultos com a doença não está diagnosticado e, portanto, não tem ciência de sua condição e não toma os devidos cuidados.

O tema da campanha este ano é “De olho no diabetes”, com foco em promover a importância do rastreamento e garantir o diagnóstico precoce, o tratamento e a redução do risco de complicações mais sérias – sobretudo em casos de diabetes tipo 2.
Dados da entidade mostram que a doença segue crescendo em todo o mundo: ao todo, 415 milhões de adultos viviam com diabetes em 2015. A previsão é de que esse número chegue a 642 milhões em 2040 – uma proporção de um adulto diabético para cada dez adultos no planeta.

“Muitas pessoas vivem com diabetes tipo 2 por muito tempo sem que tenham ciência de sua condição. Quando recebem o diagnóstico, as complicações provocadas pela doença podem já estar presentes”, destaca a federação.
Os números mostram ainda que até 70% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser prevenidos por meio da adoção de hábitos mais saudáveis. A quantia deve representar cerca de 160 milhões de pacientes até 2040.

“Diante de índices crescentes de subnutrição e de baixa atividade física entre crianças de diversos países, o diabetes tipo 2 na infância tem potencial para se tornar um problema de saúde pública global, provocando sérias consequências”, acrescenta a entidade.

Em diversas localidades do mundo, o diabetes figura como a principal causa de cegueira, doenças cardiovasculares, falência renal e amputação de membros inferiores.

Sinais e sintomas

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o desencadeamento do diabetes tipo 1 é geralmente repentino e dramático e pode incluir sintomas como:
– sede excessiva;
– rápida perda de peso;
– fome exagerada;
– cansaço inexplicável;
– muita vontade de urinar;
– má cicatrização;
– visão embaçada;
– falta de interesse e de concentração;
– vômitos e dores estomacais, frequentemente diagnosticados como gripe.

Ainda segundo a entidade, os mesmos sinais podem ser observados em pessoas com diabetes tipo 2, mas, geralmente, eles se apresentam de forma menos evidente. Em crianças com diabetes tipo 2, os sintomas podem ser moderados ou até mesmo ausentes.

 

Por Júlio Amaral

Especial para o DIÁRIO DO VALE

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