64 – O Retorno

by Diário do Vale

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Há quem diga que não existem mais a Direita e a Esquerda. E não são poucos os que assim pensam.
Na realidade, vários conceitos foram se tornando obsoletos. A história registra e, daí, essa confusão tem um campo fértil para se instalar.
No momento, alguns importantes quadros da Esquerda, ou pelo menos, digamos assim, da ex-esquerda mergulharam fundo em práticas outrora catalogadas na “ex” direita, com alianças e atitudes que nada têm a ver com a ética de quem defendia mudanças na sociedade.
Com isso, a conclusão primeira é que não há mais direita nem esquerda no Brasil, aliás no mundo. Vide a globalização que vem se impondo, imprimindo uma varredura nos conceitos que norteiam, ou melhor, que norteavam muitos posicionamentos que marcavam as divisões sociais.
A Globalização mexeu com muita coisa. É uma verdade inconteste. Mas nem tudo mudou tanto.
Vivemos no Brasil uma ebulição política e, por conta, muitas verdades saem do armário.
Inúmeras palavras de ordem das manifestações repetem os instantes que antecederam o golpe militar de 1964.
Muita gente veio para rua afirmando que havia uma tentativa do governo do Jango para impor o comunismo no Brasil. Seria uma nova Cuba (!?).
Por incrível que pareça, quando a política mundial está impondo a aproximação dos Estados Unidos com Cuba, há faixas contra o país governado pelo partido comunista, como a China é.
Há faixas pedindo a volta da ditadura. Incrível que isso aconteça.
No sentido contrário, as manifestações contra a presidente Dilma, que já diminuíram de intensidade, com razões objetivas de existir, contra a corrupção, a impunidade, e exorcizando o PT, podem levar a um retorno por tudo nefasto.
Ora, a crise não é nova. A crise não é um “privilégio” nosso, brasileiros. Não, a crise é mundial e vem se instalando por partes e vários países já passaram ou estão passando, como Portugal e Espanha, e convivendo com ela apertando os cintos.
As mesmíssimas taxas de desemprego também ocorreram e ocorrem do outro lado mundo. Inflação crescente e medidas para controlar os efeitos desta crise têm que ser tomadas. E estão sendo tomadas. Também medidas contra a corrupção vêm sendo tomadas como nunca visto.
Há, no entanto, oportunistas de plantão que veem na crise a oportunidade de atacar a democracia e bancar o retrocesso.
Importantíssimas as manifestações das ruas, até para deixar claro o quanto a sociedade quer mudanças e punições.
Estão ocorrendo mudanças visando à correção dos erros das políticas econômicas implementadas pelo governo que redundaram nesta situação, são necessárias e estão ocorrendo.
Agora o Fernando Henrique que pede a renúncia (outro nome para impeachment) da presidente Dilma.
O PSDB, seus próceres, está apostando alto na crise. Porém, está dividido quando se pensa numa nova eleição, num terceiro turno.
Ao governador de São Paulo não interessa neste momento a derrubada do governo. Alckimim sabe que ganhar tempo só o favorece internamente.
Aécio, ao contrário, descaradamente golpista, sabe que seu momento no partido é agora. Ele que perdeu duas vezes para Dilma em seu Estado, duas vezes no Brasil, não conseguindo fazer o seu sucessor, o golpe viria a calhar.
Imaginemos que a cada crise internacional os presidentes dos vários países sofressem impeachment, o que restaria das democracias? Que valor teria uma eleição?
As manifestações de rua são importantes e uma série de medidas estão sendo tomadas porque estão sendo ouvidas.
E o FHC diz que a eleição que deu à Dilma 53 milhões de votos é legal, mas ilegítima.(!!!???)
53 milhões de votos são ilegítimos?!

NELSON RODRIGUES | [email protected]

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1 comment

Valim 25 de agosto de 2015, 09:43h - 09:43

Como o senhor Nelson Rodrigues Filho está em dúvida sobre o que é legítimo, eu vou dizer:
Legítimo é tachar de golpista um político de oposição, sem se dar o trabalho de apresentar um argumento.
Legítimo é considerar antidemocrático a manisfestação de 1 milhão de brasileiros que não pegam em armas e nem fazem trincheiras.
Legítimo é resumir a crise de governabilidade em uma crise econômica.
Legítimo é desviar verbas de estatais para campanhas de partidos… de esquerdas, é claro.
Explicado!?

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