Paraty – A exposição ‘Pulsar – A arte plural de Patrícia Gibrail’, em cartaz na Casa da Cultura de Paraty até 6 de abril de 2025, celebra três décadas da trajetória de uma artista que transforma emoção em poesia visual e silêncio em diálogo criativo. Com mais de 30 obras, entre pinturas, esculturas e instalações, a mostra convida os visitantes a sentir, mais do que observar, uma arte que pulsa, transforma e transcende
Formada em desenho industrial, Patrícia Gibrail iniciou sua carreira na criação de estampas têxteis e atuou em cenografia e figurinos antes de consolidar sua identidade artística em Paraty, cidade onde nasceu e escolheu viver desde 2000. Essas experiências variadas foram fundamentais para moldar sua linguagem múltipla, que transita entre intuição e técnica, razão e emoção. Suas telas são marcadas por cores que nunca são puras, mas sempre mescladas, e por grafismos complexos que desvendam nuances e camadas de significado.
A exposição está organizada em duas salas, permitindo ao público explorar diferentes facetas da arte de Patrícia. A primeira sala é um mergulho na pluralidade de sua produção, com pinturas e esculturas que dialogam entre si e com o espectador. Já o segundo espaço, dedicado aos corações de cerâmica, apresenta seu trabalho mais recente, marcado por uma perda pessoal. Para elaborar o luto, a artista começou a desenhar e moldar corações como forma de lidar com a ausência e reencontrar o pulsar da vida.
Entre o silêncio e as batidas do coração
Esses corações, esculpidos em cerâmica, possuem camadas de significado: nunca estão vazios. São plenos, carregados de força, vulnerabilidade e simbolismos. A sala é ambientada pelo som das batidas de um coração, criando uma experiência sensorial que ressoa de maneira íntima no visitante, sugerindo uma reflexão sobre a fragilidade e a intensidade da existência.
Outro elemento que permeia o trabalho da artista são as asas, metáforas da liberdade criativa, da imaginação e do desejo de transcendência. Patrícia encontra inspiração na natureza, na espiritualidade e em suas próprias vivências, que se refletem em sua arte de forma visceral. Sua casa-ateliê, com um jardim que é quase um santuário, também é parte integrante desse processo criativo, como um espaço de conexão e contemplação que alimenta sua produção.
Patrícia vive uma percepção única do mundo. A perda progressiva da audição, na vida adulta, intensificou a relação com os sentidos táteis e visuais, permitindo uma escuta mais apurada do silêncio e uma interação sensorial ainda mais profunda com o ambiente ao seu redor. Para ela, a arte é uma forma de pulsar com o mundo, de transformar experiências em algo que conecta as pessoas e cria novos significados.
Além de artista plástica, Patrícia Gibrail é uma das curadoras da Casa da Cultura de Paraty. Esse papel tornou o processo de seleção das obras para a exposição ainda mais especial e desafiador. A mostra representa um marco em sua carreira, por ser sua primeira individual após participar de diversas coletivas. “A Casa da Cultura foi minha grande escola de arte. Expor aqui é um desafio e uma realização, pois é um espaço também afetivo para mim”, comenta Patrícia.

Foto: Divulgação
Telas de Patrícia Gilbran são marcadas por cores mescladas e por grafismos complexos