Os perigos do turismo espacial

by Diário do Vale
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Abertura prematura dos freios destruiu a nave

Jorge Luiz Calife

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Foram para o chão os planos do empresário Richard Branson de levar turistas para voos suborbitais em 2015. A nave Spaceship 2 se despedaçou em voo devido a abertura das pétalas do sistema de aerofrenagem. Segundo a Comissão de Segurança dos Transportes dos Estados Unidos, NTSB, a causa do desastre pode ter sido um erro do piloto ou uma falha no software, o programa que controla o funcionamento da nave. Antes de desastre havia uma fila de celebridades dispostas a pagar 250 mil dólares por um passeio até os 105 quilômetros de altura. Agora, muitos vão desistir da aventura.

Originalmente a nave suborbital devia ter iniciado seus voos com passageiros este ano. Mas, Branson e seu engenheiro chefe decidiram que eram necessários mais voos de teste. A medida evitou uma tragédia maior. No dia 31 de outubro, a nave se separou de sua nave mãe, o Cavaleiro Branco e acionou os motores em um teste de rotina. A bordo estavam o piloto Peter Siebold e o co-piloto Michael Alsbury. Treze segundos depois a nave abriu seus freios de ar, que só devem ser abertos na descida e foi destruída pelas forças aerodinâmicas.

Alsbury morreu, Siebold foi lançado no ar e conseguiu abrir seu paraquedas descendo no deserto de Mojave. A Spaceship 2 não tinha assentos ejetáveis e foi muita sorte Siebold ter escapado dos destroços em queda. Ele sofreu ferimentos graves e continua no hospital.

Há duas hipóteses para a causa do desastre. Siebold pode ter esbarrado acidentalmente na alavanca de liberação do freio. Ou pode ter havido uma falha no programa de voo.

De qualquer forma serão necessários meses para que a investigação termine. A empresa de Branson, Virgin Galactic, tem outra nave igual. Branson diz que será o primeiro a embarcar quando os voos puderem ser retomados. Mas seus planos de iniciar o turismo espacial em abril do ano que vem terão que ser adiados.

 

Ao espaço

 

A ideia de levar turistas ao espaço começou na década de 1980, quando a empresa Society Expeditions lançou um projeto de voos orbitais usando um novo tipo de espaçonave, a Phoenix E (Fênix E). A nave foi projetada pelo engenheiro Gary Hudson, mas era avançada demais para a época e nunca foi construída. Na mesma década a agência espacial americana Nasa iniciou um programa para levar pessoas comuns ao espaço. Artistas como Jane Fonda e John Denver se candidataram para passar uma semana em órbita da Terra.

O plano foi cancelado em 1986 quando a nave Challenger explodiu a 12 mil metros de altura, matando uma professora primária e seis astronautas de carreira. Na época o astronauta John Glenn, primeiro americano a orbitar a Terra, lembrou que o voo espacial envolve forças e velocidades muito altas e que sempre existe o risco de uma falha catastrófica.

Esse risco é minimizado com medidas de segurança. Os primeiros voos suborbitais americanos foram feitos com o avião foguete X-15 no início da década de 1960. O piloto do X-15 contava com um assento ejetável, paraquedas e um traje pressurizado, para o caso de falha na pressurização da cabine.

A Spaceship 2 não tem essas medidas de segurança extras. Os ocupantes não têm assentos ejetáveis e não usam o conhecido traje espacial. Se houver uma descompressão da cabine todos a bordo podem morrer de hipóxia ou de embolia devido a baixa pressão no limiar do espaço. A Nasa pagou um preço alto por não ter equipado seu ônibus espacial com uma cápsula de escape. Quatorze astronautas morreram nos acidentes com a Challenger e a Columbia. É preciso não esquecer que o sistema de propulsão de um foguete é uma explosão controlada. E basta uma falha em um tubo de alimentação para explodir com tudo.

A Boeing é mais cautelosa em seus projetos de turismo espacial. Sua nave tem sistema de escape em caso de explosão do foguete e todos os tripulantes usam roupas de pressão total como os astronautas do X-15.

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