
Do século XIX: Igreja de Sant’Anna foi construída para atender as necessidades espirituais dos imigrantes em quarentena contra a febre amarela (Foto: Divulgação)
Barra do Piraí – Está marcada para este sábado (16), às 9h, a apresentação do projeto executivo de restauro do telhado da Catedral de Sant’Ana. O evento será no salão do bispado, ao lado da catedral, e aberto a toda a comunidade.
O projeto está sendo conduzido pela Comissão de Patrimônio Histórico e Elementos Artísticos Integrados da Diocese de Barra do Piraí – Volta Redonda, que foi criada para, de forma organizada, manter preservada a história da região. O projeto conta com uma consultoria profissionalizada, que além do restauro, prevê ações de conscientização com os moradores.
A entrega do projeto, que custou cerca de R$ 60 mil, é a terceira etapa do restauro, seguida da inscrição nas leis de incentivo à cultura – Lei Rouanet, no art. 18, que é voltado para o patrimônio.
– A próxima etapa a ser iniciada é a captação dos recursos para o restauro, avaliado em cerca de R$ 750 mil. Para essa fase, além de recorrer às leis de incentivo, a equipe está recebendo doações. Os interessados devem entrar em contato pelo telefone (24)3340-2801 ou procurar a secretaria da igreja. As etapas seguintes à captação serão: execução da obra e prestação de contas – explicou Edna Feitosa, integrante da comissão.
Educar para preservar
Além do ganho social que o restauro trará para o município, o projeto prevê ainda a conscientização da população, sobretudo dos mais jovens, estudantes da rede de educação da cidade, sobre a importância de preservar esse patrimônio que é tombado pelo município. Para o desenvolvimento deste projeto serão realizadas atividades dinâmicas de observação, registro, exploração e apropriação dentro e fora da igreja, com apresentações teatrais, experiências históricas e educacionais.
– Os principais objetivos são desenvolver atividades que permitam o acesso dos alunos e comunidade aos conceitos importantes sobre patrimônio cultural e sua preservação; promover o reconhecimento e valorização por parte dos alunos e comunidade de seu patrimônio cultural; sensibilizar alunos e educadores para a necessidade de preservação do patrimônio; possibilitar que os alunos conheçam e reconheçam os referenciais simbólicos do patrimônio material e imaterial de sua cidade e fortalecer e valorizar o orgulho de pertencimento à cidade por meio do conhecimento da história, bens e manifestações culturais – explicou Marcelo Maracajá, responsável pela consultoria contratada.
Importância para a Igreja e comunidade
Para o bispo diocesano, Dom Francisco Biasin, a catedral tem um significado importante para a fé.
– Uma catedral para nós da Igreja Católica tem um alto significado, que representa a igreja onde o bispo ensina, governa e santifica os seus fiéis. É por isso que tem a Cátedra, chamando-se assim de Catedral. Tem também uma importância artística porque é uma Igreja de rara beleza e seria um erro enorme deixar que ela ruísse ou que ela fosse deteriorada. E tem uma grande importância turística porque as pessoas que querem visitar a cidade normalmente querem também visitar uma igreja que teve a sua importância histórica e continua tendo do ponto de vista religioso e cívico – afirmou o bispo.
A relevância do ponto de vista arquitetônico e cultural foi ressaltada por Isabel Rocha, do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que explicou que essa iniciativa é aguardada pelo povo da cidade.
– Em 1976 iniciei minha carreira e hoje vejo Sant’Ana em mãos ágeis. Padre Gildo iniciou com uma pequena e dedicada equipe. Padre Quiquita continuou com a garra que lhe é peculiar. Mas, sem dúvida alguma, a comunhão dos fiéis, o trabalho da comunidade são os responsáveis por esse momento tão especial. A mim só resta agradecer a Dom Francisco que deu o apoio fundamental a essa causa. E a Deus pelo acolhimento que dá sentido a palavra igreja – disse.
Sobre a Catedral
O pároco do setor Sant’Ana, padre Deivi Santana de Oliveira, ressaltou o valor da catedral. Segundo ele, o projeto é aguardado há muito tempo pela comunidade local e por aquelas pessoas que têm consciência do valor histórico do patrimônio.
– Desde o anúncio de que a Diocese estava viabilizando o projeto, muitas pessoas começaram a se sensibilizar e a mostrar sua alegria por tal iniciativa – contou.
O bairro Senhora Sant’Ana era lugar de passagem e hospedagem da família imperial e era uma região habitada pelos barões. Como foi noticiado no Almanaque Laemmert, D. Pedro II lançou a pedra fundamental para a construção da Igreja de Sant’Anna em 07/08/1864. Contudo, só em 06/03/1880 o Barão do Rio Bonito daria impulso à obra.
A pedra foi lançada quando D. Pedro II esteve à barra do Rio Pirahy para inauguração da Estação da Estrada de Ferro, mais tarde batizada de Estrada de Ferro Central do Brasil – EFCB, ponto final do 1º trecho da Linha Tronco que interligaria Rio de Janeiro a São Paulo e a Belo Horizonte (MG). Como entroncamento da EFCB o lugarejo foi impulsionado desenvolvendo o então Distrito de Pirahy.
A Igreja de Sant’Anna foi construída para atender as necessidades espirituais dos imigrantes em quarentena contra a febre amarela, antes de seguirem para São Paulo, a história registrou o nome do Barão como seu grande benemérito.
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Confusa essa história de diocese em duas cidades, como se deu isso? E como se deu a escolha desse lindo, porém pequeno templo para ser sede da diocese? Por que não BM que já foi a maior cidade ou Resende que é a mais antiga da diocese e também já foi a maior? Gostaria de conhecer a história.