Brasileiras que vivem no exterior relatam dia a dia em meio à crise

by Diário do Vale

Supermercados estão limitando a quantidade de insumos vendidos a população
(Foto: Julia Maria Vieira)

Sul Fluminense- A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) vem deixando a população mundial alarmada. No mapa divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) até a tarde desta segunda-feira (16), 148 países, áreas ou territórios possuem registro de casos da doença. Em quase todos esses países há brasileiros. Quatros delas, de Barra Mansa e Volta Redonda, conversaram com o DIÁRIO DO VALE e contaram como estão enfrentando a crise mundial de saúde.

Atualmente, o país, fora da China (onde começou a doença), que mais possui casos é a Itália. Sonia Regina Tomat, que é de Volta Redonda, vive atualmente na cidade de Tolmezzo, região Friuli Venezia Giulia, nas proximidades de Roma. Segundo ela, apenas supermercados e farmácias funcionam, mas com restrições no atendimento, e alguns serviços abrem por tempo restrito.

– Os contágios crescem a cada dia e se espalham por outras regiões, estamos realmente preocupados. Os meios de comunicação bombardeiam com informações de alerta e sobre a evolução. A medida é de isolamento parcial, saímos de casa para compras. Os mercados e farmácias atendem em média cinco pessoas por vez, já outros como bancos e postos de gasolina abrem cerca de duas vezes por semana, mas por poucas horas – relatou.

Sonia conta ainda que o marido está em outro país, e também tem enfrentado dificuldades diante da pandemia.

– Meu marido está no Marrocos, enfrentando também problemas sérios. Como disse todos nós estamos muito assustados, mas cada um tem a certeza de estar fazendo sua parte. Sabemos que é muito sério e devemos estar em casa – finalizou.

Na Alemanha

Até a tarde de desta segunda-feira, a Alemanha já havia confirmado um total de 6.012. De acordo com o Instituto Robert-Koch, especializado em combater epidemias, entre o domingo e a segunda-feira o registro no país foi de 1.174 novos casos confirmados. Dezesseis pessoas morreram.

Isabela de Mello Andrade mora na cidade de Wesel, no estado de Renânia do Norte-Vestfália, disse que os primeiros casos na sua região começaram no Carnaval.

– Na Alemanha temos inúmeros casos, o paciente zero aqui no estado foi uma pessoa que veio da Itália, ele estava infectado, mas não apresentava sintomas. Este paciente foi em uma festa de Carnaval, em um ambiente fechado com cerca de 300 pessoas, mas ele só começou a apresentar os sintomas depois. A partir da confirmação do caso dele, muitas das pessoas que estavam na festa foram contactadas e a maioria delas foram infectadas. A partir daí essas pessoas passaram para as famílias e as pessoas próximas – contou Isabela.

Ainda segundo ela, o seu estado é um dos que apresentam maior número de infectados na Alemanha.

– O meu estado os casos estão chegando a quase dois mil, na cidade atualmente são 86. Tudo começou há duas semanas, com apenas 16 infectados em toda a Alemanha. Nesse início os alertas eram básicos, apenas para lavar as mãos e alguns cuidados de higiene. As medidas mais drásticas foram tomadas só após o número disparar, e isso veio tarde. Só com quase dois mil casos que começaram a fechar a rede de ensino, com cerca de cinco mil que foram os bares, museus e locais públicos e agora que decidiram fechar tudo mesmo, deixando apenas mercados e serviços essenciais abertos. Acredito que até o final da semana vão decretar isolamento total, assim como foi feito na região da Bavaria – afirmou.

Isabela conta ainda que o maior medo, não só dela, mas das pessoas que convivem é com a questão do pânico instalado na população.

– Chegamos ao ponto de ir ao mercado e já perceber a falta de alimentos não perecíveis, quando há a reposição as pessoas já vão e compram em grande quantidade para estocar. Diante disso, os estabelecimentos estão limitando a compra por pessoa. O maior medo é isso, o pânico das pessoas. Outro ponto que é preocupante é com relação aos idosos, que são a população no grupo de risco e a Alemanha tem muitos idosos e o número de mortes pode aumentar com isso – relatou.

Estados Unidos

Nos Estados Unidos a venda de certos itens já está com venda restrita por pessoa.

– A população americana está bem dividida. Há aqueles que acham que não passa de uma gripe, e tem também aqueles que já estão em pânico. Já encontrei prateleiras vazias no supermercado, principalmente na área de higiene e limpeza. Diante deste cenário os estabelecimentos já começaram a limitar a venda por pessoa. Água, por exemplo, são apenas quatro galões por consumidor – contou a barramansense Julia Maria Vieira, que mora em Sarasota, na Flórida.

Segundo ela, por lá as unidades de ensino já estão fechadas e em alguns estados até restaurantes e bares não estão funcionando.

– Aqui nos Estados Unidos já existem mais de 3.000 casos confirmados. Eu e minha família estamos em quarentena voluntária, saindo só para o necessário, compramos um pouco mais de comida e água. Fechamos nosso negócio, que é uma escola de artes marciais, por uma semana. Tentamos sair apenas quando é extremamente necessário, para ir a mercado ou farmácia – destacou.

Ainda nos Estados Unidos, outra barramansense conversou com o DIÁRIO DO VALE. Alidane Souza Espíndola mora em Orlando, também no estado da Flórida, cidade conhecida mundialmente pelos parques temáticos.

– Todos os parques estão fechados, Disney, Universal e Sea World que são os principais parques de Orlando. Todos os eventos como shows, cinema, enfim tudo que possa ter mais que 50 pessoas foi suspenso temporariamente. As escolas já estão fechadas por causa do spring break (evento que tem como é festejar o fim do inverno e curtir a presença da primavera) que começou na quinta-feira passada, mas fomos notificados que será adicionado uma semana a mais para os alunos poderem ficar em casa e as escolas serem higienizadas, a fim de evitar contaminações e propagação do vírus, podendo se estender mais conforme necessidade e evolução dos casos – explicou.

Outro ponto destacado por Alidane é com relação aos atendimentos hospitalares, segundo ela, as unidades estão montando tendas para triagem dos pacientes que chegam com os sintomas.

– Ainda não temos nota oficial, meu cunhado trabalha em um hospital e lá ele recebeu uma notificação de que em alguns dias pode acontecer um ‘lockdown’, ou seja, uma espécie de quarentena, onde as pessoas não poderão sair de casa por pelo menos duas semanas podendo se estender para mais dias, dependendo de como vai evoluir tudo isso e ainda estão estudando uma estratégia de como serão liberadas as pessoas caso precise sair de casa para comprar mais alguma coisa. Então não sabemos como irá proceder nos próximos dias – finalizou.

Por Amanda Teixeira 

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1 comment

Francisco 17 de março de 2020, 10:43h - 10:43

Aqui em Nova Iorque, estamos em semi pânico, produtos de higiene totalmente esgotados em grandes supermercados, quando chega se formam filas enormes, farmácia já não se encontra mais higienizadores e remédios de gripe, escolas fechadas, ruas vazias, empregos já sendo cancelados.
Aqui é um País onde só se paga quando trabalha, ou seja, ficando em casa não se recebe, em breve teremos um grande impacto na economia mundial com esse vírus.

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