Hospitais do Sul Fluminense lotam com suspeitas de dengue

by Diário do Vale
Crescimento da doença: Hospital Munir Rafful, no Retiro, tem recebido um grande número de pacientes com suspeita de dengue  (Foto: Thais Fraga)

Crescimento da doença: Hospital Munir Rafful, no Retiro, tem recebido um grande número de pacientes com suspeita de dengue (Foto: Thais Fraga)

Sul Fluminense  –

Hospitais da região estão ficando lotados por conta do aumento no número de casos da dengue no Sul do Estado. Em Volta Redonda, por exemplo, o Hospital São João Batista já registrou 460 casos suspeitos só neste mês, tendo uma média de 17 pessoas atendidas por dia com sintomas da doença. Já no Hospital Munir Rafful, no bairro Retiro, a média de atendimento por dia cresceu de 220, para 350 pessoas. Resende, que enfrenta uma epidemia desde o início do ano, só em abril foram 258 casos suspeitos, com 178 confirmados até o último dia 24; enquanto Barra Mansa foram 294 suspeitas, com 104 casos atestados.

E esses números acabam sendo traduzidos na busca por atendimentos nos hospitais dessas cidades. A coordenadora de Enfermagem, Rosemere Herdy, responsável pelo setor no Hospital Munir Rafful, o número de pessoas aumentou significativamente.

– O número de suspeitas aumentou muito. Nosso número de atendimentos diários gira em torno de 220 a 250 pacientes. Com esse aumento de pacientes com sintomas da dengue, a gente tem atendido, em média, 350 pessoas por dia – informou.

Já em Barra Mansa, segundo informações da prefeitura, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Centro tem atendido, em média, 35 pessoas por dia com sintomas da dengue. Sendo que o maior número de casos ocorre nos bairros da Região Leste, mas há registro de pessoas infectadas na Vila Nova, Colônia Santo Antônio, Siderlândia e Centro.

Cidades em estado de alerta

De acordo com a classificação do LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti), o índice de infestação de até 1% é considerado satisfatório. De 1% a 3,9%, já é considerado estado de alerta. Acima de 3,9% o índice aponta uma situação de risco.

Na última segunda-feira, a Secretaria de Saúde de Volta Redonda, através do setor de Epidemiologia, colocou o município em estado de alerta. A medida aconteceu depois do levantamento que apontou 1.929 notificações da doença, com 403 casos positivos. Números considerados preocupantes, em função do aumento constante dos casos notificados e confirmados nas últimas três semanas. Só na cidade o grau de infestação é de 2,6% – percentual considerado de médio risco.

O maior foco de infestações continua dentro das residências, com 35% dos criadouros do Aedes aegypti foram detectados em pratos e vasos de plantas, além de bebedouros de animais.

Em Resende, apesar do combate ao mosquito, os casos também aumentaram nos últimos meses. Segundo a prefeitura, através de sua assessoria de imprensa, o Hospital de Emergência tem atendido, em média, 300 pessoas por dia, sendo que os pacientes com dengue representam até 15% desse número. Ainda de acordo com a prefeitura, o bairro Cidade Alegria é o local que registra o maior grau de infestação.

O último LIRAa realizado em Barra Mansa foi no mês de março, e constatou que a cidade apresenta classificação de médio risco (1,7%). O levantamento apontou que a maior incidência de criadouros está concentrada em recipientes que acumulam água e no lixo.

Hospitais cheios e demora nos atendimentos

E o grande número de casos suspeito acaba afetando os atendimentos nos hospitais. O DIÁRIO DO VALE conversou com alguns pacientes que aguardavam ser atendidos nas unidades de saúde da região.

A aposentada Nilza Souza, que na manhã de ontem aguardava um procedimento cirúrgico na Santa Casa de Barra Mansa, reclamou da demora e decidiu esperar do lado de fora do hospital.

– Está muito lotado. Quando eu cheguei, a atendente disse: “Vai demorar bastante”, aí eu vim aqui para fora esperar atendimento – comentou.

E até pacientes que estão com a suspeita da doença têm tido que esperar por algumas horas.

– Eu estava com todos os sintomas, vim aqui e fiz o exame que constou suspeita de dengue. Agora estou esperando o resultado para saber se realmente é, disseram que demora muito, porque a demanda é muito grande – afirmou o aposentado Célio Ferreira, que ao lado da filha, aguardava há três horas o resultado de seu exame.

– Foi confirmado que estou com dengue há uma semana, agora estou esperando o resultado dos outros exames. Cheguei aqui às 8h da manhã, e estou esperando até agora (11h) – disse a dona de casa Elizabete Nunes, moradora do bairro Boa Sorte, que informou que pelo menos mais três pessoas de sua rua contraíram a doença.

No Hospital Munir Rafful, a fila de pessoas com suspeita de dengue também era grande. A dona de casa Maria Irene da Silva, de 72 anos, estava há uma hora, esperando em pé para ser atendida.

– A enfermeira me disse que ia tentar me passar na frente, porque realmente está muito lotado – desabafou.

Prefeituras estipulam
estratégias de combate

Em Volta Redonda, a Secretaria de Saúde, através do setor de Epidemiologia, montou um plano de contingência voltado a três linhas de atuações: Assistência, Controle do Vetor e Mobilização Social. As ações do plano são monitoradas pelo Comitê Técnico da Dengue, constituído por representantes de setores estratégicos da Saúde, que se reúnem semanalmente.

Barra Mansa criou no último dia 16, o comitê intersetorial de Controle da Dengue. O grupo conta com o apoio das secretarias de Saúde, Educação, Governo, Ordem Pública, além do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e da Susesp (Superintendência de Obras e Serviços Públicos) e visa realizar uma série de ações que tem como objetivo combater os focos do mosquito transmissor da dengue, principalmente nos que registram mais casos da doença.

Já em Resende, a prefeitura montou uma grande estrutura para fortalecer as medidas de prevenção e de assistência médica da cidade. A secretaria de Saúde aumentou o número de profissionais nas unidades, ampliou a distribuição de medicamentos e o acesso aos exames. Além disso, o Hospital de Emergência tem um médico exclusivo para atendimento a pacientes com dengue de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h, e busca estender a medida para os finais de semana.

A Unidade Básica de Saúde da Cidade Alegria manteve atendimento exclusivo para pacientes com dengue durante um mês, sendo responsável por cerca de 3.500 atendimentos. No local, segundo a Superintendente de Atenção Básica em Saúde, Ana Paula Bueno, foram instaladas 13 cadeiras de hidratação enviadas pelo Governo do Estado.

– Na unidade, foram disponibilizados de dois a três médicos atendendo exclusivamente pacientes com suspeita de dengue. Os pacientes realizavam exames laboratoriais de acompanhamento e faziam a hidratação quando indicado – explicou Ana Paula.

Por: Thaís Fraga

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4 comments

Fabio 29 de abril de 2015, 19:40h - 19:40

Na minha rua geral com dengue, faz muito tempo q não passa nem um agente da dengue e já liguei denunciando vizinho com piscina a céu aberto e garrafas com o bico pra cima criando dengue, mas não adianta o jeito é ficar com a casa fechada, usar repelente e rezar pra não ficar doente.

Luciano 29 de abril de 2015, 07:33h - 07:33

Em Barra Mansa a situação deve ser muito mais grave do que aparenta , porque os pacientes recebidos na UPA , são orientados a irem , por livre espontânea vontade , até o Ano Bom , fazer um exame que realmente comprove a dengue , e muitos não vão . Não era mais fácil o governo municipal recolher estes dados direto na UPA ou em outras emergências ?

fabio 29 de abril de 2015, 07:29h - 07:29

Estamos perto de um caos, exemplo disso e um descaso da secretaria de obras de volta redonda, venho solicitando a mais de um mês uma canaleta que fizeram no campo de futebol, e não deixaram saída pra água, fica muita água acumulada e um dos maiores focus de dengue do bairro, ainda ontem liguei pra la e a resposta foi que tenho que aguardar um engenheiro ligar pra mim….

Absurdo, preciso do apoio do diário do vale que e um jornal serio pois a situação e alarmante.

Paulo Roberto 28 de abril de 2015, 22:11h - 22:11

Ficou difícil disfarçar e não deu tempo de vazar só na administração de quem está para entrar. A situação mostra que a prevenção foi falha.

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