Já não se fazem mais marcianos como antigamente

by Diário do Vale
Clássico: O Robinson espacial e os perigos do planeta Marte

Clássico: O Robinson espacial e os perigos do planeta Marte

 

 

 

 

 

 

 

 

O cineasta Ridley Scott (Blade Runner, Alien) encontra-se em um estúdio da Hungria filmando o best-seller “Perdido em Marte” que foi editado no Brasil pela editora Arqueiro.

É a história de um astronauta abandonado no planeta Marte que tenta sobreviver sozinho enquanto seus colegas na Terra montam uma missão de resgate. As cenas marcianas foram filmadas no deserto da Jordânia, e o filme deve chegar aos cinemas em novembro deste ano. O elenco inclui a Jessica Chastain e o Matt Damon que já trabalharam juntos no recente “Interestelar”. Não é o primeiro filme sobre o assunto e certamente vai ser comparado ao clássico “Robinson Crusoé em Marte” que o diretor Byron Haskin filmou no Vale da Morte, no deserto de Nevada em 1964.

Na época Haskin gastou 1 milhão e duzentos mil dólares para filmar a história do astronauta perdido em Marte. Compare isso com o orçamento do filme do Ridley Scott, estimado em 100 milhões de dólares. Já não se fazem mais marcianos como antigamente. “Robinson Crusoé em Marte” é um filme que encantou uma geração de jovens e a versão moderna tem a obrigação de ser mais do que um espetáculo de efeitos especiais.

A corrida espacial estava no auge quando o roteirista Ib Melchior teve a ideia de adaptar dois romances famosos, sobre náufragos no mar, para o espaço sideral. Primeiro ele fez uma versão dos “Robinsons Suíços” de Jonathan Wyss sobre uma família de colonos perdida em uma ilha do oceano Pacífico. Afinal, o presidente John Kennedy tinha feito um discurso conclamando os americanos a singrarem o novo oceano do espaço sideral. E se o espaço era um oceano então podia servir de cenário para histórias sobre náufragos e piratas.

Infelizmente o produtor Irwin Allen teve a mesma ideia e criou “Perdidos no Espaço”, sua própria versão do romance de Wyss. Há quem diga que Allen copiou o roteiro de Melchior, mas isso nunca foi provado. O roteirista não perdeu tempo se lamentando e adaptou o “Robinson Crusoé” do Daniel Defoe para o oceano do espaço.

No elenco ele colocou dois atores novos e desconhecidos. Paul Mantee e Adam West (que ficaria famoso, anos depois como o Batman da televisão). Eles são as astronautas Christopher “Kit” Draper e Dan MccReady que viajam para Marte a bordo da Sonda de Gravidade 1. Que MccReady batiza com o nome de sua esposa, Elinor M. A nave também leva uma pequena macaca, Mona, que é a mascote da tripulação. Entrando em órbita de Marte os intrépidos astronautas quase colidem com um meteoro e perdem a velocidade orbital durante a manobra para evitar a colisão.

Com a nave fora de controle eles se lançam no espaço em pequenas cápsulas de fuga. MccReady morre quando sua cápsula se espatifa durante a aterrisagem. E Draper acaba sozinho em um mundo deserto, com um suprimento limitado de ar e somente algumas bisnagas de alimento em pasta para comer. Sua única companhia é a macaquinha Mona, que não é de muita ajuda. Melchior levou toda a equipe para um dos lugares mais desolados do mundo, Zabriskie Point, no deserto de Nevada, em pleno Vale da Morte. Com um mínimo de efeitos especiais ele tingiu o céu de laranja e criou um cenário marciano absolutamente convincente.

O filme joga no futuro a trama do livro de Defoe e nunca deixa de ser convincente. Drape sobrevive extraindo oxigênio das rochas marcianas. Encontra uma forma de vida vegetal comestível e combate a solidão conversando com a macaca. Essa é a primeira parte do filme, que os críticos consideram a melhor. Na segunda parte o herói descobre que Marte está sendo usado como base por piratas extraterrestes vindos da constelação de Orion. E encontra seu sexta-feira na figura de um escravo fugitivo. O final, na calota polar marciana, é absolutamente empolgante.

Ridley Scott terá muito trabalho se quiser igualar este filme.

 

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