Baixa vacinação de adultos preocupa médicos

by Diário do Vale
Cuidadosos: Idosos ainda são mais ativos com relação à imunização por meio de vacinas (Foto: Arquivo)

Cuidadosos: Idosos ainda são mais ativos com relação à imunização por meio de vacinas (Foto: Arquivo)

Barra Mansa e Volta Redonda – Uma tendência nacional com relação à vacinação se repete na região, em cidades como Barra Mansa e Volta Redonda. Uma pesquisa divulgada recentemente mostra que grande parte da população adulta não está em dia com a caderneta de vacinas. O levantamento mostra que 64% dessa população acha importante prevenir apenas crianças, principalmente se a doença for de menor incidência no país, como sarampo.

O descaso dos adultos vem preocupando médicos infectologistas. Eles afirmam que, sem a devida prevenção, algumas doenças podem voltar ao cotidiano da população. Recentemente no Ceará houve um surto de sarampo e a Secretaria Municipal de Saúde constatou que as crianças estavam imunizadas, ao contrário dos adultos. Outro fator preocupante entre os médicos são as doenças adquiridas durante viagens, comuns em algumas localidades do mundo, mas de pouca incidência no Brasil.

Em Volta Redonda, por exemplo, uma das vacinas menos procurada pelos adultos é a tríplice viral – que protege contra sarampo, rubéola e caxumba. Estas duas primeiras doenças, no entanto, são endêmicas em países europeus e tornam os adultos, sem proteção, um fator de risco para a saúde pública. A Coordenadora de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde de Barra Mansa, Marlene Fialho, confirmou esse comportamento dos adultos e ressaltou que em Volta Redonda essa população pouco procura o Sistema Único de Saúde para atualização da caderneta de vacinação.

A coordenadora de imunização afirmou ainda que nessa faixa etária, as pessoas se preocupam apenas com a vacinação em casos de emergência, como os casos que envolvem mordidas de cães. Outro fator que leva os adultos à imunização é quando ocorre surto de uma determinada doença, como aconteceu com a febre amarela, registrada em algumas localidades do país desde o ano passado ou nos casos de admissão para emprego.

A despreocupação com a vacinação adulta não é por falta de orientação, de acordo com as secretarias  de saúde dos municípios. Profissionais do setor de imunização garantem que as campanhas para incentivo a imunização de adultos ocorrem com frequência. Os municípios afirmam ainda que as unidades de saúde realizam orientação sobre a importância da prevenção também nesta faixa etária.

Em Volta Redonda a Secretaria Municipal garante que nas campanhas de multivacinação são disponibilizadas vacinas contra Hepatite B, Antitetânica, Tríplice Viral, Influenza e Febre Amarela. Em Barra Mansa, o setor de imunização ressaltou que as campanhas de incentivo a vacinação são constantes e que também ocorrem através das unidades de saúde.

Um bom exemplo é a administradora Maria das Dores de Alencar que confessou não ter o hábito de buscar informações sobre as vacinas disponibilizadas para a faixa etária dela. “Na verdade, nem me lembro quando fui vacinada pela última vez”, confessou a administradora, enfatizando no entanto que os dois filhos estão com as cadernetas de vacinação em dia.

De acordo com Barbara Duart, enfermeira e responsável em um hospital particular em Volta Redonda, o país vai muito bem em estrutura vacinal quando se fala nas crianças, mas em adultos é diferente. Estima-se que 65% dos adultos não estão vacinados.

– Durante muito tempo, as doenças infecciosas tornaram-se grandes inimigas do homem, mas por alguns anos elas chegaram a ter suas notificações reduzidas ou mesmo serem consideradas erradicadas. O Brasil vai muito bem em estrutura vacinal quando se fala nas crianças, mas em adultos é diferente. Existe uma lacuna grande entre o que é oferecido e o que é feito de fato. Hoje temos algumas vacinas somente disponíveis na rede privada. Porém, a vacinação no Brasil está em queda e vem preocupando o Ministério da Saúde – disse.

Ela explicou ainda sobre os riscos que a população enfrenta com a não vacinação dos adultos e frisou que a vacinação não apenas protege a pessoa vacinada, ela ajuda a comunidade como um todo evitando risco de surtos e epidemias de doenças.

– O indivíduo, independente da faixa etária, deve ser vacinado com frequência, entendendo que a vacinação não representa somente um ato de proteção individual, mas uma ação pelo coletivo. Precisamos de mais investimentos dos órgãos públicos para eliminação de doenças e interesse em novas pesquisas em saúde e disseminação das informações sobre vacinas. Imunizar um indivíduo de uma comunidade não significa que somente ele está livre da contaminação de determinada doença. Significa também que ele não irá contaminar qualquer outro membro. Ou seja, a vacinação não apenas protege a pessoa vacinada, ela ajuda a comunidade como um todo evitando risco de surtos e epidemias de doenças que podem ser fatais e se alastrar pelo mundo – comentou.

Barbara Duart citou as doenças que podem voltar a ter maior incidência por falta de imunização de adultos.

– Nessa virada de século, o Brasil viu reemergir uma doença que se imaginava definitivamente erradicada em nosso território, a febre amarela. Assim como essa moléstia, outras como a dengue, os sucessivos surtos no Brasil e em outros países mostram o que a doença é capaz de fazer a cada ano. Desde 2013, a cobertura de vacinação para doenças como caxumba, sarampo e rubéola vem caindo ano a ano em todo o país e ameaça criar bolsões de pessoas suscetíveis a doenças antigas, mas fatais – disse.

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3 comments

Povo 14 de novembro de 2017, 12:51h - 12:51

Não lembro de ter visto alguma campanha de vacinação para adultos além da campanha da febre amarela, até porque, houve a campanha depois de um surto e o gasto para tratar todos os doentes seria maior. A campanha de vacinação para adultos também deve ser estender no fim de semana, pois, quem trabalha não tem a disponibilidade de ir ao posto, enfrentar uma fila gigantesca e o mau humor das funcionárias durante a jornada de trabalho, que assim como eu, muitos fazem um horário de 7h às 17h, onde o posto ainda não abriu pela manhã, e no fim do expediente, o posto já fechou.
Se o governo quer realmente tratar do cidadão, antes que ele fale que a falta de interesse é do próprio cidadão, dê a condição para o mesmo ter acesso com facilidade aos postos de saúde e a vacinação.

VAI VENDO 14 de novembro de 2017, 00:09h - 00:09

Ouvi de um especialista em Administração Pública: se 1/3 das cidades cumprissem a burocracia este pais seria outro em eficiência.

VAI VENDO 14 de novembro de 2017, 00:04h - 00:04

Não corresponde a realidade a afirmação de que as unidades de saúde promovem as campanhas. Eu sei disso e vejam outra comprovação: ““Na verdade, nem me lembro quando fui vacinada pela última vez”, confessou a administradora, enfatizando no entanto que os dois filhos estão com as cadernetas de vacinação em dia.”

Mesmo ela indo na unidade de saúde levando os filhos foi alertada pelos agentes de saúde local que ela tbm tinha de tomar a vacina e atualizar a sua caderneta de saúde.

Isto é, a cidadã esteve dentro da unidade de saúde e não ficou sabendo da vacina de adulto.

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