Defesa Civil se prepara para período de alerta

by Diário do Vale
Chuvas em bm- Franciele Bueno (7)

Alagada: Em Barra Mansa, bairro Nova Esperança sempre é prejudicado quando ocorrem fortes chuvas

Sul Fluminense – Após um longo de período de seca e crise hídrica, parece que a época de chuvas finalmente chegou. Com ela, porém, voltam a acontecer transtornos como alagamentos, deslizamentos de terra, enchentes. No último fim de semana, devido às fortes chuvas, incidentes desse tipo foram registrados nas cidades da região.
No momento da emergência, a Defesa Civil de cada município tem a responsabilidade de atuar, a partir das chamadas por telefone. Mas, o papel principal do órgão é prevenir essas ocorrências, realizando, ao longo do ano, monitoramento de áreas de risco, orientação à população, entre outras atividades preventivas.
“O trabalho preventivo é a missão principal da Defesa Civil”. Esse é o pensamento do coordenador da Defesa Civil de Barra Mansa, Manoel Carlos Souza da Silva. Para ele, não se eliminam causas sem prevenção.
– Isso acontece durante a estiagem, quando se registram poucas ocorrências. No período de chuvas, continuamos esse trabalho preventivo, reforçando a conscientização da população para as medidas aplicadas, investindo em mídia, imprensa regional, panfletos, informação, em geral – disse.
De acordo com o coordenador, o objetivo do trabalho é criar um sistema, dentro do estado de alerta, que gere uma resposta o mais imediata possível, diante de um chamado de emergência. Para isso, a Defesa Civil conta com o envolvimento de secretarias e pessoas que, segundo ele, possuem poder decisório – para evitar que as soluções necessárias tenham que aguardar.
A preparação para o período de alerta de chuvas em Barra Mansa passa pela conscientização, divulgação, teste e garantia do funcionamento dos alarmes, monitoramento de rios e do tempo. Para que todo esse esquema tenha sucesso, porém, o coordenador lembra a importância da participação popular.
– As pessoas precisam entender que as ações da Defesa Civil competem a todos. É um trabalho conjunto. Quem pratica atos de risco, como escavações nesse período, por exemplo, pode prejudicar não só a si mesmo, mas também a vizinhança, além do patrimônio público – ressaltou Silva.
Um alerta da Defesa Civil de Barra Mansa para a população é que se evitem, durante o período de alerta, os chamados atos de risco, como cortes de terra, escavações e até a colocação de lixo fora dos horários de coleta.
– Os órgãos públicos não vão até um determinado local intimidar ninguém, mas no sentido de orientar sobre a forma correta de agir e cada caso. Lembramos sempre que as pessoas evitem deixar o lixo para fora quando não estiver para ser recolhido. Se chover, esse lixo é carregado e acaba obstruindo bueiros e causando alagamentos – citou o coordenador.
Para Silva, os estragos já causados este ano também têm relação com o longo período de estiagem. E a expectativa é que, ainda em decorrência desse fator, mais danos sejam verificados até o fim de março.
– Como ficou muito tempo sem chover, os caminhos de escoamento da água ficaram prejudicados, a terra ficou muito seca, o que dificulta a absorção. Tudo isso é agravado pela ação humana, que ainda é a grande causadora dos desastres – avaliou.
Com o objetivo de se construir uma mentalidade diferente e mudança de postura, a Defesa Civil de Barra Mansa e outros órgãos municipais, como Polícia Militar e Guarda Municipal, realizam trabalho informativo nas escolas.
– Acredito que, a médio e longo prazo, poderemos observar uma melhora na educação, que é tão importante – concluiu.

Resende

Em Resende, há uma atenção especial sobre o rio Sesmaria, que vem do município de São José do Barreiro (SP) e deságua no Paraíba do Sul. Por ter margem estreita, ele pode transbordar facilmente, em caso de uma grande quantidade de chuva. Por isso, de acordo com o coordenador da Defesa Civil de Resende, Atanagildo Oliveira, um trabalho de prevenção é realizado entre os meses de abril e outubro, com limpeza das margens e embaixo das pontes.
– Ficamos observando a cidade de São José do Barreiro. Quando começa a chover por lá, demora de quatro a cinco horas para chegar até aqui. Então, temos tempo de nos preparar e alertar a população que vive próximo ao rio – explicou Oliveira, lembrando que a construção de um muro de contenção, em 2010, corrigiu a calha do rio e tem evitado transbordamentos.
No mesmo ano, segundo o coordenador, foi feito um mapeamento das áreas de risco existentes na cidade. Desde então, a Defesa Civil vem monitorando e atualizando esta listagem. Assim, com os pontos de atenção já demarcados, é mais fácil atuar na prevenção e também na emergência.
– Até o fim de março, quando termina o período das chuvas, estaremos de plantão 24 horas por dia, monitorando esses locais – acrescentou.
Oliveira informou ainda que, quando a chuva é intensa e o volume de água muito grande – assim como ocorreu no último domingo – é comum as ruas ficarem bastante alagadas.
– Isso acontece devido à incapacidade de os bueiros escoarem toda a água que cai em um período de tempo muito rápido. Percebemos que, logo que a chuva para, a água escoa rapidamente – completou.
A Defesa Civil de Resende atua, durante o ano, com trabalho de orientação à população, por meio de parcerias com as associações de moradores, promovendo reuniões, palestras e divulgando o trabalho preventivo.
– Fazemos a nossa parte e contamos com a população para colaborar com o nosso trabalho – ressaltou.

De olho: Nível do Rio Sesmaria, em Resende, está sendo monitorado diariamente por agentes da prefeitura

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Volta Redonda

De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Volta Redonda, Rubens Siqueira, foi realizado durante o ano, o reconhecimento das chamadas áreas vulneráveis do município. São locais que apresentam ocupações irregulares ou posses, retirada de terra ou escavações ilegais, aterros irregulares e outros pontos que apresentam riscos de deslizamento de terra, principalmente.
– Esses locais estão sendo frequentemente monitorados pela Defesa Civil, a fim de se evitar toda ação de risco – afirmou o coordenador.
Ele explicou ainda que o órgão vem realizando um grande trabalho de prevenção e conscientização da população, numa parceria com secretarias e órgãos públicos e os centros universitários da cidade. Segundo Siqueira, em abril deste ano, quando se encerrou o último período de alerta, a Defesa Civil recomeçou o trabalho de vistorias – sendo 78% delas de caráter preventivo.
– Este ano, o período de chuvas começou mais cedo. Em novembro choveu 85% a mais do que o mesmo mês em 2014. De 1º de novembro, quando demos início ao período de alerta, até hoje, registramos 230 ocorrências. Embora algumas tenham sido de emergência, a maioria foi ações preventivas – reforçou, acrescentando que, mesmo durante período de estiagem, o rio Paraíba do Sul e a Represa do Funil são constantemente monitorados pela Defesa Civil.
O coordenador afirmou que, em mais de 20 anos de trabalho, já constatou tanto o investimento pesado em ações de segurança, por parte da prefeitura, quanto uma mudança de postura da população. Desde 1997, segundo Siqueira, o município aumentou os investimentos em obras de segurança pública, como contenção, saneamento, pavimentação, iluminação, além de revisão e modernização do Plano de Contingência de Volta Redonda.
– E a população zela pelo trabalho da prefeitura. É fundamental essa resposta em um sistema em que as pessoas podem opinar e reivindicar melhorias. Neste tempo de serviço, vi melhorar muito o trabalho de educação e conscientização da população, neste sentido. Afinal, estamos lidando com vidas – disse.
Para  período de alerta deste ano, que já começou bem chuvoso, a expectativa do coordenador não é diferente dos anos anteriores. Para Siqueira, a Defesa Civil se faz com equipes na rua, trabalhando o tempo todo.
– Mesmo que a previsão indique pouca chuva, devemos manter o senso de responsabilidade e comportamento seguro até 31 de março. A possibilidade de chover todo dia, principalmente no fim da tarde, existe e para isso, temos que estar preparados – finalizou.

Angra dos Reis

A Secretaria Municipal de Defesa Civil de Angra dos Reis divide o ano em dois períodos: o de normalidade e o de anormalidade. De acordo com o secretário, Marco Oliveira, a chegada da época de chuvas marca o início do segundo período. Para encarar essa anormalidade, ao longo do ano, o município se prepara realizando palestras e treinamentos, principalmente, por meio dos Núcleos de Proteção e Defesa Civil (Nupdec).
– Promovemos cursos de capacitação de voluntários, ensinando primeiros socorros, identificação de áreas de risco, sistemas de alerta e alarme, como interpretar sirenes, por exemplo. Por meio desses treinamentos, as pessoas aprendem como agir num momento de emergência – explicou Oliveira.
Além dos Nupdec, a Defesa Civil realiza um trabalho de campo, indo de porta e porta, distribuindo panfletos e ouvindo a população – registrando queixas e pedidos. Segundo o secretário, 2015 foi um ano de intenso trabalho de prevenção. O momento, agora, é de por em prática toda a preparação.
Em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Defesa Civil preparou um projeto de educação de prevenção a ser implantado nas escolas de Angra. O objetivo é iniciar o trabalho de conscientização o quanto antes, já na infância.
– O projeto está pronto e, a partir do início do novo ano letivo, o projeto começará a ser implantado nas escolas. A Defesa Civil nos permite falar de geografia, biologia, física, enfim, educação. Vai ser um grande ganho para Angra – adiantou o secretário, falando da ideia posterior de levar o projeto para outras cidades.
Citando pesquisas meteorológicas, Oliveira lembrou que o fenômeno El Niño foi considerado em 2015 o mais intenso dos últimos anos, acumulando expressivo volume de água. Com base nisso, a Defesa Civil está preparada para um verão muito chuvoso.
– Em Angra costuma chover quase como na Amazônia. Por isso, estamos em alerta máximo, preparados para o pior. Aumentamos o número de torpedos de sinalização e temos as sirenes funcionando perfeitamente. Temos equipes monitorando o clima 24 horas por dia e uma estrutura pronta e preparada para qualquer ocorrência – garantiu o secretário.

Queda de barreira causa transtornos na Dutra

Na noite do último domingo, dia 13, a queda de uma barreira de terra no km 278 da Via Dutra, no distrito de Floriano, em Barra Mansa, causou transtornos. A pista sentido São Paulo – Rio de Janeiro teve que ser interditada entre os km 278 e 292, causando congestionamento e 21quilômetros de lentidão. Além disso, um ônibus fretado, de Belford Roxo, foi atingido pelo deslizamento, ferindo seis pessoas.
Em nota, a CCR NovaDutra, que administra a rodovia, informou que realiza, periodicamente, o trabalho de monitoramento dos taludes e encostas no entorno da Rodovia Presidente Dutra. Segundo a nota, os trabalhos são efetuados pela equipe de engenharia da Concessionária que faz a vistoria das encostas ao longo da rodovia, a fim de prevenir a queda de barreiras.
– A região de Barra Mansa possui trechos rochosos com paredes altas e íngremes que já receberam serviços de reforço e manutenção dos taludes, com a limpeza de encostas, contenção com grampos injetados e concreto projetado e também a instalação de telas grampeadas. Canaletas também foram construídas em alguns trechos para o direcionamento das águas para o sistema de drenagem da rodovia. Desde o início da concessão, foram realizados serviços e obras de contenção de encostas em 440 pontos da Via Dutra – diz um trecho da nota. E conclui: “Nos períodos de chuva, a Concessionária realiza campanhas de alerta para os motoristas por meio da CCRFM 107,5 e com informações nos Painéis de Mensagem Variável (PMV) instalados ao longo da rodovia”.

 

Por Clarissa Coli
(Especial para o DIÁRIO DO VALE)

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