A arte viva na fé

Por Diário do Vale

O recente incêndio que destruiu boa parte Catedral de Notre-Dame, na França, fez acender a luz vermelha em muitos países para os inúmeros patrimônios da fé, verdadeiros celeiros de obras de arte que remontam há séculos. São locais que contam infindas histórias marcantes sobre a vida cultural e a vida religiosa de um povo, e que, em muitos casos, por diversos motivos, correm sério risco de desaparecerem.
Na verdade, quando pensamos em um lugar sagrado, logo nos vem à cabeça uma enorme construção arquitetônica, um templo destinado à oração. É bom que se diga que nem sempre foi dessa maneira. As sociedades mais arcaicas atribuíam sacralidade a elementos da Natureza, como uma montanha, uma árvore, uma cachoeira e, até mesmo, uma sepultura. Um exemplo muito claro disso é o rio Ganges, na Índia, ou ainda o Templo de Salomão, localizado na cidade de Castro, no Paraná.
É fato que as milhares de igrejas espalhadas pelos quatro cantos da Terra contam com variadas relíquias, e podem ser consideradas verdadeiros museus, pois são lugares onde habita a arte em toda a sua extensão e grandiosidade. São arquiteturas e pinturas de diferentes períodos, do Gótico ao contemporâneo, espaços que imortalizam um tempo, isso porque não são apenas os objetos que estão abrigados nessas capelas, igrejas, catedrais e basílicas que chamam a nossa atenção, mas, sim, todo o conjunto de prédios que reproduzem uma época distante e conhecê-lo de alguma forma, ao vivo, através de fotos ou outro meio, é aprender um pouco da História do mundo.
A arquitetura, independentemente da religião, é algo capaz de nos apaixonar e, sobretudo, ensinar, e quando acontece um incêndio como o que destruiu boa parte da Catedral de Notre-Dame, nós sentimos órfãos de parte da História e muitas vezes descrentes dos cuidados com esse legado.
Apenas para citar algumas preciosidades, vale pesquisar sobre a Abadia de Westminster, na Inglaterra, a Catedral de Orvieto, na Itália, a igreja de Santa Irene, em Istambul, a Basílica de São Pedro, em Roma, a Catedral de Toledo, na Espanha, a Sé Velha de Coimbra, em Portugal, a Catedral de Metz, na Alemanha, a Catedral de São Pedro e São Paulo, na Rússia, a Catedral de Cajamarca, no Peru, e a nossa Basílica de Nossa Senhora Aparecida, isso para citar algumas, já que são milhares espalhadas pelo mundo a nos contar histórias que atravessaram séculos.
O Brasil carrega, lamentavelmente, a pobreza e o descaso em não fazer de muitos dos seus espaços um lugar de culto à arte. Veja, por exemplo, os nossos museus; assim como em todo o mundo, deveriam servir à sociedade e ao seu desenvolvimento, mas pecam absurdamente nesse sentido. Estão relegados, muitas vezes à própria sorte, mas nem sempre ela é capaz de produzir um milagre. O museu da Quinta da Boa-Vista, no Rio de Janeiro, teve quase cem por cento do seu acervo queimado e hoje aguarda a boa vontade de poucos para voltar a ficar de pé.
Então é bom que se relembre que as igrejas, catedrais e tantos outros templos vão muito além da fé. Esses locais tiveram o poder (não necessariamente santo) de imortalizar nomes como Aleijadinho, Gaudi, Michelangelo, Giotto, Caravaggio, Tiepolo, Masaccio, entre muitos outros, figuras singulares que se entregaram à arte, pintando e esculpindo igrejas pelo mundo, provando mais do que nunca, que a fé caminha de mãos dadas com a plástica.
E entre as maiores igrejas do mundo, que tem como de primeira grandeza a Basílica de São Pedro, no Vaticano, duas, da lista de vinte e cinco nomes são brasileiras: o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, construída na cidade de Aparecida, em São Paulo, e o Santuário de Fátima da Serra Grande, que fica em São Benedito, no Ceará.
Reza a lenda que a fé remove montanhas e isso é algo que sempre esperamos e em que acreditamos. Faço parte dessa legião de esperançosos. Acredito que um dia teremos um país voltado para a educação e para a cultura. E quando este dia chegar seremos capazes de expressar o que sentimos e queremos, assim, e com certeza, deixaremos de ser a velha e cansada massa de manobra, a qual sempre acaba rezando na desgastada cartilha do poder e da submissão.

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