
(Foto: Libânia Nogueira)
Volta Redonda – O UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda – promoveu na noite de quarta-feira (9), na Câmara Municipal, uma aula magna do curso de Serviço Social para discutir problemas ambientais. Com o nome de ‘Capitalismo e Barbárie: Crimes Ambientais no Brasil e a Realidade de Volta Redonda’, o evento contou com a participação do deputado estadual Flávio Serafini (PSOL), membro da comissão de Meio Ambiente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), e o procurador do Ministério Público Federal de Volta Redonda, Júlio José Alfredo. O mediador do debate foi o professor Marco Aurélio Gandra.
Serafini disse que a luta pela questão ambiental tem que estar no dia a dia de cada um e que o modelo capitalista é um dos principais fatores que contribuem para os problemas ambientais que a população enfrenta.
– O Brasil tem acabado cada vez mais com suas florestas e isso está naturalizado no nosso modelo econômico – afirmou.
Em relação à Volta Redonda, Serafini relembrou que a história da cidade tem relação direta com a crise ambiental, uma vez que está relacionada com o desenvolvimento do capitalismo no país.
Já o procurador do MPF, Júlio José Alfredo, criticou o costume, que segundo ele, é feito principalmente por parte de empresas, o de assumir o posicionamento de defensor do meio ambiente sem apresentar práticas sustentáveis de fato. Ele ainda disse que o impacto ambiental causado por ações humanas ainda não são tratadas a sério e existe uma fala neutra, quando na verdade, deveria haver uma forma de ação mais incisiva para combatê-las.
No debate, estiveram temas como: o despejo de resíduos no Rio Paraíba do Sul, e a preocupação com saneamento básico, além da discussão em torno da reivindicação popular contra a recategorização da Floresta da Cicuta.
O professor de História, Danilo Spínola Caruso, esteve presente na aula e elogiou a iniciativa do UniFOA.
– É importante trazer pessoas que às vezes não têm tanto espaço púbico para colocar suas visões, porque o debate muitas vezes é cerceado, um pouco controlado, e o que a gente precisa é da multiplicidade de opiniões, que as pessoas possam opinar, debater e discutir os problemas da cidade. Meio ambiente não é uma questão distante, como se as pessoas estivessem falando só de salvar as baleias, de salvar o urso panda. Estamos falando de coisas concretas, que dizem respeito à água que a gente bebe, ao ar que a gente respira, ao controle sobre territórios, sobre o espaço geográfico. Diz respeito literalmente a vida de cada um, aos hábitos de consumo – opinou ele que também é atuante no Coletivo Terras de Volta, que luta pela reincorporação das propriedades não operacionais da CSN ao Poder Púbico.
O evento contou também com a participação dos cursos de Direito, Jornalismo e Publicidade e Propaganda do UniFOA. A coordenadora do curso de Serviço Social, Mônica Barison, frisou a relevância de abordar a temática no ambiente acadêmico.
– A importância desse debate para a formação acadêmica é que trouxe críticas ao modelo de desenvolvimento posto hoje na sociedade brasileira, que vai desencadear os problemas sociais. Um deles é a questão dos problemas ambientais. O aluno precisa se apropriar desse debate crítico, porque no exercício profissional ele vai lidar com essas situações de forma direta, ou indireta. Então, para fazer uma leitura crítica da realidade, ele tem que participar de eventos que promovam debates como esse – explicou.