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Barra Mansa – A Nova UBM inaugurou, na manhã desta terça-feira (14), a exposição ‘Compreendendo o racismo brasileiro por meio da obra de Maurício Pestana’, oferecendo uma visão mais aprofundada sobre a questão racial no país. A exposição pode ser visitada até o dia 31 de maio, na Biblioteca da Nova UBM – Rua Vereador Pinho de Carvalho, 267 – Centro, Barra Mansa. A entrada é aberta ao público e gratuita.
A exposição faz parte da programação do evento ’13 de maio, Abolição Inacabada, marcando os 136 anos desde a assinatura da Lei Áurea. O evento visa a promover discussões em torno de um marco histórico que, apesar de representar o fim da escravidão formal no Brasil, deixou um legado de desigualdade e injustiça que ecoa até os dias atuais.
Olhar crítico
Na noite de segunda-feira (13), o jornalista, cartunista e escritor Maurício Pestana ministrou uma palestra sobre o tema na Biblioteca da Nova UBM, que ficou lotada. Com expertise nas áreas de diversidade, inclusão e questões raciais, Pestana apresentou um olhar crítico sobre o contexto atual e o futuro das lutas contra o racismo e pela igualdade racial no Brasil.
Em sua palestra, ele ofereceu uma análise profunda dos tempos de escravidão no país, destacando aspectos muitas vezes desconhecidos pelo público em geral. Pestana apontou a pressão política exercida sobre a Princesa Isabel durante a assinatura da Lei Áurea, revelando detalhes como o projeto inicial de conceder algum tipo de ressarcimento aos ex-escravizados pelos anos de trabalho forçado.
No entanto, esse projeto foi suprimido do documento final, resultando na libertação de milhares de africanos e afrodescendentes sem qualquer suporte ou indenização para garantir sua subsistência.
“Para que se chegasse no 13 de maio, muitas pessoas morreram, muitas pessoas fugiram, muitas pessoas foram castigadas. E, principalmente, nos últimos anos em que se assinou a Lei Áurea, havia aqui uma inquietação muito grande, porque, embora grande parte das pessoas negras já estivessem libertas, não havia uma lei, não havia um marco. Não havia algo que regulamentasse que havia um processo de finalização da escravização aqui no Brasil”, destacou Maurício Pestana.
“O processo do 13 de maio foi muito importante. Havia um projeto dos abolicionistas que mudaria esse país, se tivesse sido aprovado. Era um projeto que daria condições para que essa comunidade negra, que havia trabalhado durante quase 380 anos, pudesse sair daquele processo de escravização de uma forma organizada e de uma forma que pudesse projetar um país melhor”, continuou o palestrante.
Mesmo após mais de um século da abolição, diz Maurício Pestana, ainda persiste a desigualdade racial no Brasil, onde a população negra constitui a maioria, mas ainda enfrenta barreiras significativas no acesso a posições de destaque, liderança e educação universitária.
Presenças
O evento também contou com a participação da vice-prefeita e secretária municipal de Educação de Barra Mansa, Fátima Lima, que falou sobre a importância de questionar e refletir sobre a história, além de reconhecer o papel crucial do povo negro na construção do país.
“É um evento importante, momento de muita reflexão sobre a data 13 de maio, mas também sobre a data 14 de maio. Sairemos daqui com algumas interrogações, e temos que sair assim. As perguntas nos fazem pensar e analisar”, destacou Fátima Lima.
Outro destaque foi a participação do grupo ‘Tambores de Aço’, da Fundação CSN, que apresentaram o espetáculo ‘Nossas Raízes’. Sete desses músicos recebem bolsas integrais para o curso de graduação em Música da Nova UBM, resultado de uma parceria entre a instituição de ensino e a Fundação CSN.
Para o Reitor da Nova UBM, Bruno Lemos, o evento demonstra a importância da parceria e do compromisso da universidade com a promoção da igualdade racial e da inclusão.
“Agradeço a todos por participarem deste encontro. Estou muito feliz de estar aqui e quero fazer um especial elogio e agradecimento ao grupo Tambores de Aço, da Fundação CSN, com quem temos uma parceria muito importante. Estamos colocando a Nova UBM no caminho do crescimento, novamente, no caminho de protagonismo, que é o que a cidade de Barra Mansa merece e que todos nós, juntos, vamos conseguir fazer”, concluiu Bruno Lemos.
O evento também contou com a presença da coordenadora do projeto ‘Tambores de Aço’, Letícia Costa da Silva e do pró-reitor da Universidade de Vassouras, Hamilton Moss de Souza.