Dia 2 de abril foi comemorado o “Dia Mundial de Conscientização do Autismo”. O dia foi decretado pela Organização Mundial das Nações Unidas em 2008 e de lá pra cá vem se fortalecendo cada dia mais, como um movimento, cujo objetivo é chamar a atenção da sociedade para essa síndrome que atinge mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo.
O autismo tem um espectro enorme e existem casos tão leves que chegam a ser confundidos com comportamentos desajustados apenas, o que dificulta o tratamento e intervenção adequada.
As causas ainda não são conhecidas e existem diferentes formas e graus. O autismo afeta quase cinco vezes mais meninos do que meninas. De cada um milhão de pessoas no país diagnosticadas com autismo, apenas cem mil, segundo pesquisas, recebem algum tipo de tratamento, infelizmente.
O que é o autismo?
O autismo é um transtorno do desenvolvimento e se manifesta antes mesmo dos três anos de idade. É uma disfunção global do desenvolvimento, alteração que afeta a capacidade de comunicação, sociabilização e comportamento da pessoa. A pessoa apresenta comportamentos repetitivos e áreas restritas de interesse. Movimentos repetitivos podem ser observados como as mãos em movimento contínuo e fazer sons também, entre outros exemplos.
Apresentam um comportamento intencional que segue determinadas regras como a arrumação de brinquedos, objetos em geral e móveis numa determinada posição. Os rituais diários parecem oferecer uma certa segurança aos autistas e por esse motivo, seguem a rotina de modo obsessivo.
Diagnóstico
No Brasil, o diagnóstico do autismo oficial é organizado pelo Código Internacional de doenças (CID-10). O diagnóstico é obtido através da observação clínica, relato de pais e responsáveis, alguns exames laboratoriais que permitem uma maior compreensão de cada quadro, porém não existem marcadores biológicos determinantes que definam por si só o quadro. O diagnóstico é clínico.
O diagnóstico é realizado quando a criança, até os três anos de idade, apresenta comprometimento nas áreas de linguagem, comunicação e interação social. A comunicação quando afetada envolve fala e entendimento. Em alguns casos, é apresentado também retardo mental e epilepsia.
Em casos extremos, como no autismo clássico, se faz presente a deficiência intelectual grave, sem desenvolvimento da linguagem. Em outros casos, a criança pode não se expressar verbalmente porém se comunica através de imagens e computador, por exemplo. Em um outro tipo de autismo, como no Asperger, não existe deficiência intelectual e nem na linguagem, mas a interação social é comprometida e muitos são verdadeiros gênios em sua restrita área de interesse.
Alguns casos apresentam baixa funcionalidade na socialização, comunicação e realização de tarefas simples, mas possuem capacidades específicas como fazer cálculos complexos de cabeça do modo extraordinário.
Comportamento
A maioria dos pais suspeitam que algo está errado antes mesmo da criança completar dois anos. Normalmente as crianças possuem dificuldades em brincar de faz de conta e dificuldades na comunicação verbal e não verbal (comportamentos). Algumas crianças tem o desenvolvimento normal e regridem antes de um ou dois anos perdendo as habilidades linguísticas ou sociais que adquiriram anteriormente, o que caracteriza autismo regressivo.
Fazer movimentos corporais repetitivos, demonstrar apego anormal e excessivo a objetos, ter uma resposta emocional anormal quando há mudanças na rotina, entre outros, são alguns dos comportamentos que uma criança autista pode apresentar. Na interação social, a criança não faz amigos, não responde a contato visual e sorrisos, pode tratar pessoas como se fossem objetos, isolam-se e mostram falta de empatia.
Também não se assustam com sons altos, podem achar ruídos normais extremamente dolorosos e reagir a isso, tem seus sentidos (visão, audição, tato, olfato ou paladar) ampliados ou diminuídos, evitam contato físico, parecem ter diminuição ou aumento na resposta à dor. Nas brincadeiras, não imita as ações dos outros, prefere brincadeiras solitárias e com rituais, nunca brinca de faz de conta ou imaginação.
Pode ser hiperativo ou muito passivo, ter o comportamento agressivo com outras pessoas e consigo mesmo. Possui poucos interesses, acesso de raiva intenso, pode ficar preso perseverantemente em um único assunto ou tarefa.
Tratamento
Com o tratamento correto, muitos dos sintomas podem melhorar e a maior parte das pessoas com autismo conseguem viver normalmente na sociedade. A família, pais e educadores, também precisam de acompanhamento psicológico muitas vezes para aprender a lidar melhor com a Síndrome e colaborar com todo o tratamento.
O tratamento consiste em intervenções psicoeducacionais, orientação familiar e desenvolvimento da linguagem e comunicação. O ideal é que tenha uma equipe multidisciplinar trabalhando, com a colaboração de um psiquiatra, psicólogo clinico, fonoaudióloga, pediatra, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta.
No acompanhamento psicológico, são realizados treinos em habilidades sociais e para adequação da conduta. São incentivadas as relações sociais e o desenvolvimento do comportamento emocional eficaz e adequado a sociedade para que a criança possa tornar-se um adulto adaptado a todas as futuras possíveis demandas.
Ao longo do tratamento se busca desenvolver ao máximo as habilidades sociais e comunicativas da criança. Para cada caso é desenvolvido um programa de tratamento específico e o foco é sempre na redução de problemas comportamentais e no apoio e incentivo a comportamentos que favoreçam a interação social e a aprendizagem de novas habilidades.
A criança aprende a se relacionar em contextos sociais e iniciar, manter e finalizar um diálogo da maneira mais assertiva possível. Certos adultos autistas são capazes de ter sucesso na vida profissional. Os problemas de comunicação e sociabilização causam dificuldades em muitas outras áreas da vida.
Com o tratamento correto a pessoa se torna cada vez mais adaptada socialmente de modo que traços da doença sejam imperceptíveis para quem não acompanhou o desenvolvimento dessa criança. O empenho tanto da equipe de profissionais quanto da família são imprescindíveis.
Os sintomas do autismo permanecem com a pessoa durante toda a sua vida. Em um grau mais leve a pessoa parece apenas ter um comportamento diferente, já em um elevado, a pessoa pode ser incapaz de falar ou cuidar de si mesma. A intervenção feita o quanto antes, pode fazer uma enorme diferença no desenvolvimento da criança e consequentemente em sua vida adulta e independência, que é a maior preocupação dos pais ao chegarem ao consultório em busca de ajuda e orientação.
Caso Carly Fleischmann
Um dos casos atuais mais impressionantes foi o de Carly Fleischmann. Uma menina autista, nascida no Canadá que não se comunicava com o mundo exterior de nenhum modo. Desde os três anos de idades seus pais foram sempre dedicados e resilientes, proporcionando a ela tratamento intensivo e sem interrupção. Ao longo de anos, o progresso da menina era lento e frustrante para eles. Quando Carly completou onze anos, foi até o computador e escreveu a palavra DOR e em seguida escreveu AJUDA e saiu correndo para vomitar em seu banheiro. Seus pais e os profissionais ficaram impressionados e sem reação, já que ela nunca havia se comunicado antes. A partir daí, com o incentivo dos pais, Carly passou a escrever outras coisas e comunicar-se de maneira a explicar alguns comportamentos que tinha como portadora de autismo e dando luz a mais estudos e pesquisas.
Existem hoje alguns tratamentos específicos para minimizar comportamentos inadequados de crianças e adolescentes autistas. Por isso é tão importante informar-se a respeito dessa síndrome, assim como, dos possíveis tratamentos e profissionais disponíveis no mercado hoje para que o tratamento seja iniciado o quanto antes. Conhecimento e informação continuam sendo as melhores armas contra o preconceito e discriminação.
Por Aline Stteel – Psicóloga Clínica, Coach e orientadora vocacional.
Aline Stteel/ [email protected]
1 comment
Com todo respeito, essa doutora e uma gata, um colirio, no meio de tanto homem feio melhora o visual, (gente sem briga é pra discontrair).
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