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País – Em uma sociedade cada vez mais conectada com a tecnologia, marcada pelo uso intensivo de dispositivos como smartphones, tablets e outros aparelhos digitais móveis, surgiu um novo termo no vocabulário técnico: a nomofobia. Esse conceito descreve o comportamento caracterizado pela dependência excessiva do celular e de tecnologias digitais. Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde reconhece essa forma de dependência como um transtorno, que gera um medo irracional de ficar sem o celular ou sem qualquer outro dispositivo eletrônico.
Uma pesquisa da UFMG, em parceria com outras universidades federais do Brasil, ouviu mais de 6 mil pais de crianças e adolescentes no país, e concluiu que a pandemia aumentou significativamente o uso de tecnologia por parte dos jovens e das crianças. De acordo com o estudo, 51% responderam que os filhos passam mais de quatro horas por dia usando telas, e outros 24% ficam de três a quatro horas.
O tempo passado diante das telas impede ou reduz a prática de outras atividades, especialmente aquelas que eram apreciadas e que não combinam com o uso de smartphones, como esportes e o contato com a natureza. Além disso, isso pode levar a mudanças no comportamento da pessoa. Por exemplo, uma criança que era calma pode se tornar agressiva, enquanto outra que tinha boa interação social pode se tornar mais reservada e deixar de se relacionar com os outros. Especialistas alertam que o uso excessivo dessas tecnologias pode comprometer o desenvolvimento cerebral, que é um processo contínuo e dinâmico, que se estende desde o nascimento até o início da vida adulta. Nos primeiros anos, o cérebro passa por um crescimento acelerado, formando conexões neurais fundamentais. Isso abrange o desenvolvimento de habilidades essenciais, como a linguagem e a coordenação motora. Até cerca dos seis anos, ocorre um intenso aprimoramento das áreas ligadas à linguagem e às habilidades motoras finas. Já na adolescência, o cérebro passa por uma reorganização importante, especialmente nas regiões relacionadas ao controle dos impulsos e à tomada de decisões. As emoções e o julgamento social são fatores cruciais nesse período, influenciando o desenvolvimento das habilidades cognitivas mais avançadas e a maturação do córtex pré-frontal.
O córtex pré-frontal é a região do cérebro responsável por planejamento, tomada de decisões, autocontrole e regulação emocional, e pode não estar completamente desenvolvido até os 20 anos ou mais tarde.
Algumas dicas podem ajudar a cultivar a moderação do uso de telas. Uma delas é deixar definido que ninguém da família use o celular durante as refeições. Outra sugestão é desativar as notificações no celular, tanto para os pais quanto para as crianças. Além disso, é importante juntar-se para deletar aplicativos viciantes ou inúteis e não permitir que seus filhos levem o celular para o quarto na hora de dormir. Respeitem e priorizem os compromissos das crianças, como exercícios físicos e encontros com os amigos. Estabeleçam horários para desligar o celular, praticando o “jejum” do celular. Utilizem aplicativos nos próprios aparelhos para controlar o tempo de uso.
É importante lembrar também que seus filhos podem precisar de sua ajuda. Caso necessário, procure acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. A paciência e a atenção são essenciais nesse processo.