Volta Redonda
O Movimento Resgate da Paz promoveu, na manhã de hoje, um momento de reflexão, debate e informação sobre o tema suicídio. O fórum, que aconteceu na Cúria Diocesana, foi coordenado pelo padre Jorge Axé e reuniu representantes do Ministério Público, das secretarias de Saúde, de Educação, além de diversas pastorais da Igreja Católica. O movimento convidou diversos segmentos para levantar e discutir esse tema. De acordo com o padre Jorge Axé, o fato vem preocupando a sociedade e chamado atenção da igreja.
– Esse fórum nasceu com uma preocupação de despertar a sociedade para os suicídios dos jovens. Entendemos que isso é um fato preocupante e pertinente, por isso convidamos todos os seguimentos da nossa sociedade para tentarmos entender essa causa. É um movimento bem aberto – disse o padre.
Ele explicou que o objetivo da reunião é pensar em uma maneira de fazer um trabalho de conscientização, sobretudo, das famílias.
– Nós enquanto um grupo ligado a Igreja Católica Apostólica Romana, temos uma preocupação e sensibilidade com a vida. Sabemos que há uma quantidade enorme de informação através das grandes mídias em que os adolescentes acabam adquirindo conhecimentos errados e assim, vulgarizando a vida – destacou Jorge Axé.
Pensando em uma política mais ampla, Lilian Carvalho, psicóloga da secretaria de Saúde, explicou que foi criado um grupo para planejar e desenvolver métodos para acabar com a onda de suicídios.
– Estamos aqui para pensar numa política pública na Saúde para prevenir esses acontecimentos. Precisamos de uma gestão que de fato conscientize a população. Essas mortes serviram para hoje nós estarmos aqui reunidos por uma medida pública efetiva – disse a psicóloga.
Lilian contou que estão sendo feitas, nas últimas semanas, reuniões na Secretaria de Educação com os adolescentes para tentar fazer um diagnóstico do problema. Além disso, ela afirma que estão ocorrendo conversas com as delegacias de polícias para saber se é algo pontual. Na opinião dela, são casos isolados que está acontecendo.
– A gente está tentando entender o que aconteceu porque é uma coisa nova para a gente pensar o que leva esses jovens a cometerem o ato. Isso não chega o serviço de Saúde. São meninos aparentemente saudáveis, com boas notas escolares, com um circulo de amizades, isso nos faz ficar mais preocupados. É uma coisa que chama muito atenção – disse a psicóloga.
Ela revelou ainda que um ponto muito em comum que foi detectado entre os jovens que se suicidaram são problemas dentro da família. Para ela, a situação é bastante grave.
– Temos que levantar essa questão, é muito grave. Nós observamos que a criança tem uma angústia dentro de si que o ato de suicídio “alivia” essa dor. São crianças que precisam de cuidados, de atenção. Às vezes ela está passando por um conflito dentro de casa e não sabe falar ou expressar isso – falou Lilian.
Ela ressaltou que esse é um fenômeno que precisa ser compartilhado e envolver toda a sociedade. Ainda segundo ela, é preciso buscar métodos para lidar com essa situação.
– É um problema de Saúde, mas é um problema dentro das famílias também. Agora, começou o nosso dever em Volta Redonda para combater essa causa. Essa é a minha proposta. Precisamos debater esse assunto com urgência – disse Lilian.
O padre Juarez Sampaio falou que a solução é juntar três pontos: a família, a medicina e a fé. Segundo ele, atualmente há uma carência de profissionais na Saúde. Ele disse que o mais importante é que todos precisam agir e não se acostumarem com o fato.
– Muitas pessoas tratam a depressão como “frescura”, a pessoa não tem o apoio da família, não tem carinho, nem atenção. Na área da Saúde, um psiquiatra é um privilégio, e não pode ser, ainda mais na sociedade em que vivemos, com uma taxa grande de suicídios – falou o padre.
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Volta Redonda, Alex Martins, estava presente no fórum e falou sobre a importância da uniu de todos os seguimentos da sociedade para buscar combater o suicídio. Segundo ele, essa causa se tornou um compromisso da família, da sociedade e do poder público.
– Temos que olhar dentro da família, que a base da sociedade, e olhar de fora, que é como o poder público reage para combater o suicídio. E através dessas perspectivas temos que traçar metas – disse Alex Martins.
Durante a reunião, ele revelou sua proposta para o próximo ano: uma audiência pública para debater e tornar público esse fenômeno.
– Quero propor para o primeiro trimestre de 2015 realizarmos uma audiência publica multidisciplinar chamando profissionais na psicologia e psiquiatria, profissionais das entidades sociais, o pode público. Eu acho que esse é o caminho, temos que tornar isso público e coletivo – afirmou Alex.
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