A chuva de meteoros que ninguém viu

by Diário do Vale

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Semana passada os telejornais deram destaque para a chuva de meteoros dos Orionídeos, que acontece normalmente, todo ano, no mês de outubro. Não sei se era falta de assunto. Com os tiroteios no Rio de Janeiro e o governo Temer apoiando a volta do trabalho escravo, assunto era o que não faltava. Aqui em nossa região as chances de ver alguma coisa no último fim de semana foram zero. Tinha uma frente fria chegando e o céu se manteve totalmente nublado. Mas mesmo quando não há nuvens as condições para observação da maioria dos fenômenos celestes são péssimas.

A longa estiagem deixou o céu esfumaçado, empoeirado. Geralmente só dá para ver as estrelas mais brilhantes, como Sirius, Alfa e Beta Centauro, ou Antares. Está difícil até enxergar os contornos das constelações. Mas os coleguinhas da televisão fizeram uma boa pesquisa sobre o assunto. Explicando que as chuvas de meteoros acontecem sempre que nosso planeta, a Terra, passa pelo rastro de poeira deixado por algum cometa. No caso dos Orionídeos, os meteoritos são partículas do famoso cometa Halley, que passa pela Terra uma vez a cada 76 anos. A trilha de poeira do cometa percorre o sistema solar e a Terra entra dentro dela duas vezes por ano. Em maio provocando a chuva de meteoros dos Eta Aquarídeos e em outubro com os Orionídeos.

O nome vem da constelação de onde os meteoritos parecem partir. No mês de outubro eles parecem vir da constelação do Orion. O mais belo conjunto de estrelas de todo o céu, que costuma nascer no horizonte leste lá por volta de meia noite. Orion é um quadrilátero de estrelas brilhantes com uma linha de três estrelas brancas bem no meio, conhecidas popularmente como Três Marias. Se o leitor quiser ver as estrelas cadentes do Orion, ainda tem uma chance, elas continuam riscando o céu da madrugada até o dia 29 de outubro. Ou seja, domingo que vem. Espera-se que até lá a frente fria já terá ido embora para o Espírito Santo e tenhamos céus estrelados de novo. O melhor lugar para ver chuvas de meteoros em nossa região é no Parque do Itatiaia. Você pode acampar por lá, ou se hospedar em algum dos hotéis que ficam no parque.

Devido a altitude o parque fica acima da camada mais poluída e empoeirada da atmosfera. E o céu se enche de estrelas. Passei uma noite lá, há muitos anos, e fui contemplado com um belo meteorito, que riscou o céu como uma gota de fogo azul. Esta semana, enquanto a Terra estiver passando pelo rastro do cometa, é possível ver até 20 meteoritos por hora. Eles são grãos de matéria do cometa que se queimam na atmosfera devido a alta velocidade.

E bota velocidade nisso. Os Orionídeos estão entre os meteoritos mais rápidos, atingindo a atmosfera terrestre com velocidade em torno dos 230 mil quilômetros por hora. Se uma nave espacial entrar na atmosfera com essa velocidade ela também vai queimar como uma estrela cadente.

A lua está saindo da fase nova, e aparece como um fino crescente. O que deixa o céu escuro e favorece a observação. Desde que o leitor se afaste da poluição luminosa das grandes cidades. Lembro da época em que a cidade de Pinheiral, onde moro, era iluminada com lâmpadas incandescentes. E o céu a noite era uma maravilha. Dava para ver a Via Láctea como um arco de luz leitosa e até as galáxias distantes, como as Nuvens de Magalhães. Hoje a iluminação é a vapor de sódio, que apagou 90% das estrelas do céu.

Assim restam dois refúgios para os amantes das estrelas. O alto das serras, longe das cidades, como o parque de Itatiaia. Ou o mar da Costa Verde. É só sair de Angra ou Paraty em um barco a noite e ir para o mar aberto, a mais de dez quilômetros da cidade mais próxima. E as estrelas cadentes estarão ao seu alcance.

Beleza: Uma chuva de meteoritos no auge

Beleza: Uma chuva de meteoritos no auge

 

 

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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8 comments

Comissário Gordon 30 de outubro de 2017, 09:28h - 09:28

Oreon que eu conheço e aquele biscoito. Por sinal uma delícia.
Paz nas estradas.

Onironauta 29 de outubro de 2017, 07:07h - 07:07

De Pinheiral consegui observar no amanhecer do dia 20 por volta de 4 da manhã, após um episódio de insônia. Embora fosse possível ver um ou outro a olho nu, ficou melhor observável com um bom binóculo. Devido a posição no céu àquela hora da constelação de Orion, foi ideal usar uma cadeira de praia, preveniu dores no pescoço. No dia 21 já não foi mais possível de fato, o céu ficou encoberto.

geninha 30 de outubro de 2017, 16:30h - 16:30

Por isso q eu não bebo mais, essas cachaças estão, quase todas, batizadas.

الفتح - الوغد 28 de outubro de 2017, 19:50h - 19:50

Calife em sua essência. Muito bom texto!…

Fora comunista 28 de outubro de 2017, 07:03h - 07:03

Vovó Mafalda, troca esta foto dos anos 80.

Geninha 28 de outubro de 2017, 23:40h - 23:40

Poxa, pare de pegar no pé da vovó Mafalda, vou mandar o papai papudo ti pegar.

Negão do Zap 29 de outubro de 2017, 10:46h - 10:46

Melhor não mexer com a Dona Florinda de Pinheiral, senão voltam aqueles textos involuntariamente cômicos sobre política, juventude, economia, comportamento…

Anderson 27 de outubro de 2017, 09:51h - 09:51

Boas notícias só mesmo da ciência, pois lá de Brasília e daqui do estado do Rio de Janeiro, só trevas…

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