Volta Redonda – Considerado uma referência na região Sul Fluminense por ser hospital porta aberta para urgências e emergências clínicas e Traumato Ortopedia e Neuro Cirurgia, o Hospital São João Batista (HSJB) vem se destacando na coleta de órgãos para doação. No primeiro semestre deste ano, a unidade superou em 70% o número de coletas realizadas em 2015. De acordo com a assessora técnica da Diretoria do hospital, Rosa Lages, no ano passado foram registrados nove casos por morte encefálica na unidade, resultando em seis doações.
– No ano passado, conseguimos coletar cinco fígados, nove rins e seis córneas, que são os órgãos mais doados em casos como esses (morte encefálica). No caso especifico das córneas, todo potencial doador é acolhido pelos profissionais do Banco de Olhos do HSJB e orientado quanto à importância da doação e processo de captação do material. Acompanham todo o processo, desde a notificação do óbito, entrevista familiar, os exames a serem realizados para avaliar a qualidade da córnea, entre outros – explicou Rosa Lages.
Neste ano, o Hospital São João Batista já superou em 70% os números de 2015 com apenas uma paciente de 50 anos, vítima de morte encefálica. A doação rendeu à unidade um reconhecimento pelo Programa Estadual de Transplantes (PET), através de uma carta do coordenador do programa, elogiando a equipe do hospital quanto à eficiência na captação de 34 órgãos da paciente.
– É a primeira vez que recebemos esse tipo de documento, até porque foram muitos órgãos que eles conseguiram salvar. Geralmente a equipe do PET vem, colhe uma córnea, colhe um fígado, um rim, mas essa foi um êxito total. Veio a equipe toda, incluindo ortopedista para coletar osso, o pessoal para coletar fígado, rim, enquanto que nós coletamos a córnea. Foi ótimo ver o Estado reconhecendo que a gente é parceiro – disse Rosa Lages, acrescentando que a doadora em questão permitiu a coleta de ambos os rins, córneas, fígado, 29 ossos e tendões.
A assessora técnica informou que ao ser detectada a morte encefálica pela equipe da sala de emergência amarela do HSJB, o neurocirurgião e o intensivista introduziram o protocolo de morte encefálica e comunicaram à Organização de Procura de Órgãos (OPO) de Barra Mansa. A OPO é quem faz toda a abordagem familiar e a comunicação à equipe do PET para organizar toda infraestrutura necessária para a realização da captação dos órgãos e tecidos, assumindo todo o processo em parceria com a equipe do Centro Cirúrgico do Hospital São João Batista – responsável por preparar todo o material necessário para captação. Em seguida, a equipe do Programa Estadual de Transplante veio até o hospital para realizar o método gráfico (que confirma a morte encefálica) e, posteriormente, a captação dos órgãos e tecidos.
Rosa Lages explicou ainda que todos os hospitais poderiam ser parceiros na captação de tecidos, ossos e órgãos, desde que notificassem a Central de Transplantes o óbito dos prováveis doadores e provável morte encefálica. Os órgãos são disponibilizados para a Central de Transplante e os transplantes são efetivados segundo cronologia da fila estadual de transplantes. Os hospitais transplantadores ficam no Rio de Janeiro e a central é a responsável pela disponibilização do material para os pacientes selecionados.
– No Brasil não temos a cultura da doação, a exemplo de outros países como os Estados Unidos, França, Inglaterra. Precisamos realmente mobilizar a população para que cada vez mais as famílias discutam e as pessoas demonstrem em vida o desejo de serem doadores – disse Rosa.
3 comments
Acompanho a vida destes profissionais da OPO , equipe espetacular. Um trabalho em conjunto que salva vidas.Mostrando que o Brasil pode dar certo trabalhando em conjunto.Parabéns!
Interessante a matéria. Os Profissionais são excelentes. Mas seria interessante mostrar também uma reportagem com a realidade do Hospital. O Outro lado da medalha…Pacientes deitados no chão, espalhados pelos corredores….. Aguardando atendimento.
Doar órgãos é um gesto de amor!
Comments are closed.