Pais buscam representatividade na literatura para os filhos

by Diário do Vale

Literatura brasileira está com títulos mais diversos mas ainda pode ir além


Sul Fluminense – 
Incentivar o hábito pela leitura e, ao mesmo tempo, fazer com que as crianças negras encontrem na literatura infantil uma representatividade. Essa tem sido a medida adotada por muitos pais como forma de contribuírem com a construção da identidade de seus filhos.

Neste mês, quando se comemorou o Dia da Consciência Negra (20), diversas foram as dicas dadas por educadores em torno dos livros que abordam e discutem temas como o respeito às diferenças, o combate ao racismo e a intolerância. A enfermeira Gislene dos Santos Silva, de 35 anos, viu uma dica na internet e apostou na compra de um desses livros para presentear a filha, de oito anos. Ela conta que a levou em uma livraria, pediu para que atendente lhe mostrasse todos os títulos em que houvessem crianças negras como protagonistas, deixando que a menina escolhesse o livro que gostaria de levar para casa.

– Foi uma experiência muito legal ver a minha filha se identificando com o livro que ela escolheu, que foi o Lindara e que conta a história de uma menina negra, de tranças no cabelo. A foto da personagem vem estampada na capa do livro e o cabelo dela é justamente como a minha filha usa no dia a dia, com tranças. Sem dúvidas isso foi o fator determinante para a escolha e isso me motivou muito a buscar outros livros que também tenham o poder de despertar nela esse sentimento – conta a enfermeira, ao acrescentar que vai aproveitar as festas de final de ano para presentear os sobrinhos da mesma forma.

– Vou levá-los na livraria e deixar que escolham o que mais se identificarem – completou.

A dona de casa Aline Oliveira, de 27 anos, tem uma filha de seis anos em fase de alfabetização. Segundo ela, que cresceu lendo histórias de princesas brancas ou loiras, com olhos azuis e cabelos lisos, saber que hoje as livrarias disponibilizam uma vasta quantidade de livros tendo crianças negras como principais personagens é um grande avanço. Ela, que já baixou pela internet alguns títulos para filha, afirma que seu objetivo é levá-la a uma livraria para que a menina possa ver as capas disponíveis e então escolher a que mais se identifica.

“Eu estou desempregada e, no momento, sem condições de comprar os livros para ela. Eu baixei alguns títulos pela internet, mas tenho certeza de que será mais prazeroso para ela, que está aprendendo a ler, chegar em uma livraria e poder escolher o que deseja ler, além da alegria de ver meninos e meninas estampando a capa, com artes tão bonitas quanto a de outros livros voltados para as crianças. Ainda temos muito que avançar, mas fico feliz em saber que as coisas estão mudando. Na minha infância eu não tinha essas mesmas referências que a minha filha tem hoje”, destacou Aline.

Incentivar a leitura

De acordo com o a professora Rafaela da Silva Cruz, que dá aula na Educação Infantil, incentivar a leitura das crianças, independente da raça, na primeira infância e período de alfabetização, além de contribuir com a construção da identidade, também ajuda a trabalhara a autoestima dos pequenos. “Mas, no caso das crianças negras, que já possuem tão pouca representatividade nos brinquedos, como bonecas e bonecos, por exemplo, nos desenhos animados e filmes de super heróis e princesas, incentivar a leitura de livros que tenham personagens com os quais se identificam se torna ainda mais importante”, observa a professora.

Conforme ela destaca, é de fundamental importância que educadores indiquem em sala de aula, e também para os pais, a existência de livros com personagens negros. Isso porque, segundo ela, embora o número de títulos ainda seja inferior aos demais, muitos pais não sabem da existência desses exemplares. Como indicação, ela afirma que costuma citar alguns títulos como O Menino Marron, de Ziraldo, Lindara, de Sônia Rosa, Amoras, de Emicida, Meu Crespo é de Rainha, da ativista política Bell Hooks, Meninas Negras, de Madú Costa, Menina Bonita, de Ana Maria Machado, O Cabelo de Lelê, de Valéria Belém, além de outros que, segundo ela, podem ser encontrados pela internet.

– Esses livros, em sua maioria, têm por característica a capa estampada por uma criança negra. E isso faz toda a diferença na vida dos pequenos porque de cara eles se identificam e firmam a consciência de que são importantes como qualquer outra criança. É fundamental a divulgação e a criação, cada vez mais, de personagens negros seja nos livros, nos desenhos, histórias em quadrinho, filmes, nos brinquedos, para que fique claro a nossa diversidade não só para as crianças negras, como para as brancas também – pontuou Rafaela.

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1 comment

guto 25 de novembro de 2018, 19:37h - 19:37

Não tenho nada contra livros com temáticas africanas, contudo não se pode entrar na mentalidade “nós contra eles” ou “eles contra nós”, pois como cristãos devemos nos tratar como iguais, filhos do mesmo Pai e devedores de respeito e cordialidade uns para com os outros independentemente da raça!
Não se pode fazer como alguns americanos negros, que ameaçaram uma moça branca por estar usando aquele chapéu em forma cilíndrica colorida, como se só os negros pudessem usar aquela moda!

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