Treinamentos ajudam temerosos em dirigir

Na prática: Instrutores trabalham com pessoas que já tem carteira de habilitação (Foto: Paulo Dimas)

Volta Redonda e Barra Mansa – Embora o número de pessoas tirando a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) venha crescendo na mesma proporção que a quantidade de veículos, um problema ainda é pertinente para alguns que acabaram de aprender a dirigir: o medo de encarar o trânsito. Pensando em atender a esse público, instrutores de direção investiram em centros de treinamento para condutores já habilitados e que temem encarar o volante.
Em Barra Mansa, Magno Sérgio Cunha dos Santos foi pioneiro e criou há cerca de três anos e meio uma escola para treinamento de motoristas habilitados. “A demanda é muito grande, sempre temos alunos procurando pelas aulas”, observou o instrutor, ao ressaltar que muitos condutores não saem das autoescolas preparadas pelo fato de as aulas preparem os alunos apenas para serem aprovados no dia da avaliação feita pelo Detran.
De acordo com ele, a escola possui alunos de todas as idades e perfis, mas o publico feminino é o que sai na frente quando o assunto é perder o medo de dirigir. Prova disso, é que cerca de 70% dos inscritos são mulheres. Idosos e pessoas de meia idade também fazem parte da parcela de alunos.
– Hoje também temos muitos homens procurando ajuda para vencer a insegurança de dirigir. Isso ocorre porque as aulas práticas das autoescolas são muito básicas e muitos alunos se limitam a aprender  necessário para ser aprovado. A insegurança gera o medo que consequentemente gera o erro. Pelo grande número de veículos, hoje o trânsito está muito agressivo e, para quem tem medo, a melhor opção é buscar ajuda – destacou o instrutor.
Dono de um centro para treinamento de habilitados em Volta Redonda, o instrutor Cesar de Araújo Dias fez investimento no ramo há dois anos, após ter trabalhado em diversas autoescolas da região. Segundo ele, as mulheres representam 90% do total de alunos, embora a escola também atenda outros públicos. De acordo com ele, além de pessoas que estão há muito tempo sem dirigir e que tenham tirado a carteira recentemente, a escola também dá aulas para alunos que sofreram algum tipo de trauma relacionado ao trânsito.
– A aula para habilitados tem por objetivo passar segurança e confiança para o motorista e diminuir o risco de acidentes, uma vez que muitos saem das autoescolas somente com o aprendizado básico. Nas nossas aulas, ensinamos a pessoa a sair e entrar com o carro na garagem, a trafegar em rodovias como a Lúcio Meira e a Dutra, a estacionar entre dois veículos, a entrar em estacionamentos de shoppings e hipermercados também – detalhou Dias.
Instrutor particular, o professor Rodrigo da Silva Francisco está há três anos ajudando pessoas que encontram dificuldades na direção. Nesse tempo, segundo ele, a procura por esse tipo de serviço aumentou em até 60%, tendo como público alvo mulheres e pessoas idosas que estão há muito tempo sem dirigir. Além das inúmeras condições adversas encontradas no trânsito, ele ressalta que problemas em arrancar com o veículo e em estacionar são os principais apontados pelos alunos.
– A insegurança e o medo, associada a necessidade de dirigir e a facilidade que hoje se tem, em adquirir um veículo, é o que tem impulsionado a procura por aulas de treinamento – concluiu Francisco.

Perdendo o medo

A advogada Quézia Catarino, de 34 anos, possui carteira de habilitação desde 2001. No entanto, foram poucas as vezes que teve coragem de dirigir. Ela, que está tendo aulas, diz que essa foi a melhor opção para sentir-se segura. Conforme recorda, apesar de não ter enfrentado problemas durante a prova prática, ela foi prejudicada pelo fato de não ter carro e ter ficado muito tempo sem dirigir.
– Já renovei minha carteira duas vezes e senti a necessidade de retornar o treinamento para perder o medo e pegar o carro. As aulas estão sendo excelentes, estou tendo uma ótima evolução e tenho certeza que irão me ajudar muito. O professor trabalha em cima dos nossos medos, dúvidas e insegurança – destacou a advogada.
A dona de casa Ludmila Rocha de Almeida, de 30 anos, é outra que também recorreu às aulas para habilitados para vencer a insegurança de encarar o trânsito. Ela, que tirou a carteira há dois anos, após ter sido reprovada na primeira prova prática, disse que a necessidade de um treinamento mais específico ocorreu por causa das necessidades do dia a dia como, por exemplo, levar e buscar o filho na escola.
– Meu marido trabalha, o carro ficava na garagem e não tinha coragem de pegar nem para ir o mais próximo possível. Resolvi que tinha que mudar essa situação, fiquei sabendo do treinamento para habilitados e fiz um pacote de dez aulas – contou.

Por Roze Martins
(Especial para o DIÁRIO DO VALE)