Volta Redonda – O auditório da prefeitura de Volta Redonda sediou na manhã desta quarta-feira (30), o Fórum Ampliado de Pessoas em Situação de Rua. O evento foi promovido pelas secretarias municipais de Ação Comunitária (Smac) e de Saúde (SMS) e teve como objetivo discutir soluções para o problema. Cerca de 120 pessoas compareceram ao fórum, entre especialistas na área de assistência social, direitos humanos e representantes de órgãos públicos.
A mesa de abertura contou com a participação do prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB), de secretários municipais, entre outros representantes da Justiça e da sociedade civil. O tema foi “O Trabalho Realizado com a População em Situação de Rua: Refletir sobre a heterogeneidade da população em situação de rua, seus direitos e deveres”. Em pauta, estavam assuntos ligados às áreas da assistência social, saúde, segurança pública, sociedade civil e Ministério Público, envolvendo as pessoas que estão nas ruas em situação de vulnerabilidade social.
– Nós somos uma referência nesse assunto, em função do envolvimento de muita gente. Eu acho que só a união vai conseguir os avanços que a gente quer ter. A solução não é prender ninguém, a solução é encaminhar, é escutar, é poder ter ações em que essas pessoas se recuperem. Essa é a nossa intenção e será sempre a nossa luta. Obrigado pelo interesse de vocês, do trabalho de todos juntos, Volta Redonda merece, as pessoas que estão precisando de nossa ajuda merecem o envolvimento de todos – afirmou Neto.
A diretora do Departamento de Proteção Especial da Smac (Secretaria Municipal de Ação Comunitária), Denise Carvalho, disse que o grande objetivo do seminário é restaurar e preservar a integridade e a autonomia da população em situação de rua, promovendo a sua reinserção familiar e comunitária.
– Nada melhor para conseguir alcançar esta meta do que ouvir a experiência de cada entidade, de cada pessoa atuante nos órgãos públicos, trazendo para o debate esta experiência e visão de cada área – apontou Denise, acrescentando que a questão mais importante é quem é essa população em situação de rua. “São do sexo masculino, usuários de álcool ou outras drogas, com envolvimento no tráfico, comprometidos mentalmente, e que foram parar nas ruas por conflitos familiares”.
A diretora lembrou ainda que Volta Redonda tem um fluxo muito grande de migrantes e é uma das cidades do estado que mais tem equipamentos para essa população. Segundo ela, a rede de acolhimento criada no município para este atendimento – com capacitação profissional, e o apoio do programa de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) – vem conseguindo resultados favoráveis na reintegração dos usuários junto aos familiares.
– Temos o Centro Pop, o Albergue Municipal Seu Nadim, o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), os Cras (Centro de Referência de Assistência Social), os Caps (Centro de Atenção Psicossocial). Recentemente, a Smac conseguiu reduzir os moradores em situação de rua na cidade, com a reinserção familiar de 14 pessoas – relatou Denise.
Essa rede de atendimento foi lembrada também pela secretária municipal de Políticas Públicas para Mulheres, Glória Amorim.
– Faço parte da Pastoral de Acolhimento à Mulher e, de uma maneira ou de outra, também estamos ligados à Pastoral do Povo de Rua de Volta Redonda. Acho que todos juntos, com todos os equipamentos, com as pessoas que se envolvem com essa população, temos que dar as mãos e lutar, procurar levar também um ombro pra eles, levar soluções, e a solução parte do conjunto da sociedade de Volta Redonda – afirmou.
A secretária municipal de Saúde, Marta Magalhães, comentou sobre a complexidade da discussão sobre a população em situação de rua e que o tema necessita de criatividade e atitudes novas para cada demanda nova que essa população apresenta no dia a dia.
– A gente precisa chegar ao caso individualizado, a gente precisa construir, para cada pessoa desta, um projeto terapêutico diferente – acrescentou.
Outro ponto levantado durante a abertura dos debates era a presença de usuários de drogas em meio à população de rua. De acordo com a coordenadora municipal de Prevenção às Drogas, Neuza Jordão, muitas dessas pessoas chegam a Volta Redonda e são acometidas pelo álcool e outras drogas.
– Isso é um facilitador para que outro segmento entre no meio dessa população. É muito triste ver que a droga está deteriorando o ser humano. Através de políticas públicas poderemos fortalecer o município cada vez mais nessa luta, e Volta Redonda conseguirá seguir o caminho para ficar cada vez melhor – considerou Neuza.
Crianças e adolescentes
As crianças e os adolescentes também foram lembrados durante o encontro, através do João Alfredo Gentil Gipson Fernandes, promotor de Justiça da 1ª Promotoria da Infância e da Juventude de Volta Redonda.
– A gente não pode ignorar a existência das crianças e dos adolescentes que estão nessa situação também. Se adulto já não tem dignidade com essa vivência, está fora de questão que criança e adolescente tenham. O poder de escolha deles é bastante limitado. Lugar de criança e adolescente não é na rua, é no colégio, estar com a convivência familiar guardada e, não sendo possível, estarem acolhidos – frisou.
Projeto Superação
Durante o evento, o secretário municipal de Ação Comunitária, Munir Francisco, lembrou que Volta Redonda trabalha o tema população em situação de rua desde 2005.
– Antes, só tinha o albergue municipal (Seu Nadim) e nós montamos uma rede de proteção que envolve as polícias Militar e Civil, o Corpo de Bombeiros, a Secretaria (municipal) de Saúde, a Fundação Beatriz Gama, a Guarda Municipal, o Conselho Tutelar, o SOS (Serviço de Obras Sociais), onde se faz um trabalho de abordagem sistemática, acolhendo essas pessoas e oferecendo ajuda. Precisamos continuar avançando, o poder público e a sociedade civil – disse, acrescentando que no dia 11 de abril será lançado o projeto Superação, em conjunto com as secretarias municipais de Ação Comunitária, de Saúde, de Serviços Públicos, de Cultura e de Esporte e Lazer, com o objetivo de poder oferecer mais uma ajuda para as pessoas saírem da situação de rua e serem reintegradas à sociedade e às famílias.
– São pessoas que, atualmente, estão em situação de rua, cadastradas pelo Centro Pop (Uhady Nasr), pelo albergue (Municipal Seu Nadim), por alguns Caps. Em um período do dia, vamos oferecer a essas pessoas trabalho, orientado pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos, e no outro período, essas pessoas estarão em oficinas, oferecidas pela Smac e pela Secretaria Municipal de Saúde, além de fazerem seus tratamentos no Caps. Além disso, vão receber uma bolsa-aprendizagem de meio salário mínimo. A gente acredita que, com isso, essas pessoas poderão se reintegrar à sociedade e à família – disse Munir.
Também estiveram presentes o comandante da Guarda Municipal de Volta Redonda, Major Luiz Henrique Monteiro Barbosa, a secretária municipal de Cultura, Rosâne Gonçalves, e Lilian Carvalho Varela, coordenadora da Área Técnica de Saúde Mental da SMS.