O mistério da vida no planeta Vênus

by Diário do Vale

Em setembro do ano passado uma revelação abalou o mundo da astronomia. Um artigo na revista Nature Astronomy anunciava a detecção do gás fosfina em grandes concentrações nas nuvens da atmosfera venusiana. Um dos autores do artigo, a astrobióloga  Jane Greaves, da universidade de Cardiff, declarou que a concentração de fosfina era muito maior do que seria possível produzir por processos não biológicos, como por exemplo vulcões. E que a fonte do gás deveriam ser organismos vivos, como bactérias, vivendo nas altas camadas da atmosfera venusiana. Um estudo anterior, feito em 2019, revelava que a absorção da luz nas nuvens venusianas era compatível com a existência de micro-organismos.

A pesquisa da universidade de Cardiff foi saudada pelo então diretor da Nasa, Jim Bridenstine que pediu aos cientistas espaciais que voltassem a focalizar Vênus. Devido a um efeito estufa descontrolado a superfície venusiana é um deserto escaldante, com temperaturas de 400 graus centígrados. Nenhuma forma de vida conhecida poderia existir lá. Todavia, nas nuvens que cobrem o planeta, a temperatura é amena. E existe até mesmo uma camada, na alta atmosfera onde a temperatura é semelhante a da Terra. Organismos microscópicos, ou até mesmo de tamanho maior poderiam viver lá, flutuando num mundo de nuvens.

Mas estudos posteriores não confirmaram a existência de fosfina. A equipe de Cardiff foi duramente criticada pela União Astronômica Internacional e supõe-se que o falso sinal de fosfina teria sido provocado por um erro de medição. Outras observações, em outras faixas do espectro, que deviam ter comprovado a existência do gás fracassaram.

Mesmo assim a possibilidade da existência de vida nas nuvens venusianas não foi totalmente abandonada. O ideal seria enviar ao planeta um balão sonda, como o que foi utilizado nas missões Venera da União Soviética na década de 1980. O balão poderia flutuar na atmosfera venusiana durante semanas e fazer medições in loco. O problema é que uma missão desse tipo teria um custo muito alto. E as maiores agências espaciais do planeta, nos Estados Unidos, Europa e China já estão com seu orçamento comprometido.

Em uma entrevista para o site Space.Com, Peter Worden, diretor do Projeto Breakthrough Initiative revelou que o grupo esta estudando várias propostas de missões espaciais para procurar vida em Vênus. Desde sondas pequenas e baratas, custando em torno de dezenas de milhões de dólares, até naves pesadas com balões que custariam um bilhão de dólares. A Breakthrough Initiative é um projeto fundado pelo bilionário soviético Yuri Milner para procurar vida fora da Terra.

Usando o radiotelescópio de Parkes, na Austrália, a equipe do Breakthrough Initiative detectou um possível sinal de vida inteligente vindo da estrela Proxima Centauri, em dezembro passado. O sinal apresentava uma oscilação de frequência que seria compatível com um transmissor montado na superfície de um planeta. Sabe-se que Proxima Centauri, que fica a 4,2 anos-luz da Terra, tem pelo menos um planeta, Proxima B girando ao seu redor. Infelizmente o sinal não se repetiu e é possível que tenha sido provocado por interferência de transmissores terrestres. O radiotelescópio de Parkes já sofreu problemas com esse tipo de interferências no passado.

Apesar de todas essas esperanças e decepções os cientistas não desistem. Eles querem provar que não estamos sozinhos no universo.

 

Jorge Luiz Calife

Balão: Sonda pode procurar micro-organismos em Vênus

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