Observatório polar detecta neutrino de galáxia distante

Por Diário do Vale

Blazar: Buraco negro produziu os neutrinos

Cientistas americanos conseguiram determinar a localização de uma fonte cósmica de neutrinos. Uma partícula, que atingiu um detector situado na calota de gelo da Antártida veio de um blazar, uma galáxia ativa situada a 4 bilhões de anos-luz. A descoberta resolve um enigma de mais de um século, que é a fonte dos misteriosos raios cósmicos detectados desde 1912. E só foi possível devido a um novo detector de neutrinos, o Ice Cube Observatory (Observatório Cubo de Gelo) instalado na calota de gelo da Antártica pela Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Quando começaram a estudar as fontes naturais de radiação, no início do século 20, os cientistas descobriram uma fonte situada no espaço. Instrumentos colocados em balões que voavam a grande altura detectavam todo o tipo de partículas atômicas vindo do espaço sideral. Por isso essa radiação recebeu o nome de raios cósmicos, por vir do Cosmos, o Espaço Sideral.

Logo se descobriu que algumas dessas partículas vinham do Sol, que emite prótons, neutrinos e elétrons devido à fusão nuclear em seu núcleo. Mas restavam outras fontes situadas no espaço profundo, além da Via Láctea, que é a galáxia onde vivemos. A dificuldade em localizar essas fontes extragalácticas acontece porque algumas partículas dos raios cósmicos como, por exemplo, os prótons possuem carga elétrica, e por isso são desviadas pelos campos magnéticos da Terra e outros planetas.

Para encontrar a fonte dos raios cósmicos os cientistas precisavam observar os neutrinos. Os neutrinos são partículas fantasmagóricas que não possuem carga elétrica e quase não tem massa. Milhares dessas partículas atravessam a Terra e os nossos corpos todos os dias e nem percebemos. Elas não costumam interagir com a matéria comum. São como fantasmas que passam através das paredes e outros corpos sólidos.

Muito raramente um neutrino colide com o núcleo de um átomo. Quando isso acontece o átomo fica excitado e emite um múon, que é um outro tipo de partícula atômica. A emissão do múon é acompanhada por um brilho azul, a radiação de Cherenkov, que pode ser registrado por fotocélulas hipersensíveis.

Icecube: Que foi parar na Antártida.

Levando tudo isso em conta a Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos construiu um enorme detector de neutrinos na Antártica, o Observatório Cubo de Gelo. Ele fica perto da base americana de McMurdo e contem 86 sensores enterrados no gelo a dois quilômetros de profundidade dentro da calota polar. Isso garante que qualquer partícula que for detectada será um neutrino, porque só os neutrinos podem atravessar uma barreira de gelo de dois quilômetros de espessura.

Em setembro do ano passado um dos detectores, do tamanho de uma bola de basquete detectou um neutrino extremamente poderoso, com uma energia de 300 teraeletrons-volt. Isso é cinquenta vezes mais energia do que as partículas produzidas pelo maior acelerador do mundo, o Grande Colisor de Hadrons do CERN, na Europa. Imediatamente os cientistas pediram a ajuda de observatórios do mundo inteiro para observar a região do céu de onde tinha vindo o neutrino superpoderoso.

Da busca participaram o satélite Fermi, detector de raios gama da NASA, e o Magic, um telescópio de raios gama situado nas ilhas Canárias. Eles confirmaram a existência de uma galáxia ativa naquele ponto. A galáxia é uma blazer, que contem um grande buraco negro em seu centro. Esse buraco negro emite feixes de radiação através dos polos norte e sul. E um desses feixes se encontra apontado para a Terra. Foi mais um êxito da nova astronomia multiespectral, que usa instrumentos e radiações diferentes para estudar os fenômenos do nosso universo.

 

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2 Comentários

JRMA 20 de julho de 2018, 17:13h - 17:13

Levando em conta o pedido de Valmir Almeida quero comentar o trecho abaixo :

“Muito raramente um neutrino colide com o núcleo de um átomo. Quando isso acontece o átomo fica excitado e emite um múon,”

Comentário : ESSE ÁTOMO É UM TARADO.

Valmir Almeida 19 de julho de 2018, 20:21h - 20:21

Acredito que que ficaríamos por demais felizes, se esta reportagem recebesse bem mais comentários do que as das paginas policiais.

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