Dia de São Jorge reúne devotos em Volta Redonda

by Diário do Vale
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Devotos de toda a região se concentraram na igreja que leva o nome do santo no Jardim Ponte Alta, em Volta Redonda.
(Foto: Libânia Nogueira)

Volta Redonda – O Dia de São Jorge, celebrado neste sábado, 23 de abril, foi marcado por extensa programação no templo da  Igreja Católica Apostólica Brasileira (Icab) que leva o nome do santo no Jardim Ponte Alta, em Volta Redonda. Devotos de toda a região participaram das missas, carreata e procissão que acontecem desde 2008, sob o comando do padre Rodnei Francisco da Silva. A organização da festa religiosa, segundo ele, conta com uma equipe de 60 voluntários. Ao longo das missas centenas de fiéis participaram e a procissão contou com cerca de duas mil pessoas.

A Igreja de São Jorge existe no bairro Jardim Ponte Alta há 12 anos e é a única da região que tem o santo como padroeiro. Segundo o padre, por esse motivo há presença de devotos de cidades como Barra Mansa, Barra do Piraí, Piraí, Resende e Valença. Ele afirmou que a comemoração segue a mesma programação todos os anos e tem início com missa às 6h. E, apesar do horário, cerca de 800 pessoas estiveram presentes este ano na primeira homenagem a São Jorge.  A igreja Católica Apostólica Brasileira é separada da Igreja Católica Apostólica Romana.

A devoção ao conhecido “santo guerreiro” no Brasil, na avaliação do padre, só fica atrás, de Nossa Senhora de Aparecida no Brasil. Segundo ele, muitos que não têm costume de frequentar a igreja vão rigorosamente nesta data.

– A coragem e determinação características de São Jorge representam o povo brasileiro e acredito que a isso se deve tanta devoção. O povo aqui é muito sofrido, passa por dificuldade, e essa fé em um santo guerreiro é o que dá esperança. A crença que abaixo de Deus, a esperança está em São Jorge é o que faz essas pessoas acreditarem em uma vida melhor, na base da fé – avaliou Rodnei.

A católica Imirene Gonçalves de Oliveira, dedicou os últimos 14 anos à devoção a São Jorge. Hoje, aos 77 anos, ela conta que já não tem muita disposição para “pegar no pesado”, mas todo ano ajuda como operária, a fim de que a homenagem aconteça da melhor forma.

– Antes dessa igreja existir eu ia em uma outra como devota dele. Admiro muito São Jorge, a história dele é linda, de muita garra e eu sempre veio agradecer a ele por tudo. Desde que começou a festa eu participo da organização, para ajudar. Fico muito feliz em poder fazer alguma coisa em homenagem a São Jorge – disse.

Assim que acaba a festa, a organização se reúne para pensar na festa do próximo ano, levando em consideração os pontos positivos e negativos, para que possam melhorar. “A gente passa o ano todo esperando por essa data, como quem espera o Carnaval”, brincou o padre Rodnei, que observou a diferença de público hoje em dia para quando iniciou as celebrações.

– O número de pessoas hoje envolvidas na organização é o número de fiéis que participavam das missas quando começamos. É muito gratificante ver um público que lota essa igreja e fez a gente expandir para comportar todo mundo. Ao final, sinto uma sensação de dever cumprido – contou.

São Jorge é sincretizado com Ogum na Umbanda

O DIÁRIO DO VALE conversou também com o sacerdote de umbanda Sid Soares Elias, do Centro Espírita Nossa Senhora da Guia, situado no bairro Beatriz Gama. Assim como na religião católica, a celebração em homenagem a São Jorge também acontece no dia 23 abril, que para os umbandistas, ele era um filho do orixá Ogum. “Ogum é a vibração divina da Lei e da Ordem. Na Umbanda celebramos com a Alvorada de Ogum, oferecemos a divindade suas comidas próprias, como a feijoada, o paliteiro, mas isso depende muito de cada casa ou sacerdote”, explicou Sid.

A assimilação feita entre São Jorge e Ogum se deve ao sincretismo da Umbanda, uma vez que no passado os escravos não podiam cultuar seus orixás e essa foi uma maneira de poder manter a devoção, sem sofrer intolerância por parte de católicos na época.  “Os escravos escondiam dentro de imagens de santos os seus otás, ou os fundamentos e representações de seus orixás e ancestrais e por assimilação sincretizaram os orixás”, detalhou o sacerdote explicando que os santos sincretizados com orixás são aquele que têm características comuns com as divindades africanas.

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União: Sacerdote umbandista acredita que o sincretismo entre São Jorge e Ogum ajuda a superar preconceitos.
(Foto: Cedida por Sid Soares)

A Umbanda é uma religião monoteísta, que crê em um único Deus; as vibrações divinas são chamadas de orixás. Segundo Sid Soares, o amor pelo orixá Ogum é o mesmo atribuído a São Jorge, a partir da crença que o sentimento derruba barreiras de preconceitos e intolerância, principalmente no dia dedicado a homenageá-lo. Ele afirmou ainda que muitos católicos vão até os terreiros, assim como muitos umbandistas acompanham as procissões e romarias.

– Vejo como positiva a assimilação de Ogum e São Jorge. A Umbanda é uma religião tipicamente brasileira e traz em sua gênese ritos católicos, indígenas e afros, além de uma visão kardecista. Hoje sabemos que o Brasil é miscigenado, é a mistura de tantos povos que fez essa nação, e a Umbanda em sua atuação religiosa é reflexo vivo dessa nação – avaliou.

Quanto à intolerância ainda existente no país, como é visto em casos de terreiros que são destruídos, o sacerdote umbandista espera por mais respeito e não só à religião, mas à diversidade humana como um todo. “Infelizmente há uma massificação político-religiosa que fomenta um discurso preconceituoso e intransigente”, opinou.

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4 comments

Jeferson 25 de abril de 2016, 12:34h - 12:34

Realmente Rodrigo, a desobediência à palavra Dele é tamanha que muitos dos que se dizem fiéis ficam pregando a intolerância e desrespeito aos irmãos de outras crenças, principalmente pelas redes sociais, de uma forma covarde e perversa. Estes “pregadores” esquecem que o próprio Deus disse pra amarmos a todos sem distinção, bem como das palavras de Cristo quando disse pros algozes de Madalena atirarem a primeira pedra se não tivessem pecado. Enfim, penso que se Jesus viesse à Terra novamente seria apedrejado, acorrentado, crucificado etc; e isto tudo aconteceria pela mão das próprias “ovelhas” que se dizem fiéis à Palavra. O problema, Rodrigo, é que as pessoas confundem liberdade de expressão com desrespeito à integridade dos demais. E pra casos assim que costumo ajuizar algumas ações judiciais… tem gente que só aprende quando dói no bolso!

gilberto 25 de abril de 2016, 16:38h - 16:38

Perfeito. Há certas crenças q seus seguidores se acham dono da verdade isso certamente, induzidos pelos seus “doutrinadores” q na maioria das vezes pregam o ódio contra outras religiões, principalmente as de matrizes africanas

semhipocresia 25 de abril de 2016, 09:37h - 09:37

São pensamentos como o vosso, que fazem desse país um intolerante lugar de se viver.
se nao gosta, nao aceita, respeite, e guarde pra si, pq se nao sabemos lidar com as diferenças, é melhor que fiquemos calados, temos todos a liberdade de fazer, falar e pensar. Nao somos obrigados a concordar com as adversidades, mas isso nao nos da o direito de julgamento.
pq aos olhos de Deus somos todo iguais.
e ainda assim que Deus o abençoe irmão em Cristo.

Rodrigo 25 de abril de 2016, 07:35h - 07:35

A idolatria nesse país, é imensa, não há como Deus agir nesse Brasil, a desobediência à Sua palavra, impede que essa nação tenha prosperidade.

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