Barra Mansa
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande frequência, a partir de cinco anos de idade, em todos os grupos de renda e em todas as regiões brasileiras. Com base nesses dados, entre outros que mostram o crescimento assustador da obesidade, entre o público infantil, a setor de Saúde Coletiva, da Secretaria de Saúde de Barra Mansa lançou há uma semana o programa Peso Legal. Além de ter como foco principal as crianças, a iniciativa tem por objetivo identificar o perfil epidemiológico nutricional de crianças e adultos do município e ofertar assistência integral aos usuários da rede pública que apresentem sobrepeso, obesidade e desnutrição.
De acordo com a enfermeira Julita Nascimento Cunha da Silva, gerente de Saúde Coletiva, o programa Peso Legal visa promoção, prevenção e tratamento da obesidade e desnutrição, buscando melhorar os indicadores de morbidade e mortalidade por doenças crônicas e agravos não transmissíveis. Embora o público alvo do programa seja todos os usuários do município, Julita explica que a atenção será maior para as crianças devido ao grande índice de obesidade e desnutrição identificado nas ações do programa de saúde nas escolas(PSE). O PSE abrange 44 escolas de Barra Mansa e atende cerca de 12,800 mil crianças. Desse total, 4% estão desnutridas e 19,3% estão obesas.
– Quando nos deparamos com esses índices tivemos a ideia de criar o programa e dar um foco maior no público infantil. Mas é importante ressaltar que qualquer usuário pode comparecer a uma unidade de saúde para uma avaliação do índice de massa corporal (IMC). A partir daí, juntamente com outros critérios, ele será classificado em baixo risco ou alto risco. Sendo que baixo risco será acompanhado nas unidades de saúde da família, NASF e unidades básicas de saúde e os que forem classificados como alto risco serão encaminhados para o Centro de Referencia em Doenças Crônicas não transmissíveis (DCNTs). Nos casos de necessidade o centro de referencia encaminhará para cirurgia bariátrica – explica Julita, ao informar que o programa conta com a parceria da Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer.
Rotina de trabalho
Conforme destaca a gerente de Saúde Coletiva, a proposta do Peso Legal é que suas ações funcionem dentro de uma rotina de trabalho já existente na rede, com a integração e otimização dos setores para a promoção, prevenção e tratamento de doenças crônicas como, por exemplo, diabetes e hipertensão, que podem ser desencadeadas pela obesidade, além de diminuir o índice de obesidade infantil. Segundo Julita, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, divulgados em 2010, indicavam que o peso dos brasileiros vem aumentando nos últimos anos. O excesso de peso em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1% — ou seja, metade dos homens adultos já estava acima do peso — e ultrapassou, em 2008–09, o excesso em mulheres, que foi de 28,7% para 48%.
– A tendência é que o problema piore e, pior do que isso, já temos outro estudo, divulgado em novembro do ano passado sobre obesidade infantil, que revela que já há no Brasil uma geração de crianças condenadas a morrer cedo ou ter problemas de saúde em função de maus hábitos alimentares. O documentário aponta que 56% dos bebês brasileiros com menos de um ano de idade tomam refrigerantes. Um terço das crianças brasileiras está acima do peso ou obesa: 33% têm obesidade, sendo que quatro de cada cinco delas deverão manter-se nessa condição até o fim da vida – alerta a enfermeira, ao informar que as crianças abaixo do peso também terão atenção do programa.
Conforme esclarece, a obesidade é considerada uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura no organismo com desproporção na distribuição da gordura pelo corpo. O excesso de gordura visceral (intra-abdominal) é considerado um fator de risco maior que o excesso de peso total, pois envolve os órgãos do abdômen é está correlacionado com diabetes, pressão alta, colesterol alto, doenças cardiovasculares e síndromes metabólicas. Além disso, a obesidade também aumenta o risco de incidência de alguns tipos de câncer, como mama, intestino, estômago e próstata.
Tratando a obesidade infantil
Mãe da pequena Maria Clara dos Santos Matias, de apenas sete anos e já classificada com obesidade, a dona de casa, Jaqueline dos Santos Matia de 28 anos, acredita que o programa será de grande importância, principalmente, para as mães que não têm condições de levar seus filhos para um tratamento particular. Ela, que há um ano mantém filha em dieta orientada por um endocrinologista, fala da dificuldade que foi ter que aceitar o problema da filha.
– Ela é criança, e obrigar uma criança a fazer dieta é muito cruel, embora seja o melhor para a sua saúde. Só fui ter consciência disso quando observei que a perda de peso da Maria Clara contribuiu com a melhora dos índices do seu diabetes e colesterol, que estavam super altos. Além da alimentação, a atividade física também nos ajudou muito. Ela já faz natação e, agora, vou tentar colocá-la na aula de dança. Essa iniciativa da Secretaria de Saúde é muito boa e, certamente, vai poder orientar muitas pessoas que sofrem problemas de saúde causados pela obesidade – ressaltou a dona de casa.
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Onde se inicia esse tratamento a reportagem não especificou, o local de atendimento.
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