Marte à vista

by Diário do Vale

Os árabes foram os vencedores na atual corrida ao planeta Marte. À uma hora da tarde da última terça feira a sonda espacial Hope, dos Emirados Árabes Unidos, acionou seus seis motores durante 27 minutos e entrou em órbita em torno do planeta vermelho. Em Dubai foi uma noite de festa com raios laser e holofotes iluminando a agulha de vidro e aço do Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo. Com isso os emirados árabes se tornaram o quinto país a enviar uma nave para Marte com sucesso. Sendo antecedido pela Nasa dos Estados Unidos, a Agência Espacial Russa, a Agência Espacial Européia e a Índia.

Lançada ao espaço no dia 19 de julho passado, no cone de um foguete japonês H-IIA, a Hope, um robô de 200 milhões de dólares, levou sete meses viajando pelo espaço até se aproximar de Marte na semana passada. Para entrar em órbita ao redor do planeta ela precisou reduzir sua velocidade, de 121 mil quilômetros horários para 18 mil. A nave leva instrumentos para estudar a atmosfera marciana numa cooperação entre a agência espacial dos emirados e a universidade de Boulder no Colorado.

A Hope é a primeira de um trio de sondas enviadas ao planeta vermelho. Como as caravelas Nina, Pinta e Santa Maria de Cristovão Colombo. Logo atrás dela vem a sonda chinesa Tianwen-1, que já enviou uma foto em preto e branco do seu objetivo. A Tianwen é mais sofisticada. Além de orbitar Marte ela deve lançar um pequeno robô para pousar nos desertos marcianos, na mesma região onde desceu a sonda americana Viking na década de 1970. E a última nave da flotilha, equivalente a Santa Maria de Colombo, é a Perseverance americana, que decolou para Marte no dia 30 de julho. A Perseverance é um robô de 2,7 bilhões de dólares que leva até um helicóptero drone para voar em Marte.

Se tudo correr bem ela desce na cratera Jezero no dia 18 próximo. Mas antes ela precisa sobreviver aos “sete minutos de terror” temidos pelos engenheiros da Nasa. Ao contrário das sondas chinesa e árabe, que usam motores para reduzir a velocidade, a Perseverance vai mergulhar direto na atmosfera marciana. Viajando a uma velocidade de 13 mil quilômetros horários ela precisa frear, reduzindo essa velocidade para zero em apenas sete minutos. Para isso ela conta com um paraquedas hipersônico e um conjunto de retrofoguetes montados no que os americanos chamam de Skycrane (guindaste celeste). Eles fazem a nave pairar no ar, alguns metros acima do solo, enquanto o carro robô, do tamanho de uma van, é baixado até a superfície suspenso em cabos de aço.

Essa manobra foi realizada com sucesso durante a chegada da sonda Curiosity em Marte, em agosto de 2012. Mas os riscos sempre existem. Durante a entrada na atmosfera marciana a sonda será submetida a temperaturas de 27 mil graus centigrados, protegida por uma concha de resina a prova de calor. Uma novidade na missão do Perseverance é que toda a manobra de pouso, começando pela abertura dos paraquedas, será registrada por câmeras de alta resolução. Todavia, a distância entre a Terra e Marte faz com que as imagens e informações levem dez minutos para serem captadas pelas antenas parabólicas no nosso planeta. Foi por isso que os árabes tiveram que cruzar os dedos e esperar enquanto a Hope manobrava automaticamente em torno de Marte.

O interesse mundial pela exploração do planeta vermelho vem do fato de que é um dos mundos mais próximos da Terra. E tem uma atmosfera rarefeita, onde nossas máquinas podem operar sem grandes problemas. Vênus chega mais perto de nós, porém sua atmosfera oculta pressões esmagadoras e temperaturas de 400 graus centígrados. Como disse a representante da agência espacial dos emirados, Sarah Al Amiri, trata-se de uma “jornada extraordinária para a humanidade”. Uma raça de bípedes que caminha a passos largos para se tornar uma espécie multiplanetária.

 

Jorge Luiz Calife

Marte: A primeira foto enviada pela sonda chinesa

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1 comment

Bolsonaro 2022 13 de fevereiro de 2021, 17:23h - 17:23

Leva os políticos da esquerdopata de cobaia.

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