‘Pó preto da CSN’: Volta Redonda vai às ruas contra poluição causada pela CSN

Manifestantes percorreram as ruas da Vila Santa Cecília até o Escritório Central. (Foto: Vivian Costa e Silva)

Volta Redonda – Centenas de pessoas se reuniram na manhã deste domingo (21), na Vila Santa Cecília, em Volta Redonda, para protestar contra o chamado ‘pó preto’, poluição emitida pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Os manifestantes se concentraram na Praça Brasil, seguiram pelas ruas da Vila até o prédio do antigo Escritório Central, onde os presentes deixaram fitas amarradas na grade, com frases endereçadas a CSN e finalizaram o ato com um abraço simbólico no prédio.

Durante o ato, organizado pelo Movimento Sul Fluminense Contra a Poluição, os manifestantes usaram cartazes, faixas, máscaras e frases de efeito para protestar. Andando pelas ruas da Vila, durante a manifestação, as pessoas cantavam e falavam palavras de ordem contra a poluição e pediam providências para a situação do meio ambiente na cidade, que causa graves problemas de saúde à população, principalmente, os respiratórios.

Para o presidente do Movimento pela Ética na Política (MEP), José Maria da Silva, o Zezinho, esse ato tem o objetivo de trazer visibilidade a grave situação do ‘pó preto’, em Volta Redonda.

“Ao participar de um ato como esse, nós temos que olhar sempre numa dimensão de esperança e de luta que deve ser continuada e permanente. Os diferentes atores que organizaram esse ato, eles já, por si só, estão provocando importantes movimentações no campo”, afirmou.

Zezinho reafirmou ainda que movimentações como esta tem cada vez mais efeito. “Eu quero dar um exemplo, a movimentação última do Ministério Público, com uma pressão mais firme em cima do Inea já dá esse significado. Agora há outros entes, e a gente está trabalhando nisso, para que a questão estrutural também seja mexida até na bolsa de valores. Volta Redonda precisa respirar e precisa de trabalho, mas com saúde”, salientou.

CSN emite nota sobre a qualidade do ar de Volta Redonda

A companhia Siderurgica Nacional emitiu na tarde deste domingo (21), uma nota sobre a qualidade do ar de Volta Redonda. O documento traz dados do Sistema Vigiar, do Ministério da Saúde. Confira a nota na íntegra.

Os dados do sistema “Vigiar”, do Ministério da Saúde, indicam que a qualidade do ar de Volta Redonda está no mesmo padrão dos demais municípios da sua região, como Barra do Piraí, Piraí, Pinheiral, Rio Claro, Paracambi, Mendes e Barra Mansa. O mesmo sistema mostra que a qualidade do ar de Volta Redonda é melhor do que a de uma centena de municípios de São Paulo, incluindo a própria capital, e até mesmo de cidades em plena Amazônia, como Apuí, Humaitá e diversas outras.

Volta Redonda não faz parte da lista de cidades em “alerta vermelho” do sistema “Vigiar” do Ministério da Saúde, que engloba uma centena de municípios do país neste nível de alerta. O sistema deste ministério aponta, inclusive, que o número estimado de mortes por possível material particulado em Volta Redonda é quase a metade do índice de uma cidade como São Paulo.

Vale ressaltar que os dados do programa “Vigiar” são obtidos por estimativas indiretas, e não por medição direta no local, como faz o INEA.

Quanto às partículas sedimentáveis, conhecidas como pó preto, elas não fazem parte dos parâmetros da OMS que definem a qualidade do ar, por serem partículas maiores, que não afetam a qualidade do ar ou a saúde das pessoas, pois não são inaláveis. Contudo, a CSN está realizando uma ampla modernização nas suas operações, visando à redução das emissões de partículas sedimentáveis com investimentos comprovados de R$ 1,3 bilhão de reais, mais do que quatro vezes o montante inicialmente previsto no TAC (R$ 300 milhões).