Barra Mansa – No dia 1º de dezembro foi celebrado o Dia Mundial de Combate à Aids, data que completou 30 anos de criação, e que neste ano serviu ainda para chamar a atenção sobre a transmissão de outras doenças. Entre elas, o HPV e a Sífilis, que também podem ser evitadas com o uso do preservativo.
Dados epidemiológicos divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que, hoje, 827 mil pessoas vivem com Aids no Brasil, onde são registrados 41,1 mil novos casos por ano. Recentemente, o ministério também afirmou o aumento da Sífilis, que passou de 1.249 casos em 2010 para cerca de 65 mil em 2015, um aumento de 5.000%, e no último dia 27 um novo estudo chamou atenção para os casos de HPV.
Atualmente, mais da metade da população brasileira jovem, de 16 a 25 anos, está infectada com o HPV, vírus causador do câncer de colo de útero e de outros tipos de tumor.
– São números e dados assustadores porque todas essas doenças podem ser evitadas com o uso do preservativo, que nos últimos anos vem sendo ignorado, principalmente pelo público jovem. Somado a isso, ainda temos a multiplicidade de parceiros que muitos desses jovens mantêm e o uso abusivo de drogas e álcool, que acabam contribuindo para a falta de consciência e cuidado para um sexo seguro – destaca o coordenador médico do Programa DST/Aids da Secretaria de Saúde de Barra Mansa, Alberto Aldet.
De acordo com o médico, alertar sobre doenças sexualmente transmissíveis, tanto neste 1º de dezembro, como durante todo o ano, deve ser uma luta permanente das autoridades da área de saúde. Isso porque, segundo ele, a população tem uma noção maior sobre o risco da Aids, mas muitos ainda desconhecem as graves consequência de doenças como o HPV e a Sífilis, que também podem levar a morte.
– A população está se descuidando e, com isso, temos aí a explosão dessas doenças. No caso da Sífilis, se a doença já estiver na fase terciária da doença, ela pode comprometer seriamente o sistema nervoso central, levando o paciente a doenças neurológicas, como quadros de demência, manifestações auditivas, oculares, e ainda manifestações cardíacas e ósseas. Já o HPV pode chegar a consequência de um câncer de colo de útero, nas mulheres, e de câncer de pênis, no público masculino – explicou o médico.
Novos pacientes
Conforme destaca Aldet, com relação aos casos de Aids o setor continua recebendo novos pacientes durante todo o mês e, em média, dois novos pacientes são notificados a casa semana. Atualmente são cerca de 700 pacientes em tratamento no município, mas o médico prevê que esse número seja ainda maior, pois muitos portadores da doença não tem conhecimento e não buscam tratamento.
– Por isso sempre destacamos a importância dos testes de HIV, em caso de relações de risco. Hoje em dia o tratamento e os medicamentos direcionados ao tratamento dos portadores de Aids evoluíram e tiveram redução em seus efeitos colaterais. Antigamente o paciente tomava um coquetel de 15 comprimidos e hoje só toma dois. Quem faz o acompanhamento de forma adequada não morre por Aias e prova disso é que temos pacientes que estão em tratamento há 25 anos e com qualidade de vida – comentou o médico, ao afirmar que somente neste ano, o município registrou dez óbitos pela doença.
HPV na população jovem
Para chegar a conclusão de que metade da população brasileira jovem está infectada, os pesquisadores do Ministério da Saúde entrevistaram 7.586 pessoas, das quais 2.669 foram submetidas ao teste de HPV. A partir dos exames, a prevalência estimada do vírus foi de 54,6 % da população dessa faixa etária. Deste grupo, 38,4 % apresentam tipos de HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer.
De acordo com o ministério, é a primeira vez que um estudo estima a prevalência do vírus na população brasileira O dado é importante, afirma a pasta, para medir o impacto da imunização daqui a alguns anos. A vacina contra a doença está disponível para meninas de 9 a 14 anos.
Neste ano, o imunizante também ficou disponível para meninos de 11 a 14 anos., mas, embora o imunizante seja gratuito e esteja disponível em todos os postos de saúde do País, o governo federal tem tido dificuldades de alcançar a cobertura vacinal ideal. Nos últimos anos, a taxa de adesão tem ficado em 50%
Senado aprova Campanha ‘Dezembro Vermelho’
O Dia Mundial de Luta Contra a Aids é 1º de dezembro, mas o mês inteiro poderá ser dedicado a atividades direcionadas ao enfrentamento do HIV/Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). É o que prevê o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 60/2017, aprovado pelo Senado no dia 18 de novembro, O projeto vai à sanção presidencial.
De autoria da deputada federal Erika Kokay (PT-DF), a proposta cria o Dezembro Vermelho, movimento dedicado à prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com o vírus da Aids. O texto prevê ainda a iluminação de prédios públicos com luz vermelha, a realização de palestras e atividades educativas, a veiculação de campanhas na mídia e a promoção de eventos para alertar a população sobre os riscos de se contrair essas doenças.
A mobilização em torno do Dezembro Vermelho deverá se apoiar em parcerias entre o poder público, sociedade civil e organismos internacionais, obedecendo às diretrizes traçadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para enfrentamento da Aids e DSTs.
A relatora da proposta na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), destacou a importância de, no ano em que se comemora 30 anos de criação do Dia Mundial de Luta contra a Aids, se intensificar as ações de prevenção e combate ao HIV, com o objetivo de reduzir sua incidência em todos os segmentos populacionais e em todo o território nacional.