Os fãs de cinema e séries de televisão estão cansados de ouvir falar nos wormholes. Wormholes ou buracos de minhoca seriam túneis através da estrutura do tempo e do espaço. Eles podem ser usados para viajar até uma galáxia distante, como no filme “Interestelar”. Ou para voltar no tempo, rumo a uma época passada, como no seriado alemão “Dark”. O problema é que na vida real ninguém nunca encontrou um desses “buracos de minhoca”. Eles são previstos pela Teoria da Relatividade de Einstein. Mas as equações da relatividade também indicam que eles são instáveis. Se alguém tentar passar por eles, como nos filmes, eles desabam.
O problema é que os wormholes, ou buracos de minhoca, estão ligados aos buracos negros. Estrelas que implodiram até ficarem reduzidas a uma partícula de massa quase infinita. A chamada singularidade. E a Relatividade de Einstein não funciona para coisas muito pequenas, do tamanho de átomos. Nelas é preciso aplicar a Física Quântica. Foi o que fizeram dois físicos teóricos iranianos, da Universidade de Teerã. Eles aplicaram a Teoria da Gravidade Quântica a teoria dos wormholes e descobriram que é possível estabilizar um desses túneis. Desde que ele seja minúsculo e não tenha uma forma esférica.
O trabalho foi publicado numa base da dados virtual, a arXiv e mereceu uma análise detalhada do site Space.Com. Os iranianos calcularam que o wormhole estável precisa ter um diâmetro de, no máximo, 30 vezes o comprimento de Planck. Que é menor do que um átomo, cerca de 1,61 vezes dez a menos 35 metros. O que é zero vírgula, trinta e cinco zeros um vírgula seis. A Enterprise da “Jornada nas Estrelas” que mede mais de cem metros, ou aquela nave do “Interestelar” não passariam. Só o Homem Formiga e a Mulher Vespa da Marvel poderiam encolher o suficiente para não ficarem entalados.
E eles teriam que se mover com a velocidade da luz. Para evitar que sua presença faça a coisa toda desabar. Os wormholes são instáveis porque eles consistem, basicamente, em dois buracos negros ligados por suas singularidades. Ou seja pelos núcleos infinitamente densos. E toda singularidade encontra-se cercada por um horizonte de eventos. Uma esfera de onde nem a luz consegue escapar. A entrada do wormhole precisa ficar fora desse horizonte de eventos para que o viajante não fique preso lá dentro para sempre. Mas a simples presença do nosso viajante, pra não falar em uma nave espacial, altera o equilíbrio da estrutura. Afinal qualquer objeto provido de massa gera um campo gravitacional. E o túnel desaba desintegrando quem estiver lá dentro.
Para evitar esse problema os físicos, e os escritores de ficção científica, imaginam uma matéria escura, com gravidade negativa e massa negativa, que seria usada para impedir que o túnel desmorone. Foi o que fez o astrônomo Carl Sagan em seu romance “Contato”. Aquele que virou filme com a Jodie Foster. A novidade da pesquisa iraniana é que eles encontraram um meio de estabilizar o túnel espaço temporal sem apelar para a matéria escura. Para isso basta esticar a entrada do túnel para que ela deixe de ser uma esfera. E fique mais ou menos oval.
Por enquanto é só um estudo teórico. Mas mostra que a concepção de wormhole mostrada em filmes como Interestelar, Jornada nas Estrelas e na série Dark não funciona na vida real.
Jorge Luiz Calife
1 Comentário
Os famosos Einstein Rosen será que um dia consiguiremos
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