Programa em Barra Mansa leva tratamento até casa do paciente

by Diário do Vale

Barra Mansa – Já é natural quando alguém próximo passa mal, está doente ou tem uma emergência ser encaminhado para o hospital. Mas e quando o paciente não tem condições de mobilidade de se deslocar até ao posto médico ou até mesmo por conta da doença não consegue sair de casa? É aí que entra o SAD (Serviço de Atendimento Domiciliar). O programa criado pelo Ministério da Saúde e em parceria com a Secretaria de Saúde atende mensalmente centenas de pacientes, na maioria dos casos crianças e idosos com dificuldades de locomoção e em tratamento médico.

Um desses pacientes é o Marcos Willian Pestana filho, morador do bairro Verbo Divino. Menino brincalhão, que gostava de videogame e de ficar no celular. Tudo normal para um adolescente de 14 anos. Assim era a vida do Marcos. Mas tudo mudou há pouco mais de um ano. Começou a passar mal, ter fortes dores de cabeça e foi levado ao hospital. Após alguns dias em observação, foi constatado: ele estava com meningite bacteriana.

A doença atacou o sistema nervoso e daquele dia em diante, a vida do Marcos sofreu uma reviravolta. Agora, passa todos os dias deitado, com poucas reações. Perdeu a fala, os movimentos, mas não a vontade de viver.

Serena, calma e confiante, Sônia Maria Guedes, de 42 anos, é mãe de Marcos e de mais três filhos. Ela conta que sua vida, assim como do filho, parou. Mas para ela parou por amor. Com o auxílio dos médicos do SAD, ela o alimenta pela sonda, faz a aspiração e não sai do lado do filho. Se sente feliz pelas primeiras palavras como “mãe” e “não”. “É como se ele tivesse nascido de novo”, falou.

A fisioterapeuta Tatiany Duarte conta que quando começou o tratamento ainda no hospital com Marcos, ele não respondia a nenhum estímulo e o olhar era vago. Agora, já reage à dor, realiza alguns movimentos no braço e acompanha a situação ao redor com a visão.

– Cada evolução é uma vitória para todos – disse.

Do mesmo sentimento, compartilha a médica Maria Bethania Valle. Ela explica que a meningite deixou muitas sequelas no adolescente e as evoluções vão depender do organismo, mas através do acompanhamento diário e do tratamento com os médicos e fisioterapeutas, o Marcos vem progredindo. Para ela, evitar a internação do Marcos é o objetivo do seu trabalho. “Cada mínima evolução é um enorme passo para quem perdeu tudo”, afirmou.

Outro caso

Do outro lado da cidade, no bairro Vista Alegre, mora uma família especial. O caso é parecido, mas já se sabia desde a gestação. Edileine Bárbara, de 26 anos, cuida, ao lado do companheiro Vladimir, dos quatro filhos, entre eles o pequeno Gustavo de cinco meses. O bebê nasceu com macrocefalia, condição originada de outra doença, a hidrocefalia. Por conta do tamanho excessivo da cabeça, o recém-nascido tinha poucos movimentos, era preciso uma atenção especial.

Os médicos do SAD entraram na vida de Bárbara e família e tudo começou a mudar. Com a ajuda de contatos, conseguiram cirurgias no Rio de Janeiro. Os procedimentos de gastrostomia, traqueostomia e a colocação de uma válvula de derivação foram feitos no Hospital Municipal Jesus, na cidade carioca.

Graças à válvula, o líquido presente no cérebro foi drenado. Agora, há uma fissura na cabeça do pequeno Gustavo, que se fecha aos poucos. Apesar de causar uma estranheza à primeira vista, a mãe sabe que agora o filho pode evoluir e se recuperar muito mais rápido.

E os primeiros resultados já são sentidos. Segundo a pediatra Luciana Mansur, que cuida do bebê desde o começo, o menino que só chorava, agora já interage com a equipe, sorri, acompanha com o olhar e escuta muito bem. Para a mãe Bárbara, tudo isso só acontece graças aos ensinamentos passados pelos médicos a ela. “Agora eu me sinto muito mais segura para cuidar do meu filho”, conta.

Humanitário

Mais do que prestar assistência e auxiliar os cuidadores, o serviço do SAD realiza um trabalho humanitário, que vai além dos jalecos, das salas brancas de hospitais e das técnicas aprendidas na faculdade.

Visto que o pequeno Gustavo vivia em uma casa ainda sem emboço nas paredes e sem piso no chão, e que com a poeira poderia agravar seu estado ainda frágil de saúde, o grupo se mobilizou e conseguiu arrecadar doações para reformar a casa. Segundo o supervisor administrativo, Aleston Lacerda, o objetivo do SAD não é apenas cuidar do paciente, é proporcionar melhores condições de saúde e higiene em casa, evitando assim a internação hospitalar.

Domiciliar: Programa atende mensalmente centenas de pacientes, na maioria dos casos crianças e idosos (Foto: Paulo Dimas)

Domiciliar: Programa atende mensalmente centenas de pacientes, na maioria dos casos crianças e idosos (Foto: Paulo Dimas)

Idoso

Outras histórias ilustram o trabalho realizado pela equipe de médicos do SAD. Celson Gonzaga, de 76 anos, sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Por conta dessa situação, ele perdeu o movimento de um lado e parou de andar. Após quatro meses internado, ele teve alta e foi encaminhado à equipe do SAD, para receber as visitas em sua casa. Após três meses fazendo fisioterapia no Centro do Idoso e sendo acompanhado pelos médicos em casa, Celson voltou a andar.

Para Maria Aparecida de Barros, que cuida do pai, o senhor José Conde, de 76 anos, a equipe virou uma verdadeira família. Quando seu pai passou mal, a enfermeira do PSF (Posto de Saúde da Família) lhe apresentou o SAD e desde aquele dia sua vida mudou.

– Eles estão sempre aqui me dando apoio médico, mas também como família que se preocupa e quer sempre o nosso melhor – conta agradecida.

Além dos benefícios para a saúde dos pacientes que sofrem com a doença, o trabalho dos médicos do SAD tem melhorado a vida dos cuidadores. Segundo a Isabel, antes do programa, a vida dela estava com o nível de estresse muito alto, o que a prejudicava. “Eu andava chorando e sempre muito irritada. Mas depois que os médicos começaram a nos visitar, eu me senti amparada, o que me deixou mais calma e com a certeza de que sempre que precisar eles estarão prontos para me ajudar”.

SAD proporciona cuidado mais próximo da rotina da família

O SAD faz parte do Programa Federal Médico em Casa e acontece em Barra Mansa através da Secretaria de Saúde. É um serviço indicado para pessoas que apresentam dificuldades temporárias ou definitivas de sair de casa para chegar até uma unidade de saúde, ou ainda para pessoas que estejam em situações nas quais a atenção domiciliar é a mais indicada para o seu tratamento. A atenção domiciliar visa proporcionar ao paciente um cuidado mais próximo da rotina da família, evitando hospitalizações desnecessárias e diminuindo o risco de infecções, além de estar no aconchego do lar.

Em Barra Mansa, o atendimento é realizado por duas equipes multidisciplinares, formadas por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeuta. Uma equipe de apoio é composta por fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e assistente social.

Além do treinamento aos cuidadores, são realizadas visitas domiciliares conforme quadro clínico do paciente onde são ofertados serviços em domicílio como: coletas de exames laboratoriais, troca e passagens de sondas, curativos, vacinas, fisioterapia motora, psicoterapia e até eletrocardiograma.

Segundo a enfermeira Diana Salazar para utilizar do serviço é preciso se encaminhar ao PSF mais próximo, que ele encaminhará o paciente para atendimento domiciliar de acordo com a necessidade.

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3 comments

Luciano BM 8 de outubro de 2017, 09:57h - 09:57

Parabéns ao serviço de saúde de Barra Mansa em especial aos enfermeiros, médicos e fisioterapeutas isso é um gol de placa

vrtriste 8 de outubro de 2017, 08:49h - 08:49

Sempre foi assim em todos os governos anteriores isso não é novidade

RODRIGO PIMPÃO 7 de outubro de 2017, 20:09h - 20:09

ESSES PROFISSIONAIS SÃO FANTÁSTICOS,MESMO COM UM SALÁRIO INSIGNIFICANTE ELES SE DOAM COM MAIOR AMOR E DEDICAÇÃO. GOSTARIA DE PARABENIZAR A TODOS OS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NESTA CAUSA. NÃO TEM PREÇP QUE PAGA OS QUE ELES FAZEM. AQUI VAI O MEU ABRAÇO A ENFERMEIRA BIANCA, GOSTARIA QUE ELA ESTENDESSE A TODOS O MEU CARINHO E RESPEITO PELO TRABALHO EXEPCIONAL.

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