‘Quando olhei a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, aí
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão’
Composta em 1947 e cantada pelos anos seguintes a fio, a música “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, retrata o calor escaldante e a consequente seca do Nordeste naquele período e em vários outros do passado.
Esses fatos históricos podem ser confirmados através das medições de dados de temperatura de uma das mais antigas estações meteorológicas do Nordeste e do Brasil: a estação de Quixeramobim, no Ceará, área atingida pelas sucessivas secas.
A Estação Meteorológica de Quixeramobim foi fundada em 1896 e, desde então, faz o registro da temperatura na região. Mostra que, à época da composição de “Asa Branca”, a temperatura média foi de cerca de 27,5 graus Celsius, posteriormente até ultrapassando 28 graus. Aliás, desde o ano de 1900 até 1960 a temperatura média oscilou na faixa de 27,5 graus, sendo mais alta nos períodos de seca.
Estes dados foram sempre inseridos pela NASA no cálculo da temperatura global. Isto pode ser visto no próprio site da NASA . O mesmo sempre foi feito por outros órgãos.
Mas agora, em 2015, a NASA decidiu “esfriar” o passado do Brasil e, consequentemente, “aquecer” o presente. Reduziu em dois graus a temperatura da Estação Meteorológica de Quixeramobim no período de 1900 a 1960. De 27,5 graus na média, caiu para menos de 25,5 graus.
Vejam abaixo como era os dados em 2011 (e assim ficaram até 2014) e como estão agora em 2015.
Detalhe: ambos os gráficos foram tirados por esta coluna diretamente do site da própria NASA:
Observem que pelos dados históricos do gráfico que a NASA usou até o ano passado, houve 11 anos com temperaturas acima de 28 graus de 1900 a 1960.
Já no novo gráfico, que a NASA alterou em 2015, não há nenhuma temperatura que chegue sequer a 26,5 graus no mesmo período.
O episódio deixa apenas duas explicações: ou Luiz Gonzaga exagerou no sol escaldante ou a NASA está exagerando em suas atribuições.
Os dados de 2011 foram colhidos do site da NASA no endereço:
http://data.giss.nasa.gov/gistemp/station_data_v2/
Os dados de 2015 no link:
http://data.giss.nasa.gov/gistemp/station_data/
Alteração foi generalizada nas estações brasileiras
Quixeramobim é apenas um exemplo. Na Estação Meteorológica de Cuiabá, a NASA simplesmente apagou os dados anteriores de 1900 a 1930, que mostravam que já existiram anos mais quentes que os atuais.
Fez o mesmo com a Estação Meteorológica de Curitiba, eliminando todos os dados desde 1882 até pouco depois de 1920.
E tanto no caso de Cuiabá como de Curitiba, alterou para maior as temperaturas mais recentes.
Vale destacar que estes são apenas alguns exemplos. Em todas as estações brasileiras pesquisadas por esta coluna tais alterações foram feitas.
Rio e São Paulo fora das medições
Há um fato ainda mais estranho a coroar as mudanças das temperaturas passadas no país. As principais cidades brasileiras – Rio de Janeiro e São Paulo – constam entre aquelas cujas estações meteorológicas são usadas pela NASA no cálculo da temperatura global. Nada mais natural.
Mas constam apenas nos cálculos de 2011.
Nos cálculos de 2015, as estações destas duas capitais desapareceram.
Um ajuste paraguaio
As desconfianças com os dados da NASA começaram quando climatologistas americanos descobriram que a agência americana havia alterado dados em várias estações meteorológicas do Paraguai.
A NASA tenta justificar dizendo que as temperaturas do passado não tinham medições tão exatas, o que a levou a fazer ajustes por “estimativa”.
Mas, como visto, o ajuste paraguaio foi aplicado também em todo o Brasil. Graças a esses ajustes, a NASA anunciou, em 2015, que por uma margem milimétrica, 2014 foi o ano mais quente da História.
Não seria, sem os ajustes.
Especialista questiona os métodos da NASA
Luiz Carlos Baldicero Molion é meteorologista brasileiro, professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), PhD em Meteorologia e pós-doutor em Hidrologia de Florestas. É também representante dos países da América do Sul na Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Foi cientista-chefe nacional de dois experimentos com a NASA sobre a Amazônia. Aposentou-se do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCT), onde atuou de 1970 a 1995 e foi diretor de Ciências Espaciais e Atmosféricas.
Molion é um dos cientistas brasileiros que mais criticam a manipulação de dados em favor da tese do aquecimento global catastrófico causado pelo homem.
Esta coluna enviou a ele os dados que descobriu no site da NASA. Sua avaliação vem a seguir:
Prezado Aurélio,
Você está certíssimo! Na tentativa de “provar o improvável”, a NASA, assim como o Met Office Inglês, aplicam “correções” aos dados de temperatura para justificar a hipótese absurda do aquecimento global. O método científico se baseia em:
Escolhe-se uma hipótese de trabalho;
- Fazem-se experimentos, coletam-se a analisam-se os dados obtidos;
- Verifica-se se os resultados obtidos confirmam a hipótese de trabalho;
- Se não confirmam, a hipótese está errada e deve ser abandonada.
No caso da “ciência do aquecimento global antropogênico”, como já se sabe os resultados que se quer obter, “ajustam-se” os dados observados para eles ficarem de “conformidade com a hipótese”. Isso é não é Ciência. Isso é crime, bandidagem! Por que essas instituições governamentais insistem no aquecimento global? Simplesmente para justificarem ter mais verbas para suas pesquisas. Maquiavélico: os fins justificam os meios!
Na realidade, sabemos que a temperatura média global está estável há 18 anos, apesar de as concentrações de CO2 terem aumentado em 10% nesse período. A tendência do clima dos próximos 10 a 15 anos é resfriar, como já aconteceu no passado.
No intervalo entre 1946-1976, o Pacífico tropical ficou um pouco mais frio. No sul e sudeste do Brasil, tivemos chuvas abaixo da média de longo tempo, os invernos, em média, foram mais rigorosos e a frequência de geadas aumentou, causando danos à agricultura e à economia, de maneira geral, que, naquela época, era de pequena escala. É importante lembrar a geada severa de julho de 1975, que fechou esse ciclo e erradicou o cultivo do café no oeste do Paraná. O Pacífico se aqueceu entre 1976-1998, choveu mais e os invernos foram mais amenos.
A partir de 1999, o Pacífico vem sofrendo uma nova mudança que, aparentemente, não é tão severa como a de 1946-1976, mas que já está provocando impactos negativos, como secas no Sudeste e invernos mais frios. A chamada Oscilação Decadal do Pacífico (ODP) tem um ciclo de 50-60 anos em que o Pacífico permanece ligeiramente aquecido, com maior frequência de El Niños, durante 25-30 anos e, depois, resfria durante 25-30 anos.
Como a atmosfera é aquecida por baixo, ar em contato com a superfície, e os oceanos constituem 71% da superfície terrestre, quando a temperatura da superfície dos oceanos muda, o clima muda. Perfeitamente natural!
A volta da coluna, o Detran e marimbondos
Durante os primeiros anos do DIÁRIO DO VALE mantivemos uma coluna fixa aos domingos. Depois de anos fora da pauta, retornamos com ela. O assunto desta primeira coluna não é um assunto local – ao contrário do que gostaríamos. Mas a notícia inédita das alterações feitas pela NASA nas temperaturas passadas do Brasil nos levou a um tema nacional.
Nos comprometemos a abordar temas regionais nas colunas seguintes.
Por exemplo, apurar a fundo o que está por trás destas blitz do Detran que enchem de veículos depósitos particulares, com estadias a preços absurdos e reboques caríssimos.
Um negócio milionário que requer atenção e investigação.
Aliás, esta história de reboque foi tema muito interessante no filme “Tropa de Elite”. Mostra o início da terceirização dos serviços de reboque e armazenamento pelo governo do Estado. Na época, alguns oficiais da PM viram o bom negócio que era e entraram nele, comprando caminhões-reboque e buscando rebocar o máximo de veículos possíveis para garantir alto faturamento.
Para quem não se lembra da cena do filme, o capitão Fábio reclama com um PM (o “Marimbondo”) dizendo que ele estava rebocando carros em uma área em que não “deveria”:
– Ô Marimbondo! Voa aqui Marimbondo!
– Tudo bem, meu capitão!
– Tudo bem é o c……, voa aqui Marimbondo, vem p….!… Aí Marimbondo que p….. é essa ? Tu tá metendo a caneta, a área é minha, não pode, p….!!
– Aí, capitão, tô cumprindo ordem do Bira…
– Bira? Quem é esse Bira, p….?
– Ô Bira! Vem aqui…
– Agora não dá…
– Bira, que p…. é essa ? Aqui não pode não, mermão…
– Capitão, o reboque é do (capitão) Oliveira, tô com ele na linha, vocês se entendem aí… pra mim tá tudo na mesma!
Como se vê, mudam os marimbondos, mas o ferrão é o mesmo.
A novidade é que nunca se viu tantos marimbondos na região. O negócio da ferroada cresce despudoradamente.
Não dá para chamar o capitão Nascimento.
Mas o Ministério Público pode ajudar bastante.
12 comments
Aurelio de Paiva vc é muito bommmm… parabens! coloca as coisas em pratos limpos
Muito legal esta coluna ! Os telejornais estão insuportáveis ! Finalmente temas imparciais, interessantíssimos e construtivos para nossa sociedade ! Parabéns !
O que está acontecendo com o clima é que as coisas estão se intensificando, está aumentando a quantidade de dias, em cada década, em que as temperaturas ultrapassaram os valores extremos (calor ou friagem).
Mas o drama/calamidade atual é que alguns glaciais estão derretendo e o solo rachando, acontecendo uma inédita, híper liberação de gases (ch4) que estavam retidos, ocasionando um aumento de carbono na atmosfera – é o maior fator de aquecimento
Sim, é preciso fazer uma análise séria.
Os governos estão conscientes e em novembro de 2015 as entidades climáticas vão se reunir em Paris e organizar atitudes, com a observação de que as secas e as inundações são a tônica das mudanças climáticas.
Enfim, há ligação entre as crises e os eventos extremos? A causa desses eventos é antrópica?
Dezenas de milhares de cientistas do mundo inteiro afirmam que sim.
Ver Palestra : http://www.crea-rj.org.br/blog/422015-palestra-gratuita-mudancas-climaticas-fatos-dados-e-a-visao-do-climate-reality-project/ encontrada também no “YOU TUBE”
Perfeita a abordagem no caso do DETRAN e Marimbondos. Parabéns pela coragem de expor um assunto q grande parte da mídia se omite em comentar, porquê será ? O primeiro marimbondo foi, com o ferrão um tanto desmoralizado, ai veio o segundo marimbondo………
>>>>>>> VAMOS QUE NUMA DESSAS ELES ERREM CONFORME A COISA QUE VAI FAZER….. CERTOS ERROS NAO TEM VOLTA… E O BAGULHO CONGELA TUDO
Estamos fritos. Só sei que nuca senti tanto calor/frio como agora… será que DV vai voltar a ser como era antes? Essa mudança foi horrível!
…esquenta não, a dificuldade é em função de sua idade avançada… com tempo(se ainda tiver rs) se acostuma com as novidades. O mundo é diferente hj, não é mesmo?
Verdades inconvenientes….
Deve ser manipulação encomendada. Falta descobrir o porquê disso.
Excelente coluna! Proposta meritória! Desperta a polêmica e, gera argumentos baseado em fatos. Não apenas informa, mas mobiliza.
Parabéns ao Diário do Vale pela iniciativa. Essa é a função do jornalismo sério, idôneo e parceiro da sociedade.
Qual será a frequência dessas publicações?
Parabéns pelo excelente trabalho do colunista. o aquecimento global não é mais ciência, é religião! Interessante notar que não vi esse assunto ser levantado por nenhum outro veículo de comunicação no Brasil. Para mim, é um caso clássico do jornalismo “progressista” e anti-capitalista vigente em nosso País. As pautas que “agregam” a essa ideologia são prioritárias, enquanto o contrário, como a refutação do aquecimento global, não prosperam…
O pessoal da NASA, assim como canais de TV norte-americanos como o History e Discovery, adora um sensacionalismo. Deixa a entender que o mundo está no limiar de uma hecatombe, de um apocalipse… Assim como na Guerra Fria, outro factóide forjado pelo governo ianque e alimentado pela mídia, esse evento é feito para criar vilões que devem ser combatidos por super-heróis (norte-americanos, invariavelmente)…
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