A crise, a Dilma e o Alexis Tsipras

Por Diário do Vale

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É grave a crise. Segunda-feira passada o Jornal Nacional mostrou paraguaios e bolivianos atravessando a fronteira para fazer compras no Brasil. O motivo, segundo o JN, é que a moeda deles está valendo mais do que a nossa. O guarani valendo mais do que o real é algo que não teríamos imaginado nem em uma história de ficção científica. E enquanto as coisas vão piorando o povo se preocupa com o desempenho da seleção nas eliminatórias e com a ginástica diária para pagar as contas. E o Titanic brasileiro afunda cada vez mais.
O pior problema com o governo Dilma Rousseff é sua falta total de credibilidade. Quando um líder tem credibilidade ele pode tirar o país dos maiores abismos. Sem moral e sem credibilidade nada é possível. Há 75 anos, no início da Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra estava cercada de inimigos por todos os lados. A Alemanha nazista tinha assumido o controle da Europa continental e colocado suas tropas até na Noruega. Londres, a capital inglesa, sofria bombardeios diários da aviação alemã.
Nesse cenário tenebroso o primeiro ministro britânico, Winston Churchill fez um discurso famoso onde pedia apoio ao povo para resistir. E concluía dizendo que só podia prometer “sangue, suor e lágrimas”. A população se uniu, decidida dar o sangue, o suor e as lágrimas que seu líder pedia e conseguiu derrotar o inimigo na épica Batalha da Inglaterra. Quando o destino dos ingleses foi decidido nos céus azuis acima da capital por um punhado de aviadores que combateram a invasão inimiga.
A história desta resistência inglesa foi contada em um ótimo filme, “A Batalha Britânica”, estrelado pelo Michael Caine. Mas o que eu quero destacar aqui é a credibilidade que o primeiro ministro britânico tinha. De pegar o microfone do rádio e pedir ao povo que resistisse, prometendo só sangue suor e lágrimas. Não é qualquer um que pode fazer um pedido desses e virar a mesa.

Mais exemplo

Outro exemplo vem da Grécia, país que foi o berço, o ponto de onde surgiu a nossa civilização. A civilização da democracia e do pensamento científico. A Grécia se endividou e enfrenta uma crise severa com desemprego, desvalorização da moeda e tudo o mais. Mas seu líder, o primeiro ministro Alexis Tsipras, tem aquela credibilidade que Churchill tinha e a Dilma não tem. Quando a situação da Grécia chegou a um ponto crítico, em agosto passado, Tsipras renunciou e convocou novas eleições. Foi reeleito para um segundo mandato e continua a frente do governo grego.
Esta é uma opção que a nossa presidente não tem. É por isso que ela se agarra ao poder como um carrapato nas costas de um boi. Dilma sabe que se renunciar o povo não vai reconduzi-la ao planalto. Atualmente a senhora presidente não conseguiria ser eleita nem para síndica de prédio, quanto mais para presidente da República. Nem adianta ela pedir ao povo “sangue, suor e lágrimas” como fez o Churchill porque vai ser vaiada e não apoiada.
E diante dessa situação o país fica parado e não reage. Na semana passada o governo tentou submeter a votação, na Câmara dos Deputados, dos vetos da presidente ao aumento dos salários do judiciário e outras categorias. Não houve quórum para isso. Nem os deputados da base aliada do governo se incomodaram de ir a Brasília votar pela presidente. E se os políticos não acreditam mais no governo, o povo então muito menos. No último desfile de 7 de setembro em Brasília, Dilma foi representada por um boneco com um enorme nariz do Pinóquio.
É por isso que, na opinião desse cronista a situação do Brasil é pior do que da Inglaterra durante a blitzkrieg nazista, pior do que a situação da Grécia atual ou do Titanic depois de colidir com aquele iceberg. Porque a Inglaterra, a Grécia e o Titanic ainda tinham um líder no comando. O Brasil não tem, está navegando sem rumo, no piloto automático. Como aquele avião da Maleysia Airlines que sumiu no mapa.

 

Credibilidade: Povo reconduziu Tsipras ao poder (Foto: Divulgação)

Credibilidade: Povo reconduziu Tsipras ao poder (Foto: Divulgação)

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

 

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12 Comentários

Coxinha-de-cidade-oprerária 19 de outubro de 2015, 16:37h - 16:37

Lá vem o Donald Trump do brejo a iniciar suas reflexões com “deu no Jornal Nacional”, com a profundidade de uma redação de 8a série. Depois mistura Churchill com Tsipras, Titanic, avião malaio. Aguarde 2018 para ver Dilma fora do Planalto.

ricardo 19 de outubro de 2015, 18:41h - 18:41

KKKKKK ……

ricardo 18 de outubro de 2015, 14:17h - 14:17

Al Fatah, vc diz : paixão, ódio … quem vem espalhando isso já algum tempo pelo país afora são os coxinhas que não se conformam por ter perdido as eleições por 1 MULHER que nem falar direito sabe. Esse ódio já vem de a muito tempo quando a presidenta, ministros e membros do governo vem sendo execlada, xingada e humilhada nos estádios de futebol, nos restaurantes com seus familiares, em praça pública. Demonstração de ódio é quando a chefe da nação vai falar em cadeia de comunicações e os coxinhas fazem panelaço (não me interessa o que vai dizer, seja bom ou ruim, não me interessa …). Ódio no coração é quando o representante dos coxinhas na campanha presidencial chama as candidatas de mentirosas e levianas, logo ele, que grande parte do eleitorado mineiro e carioca o conhece muito bem. Ódio no coração é querer tirar da presidencia uma governante eleita democraticamente pela maioria popular se aproveitanto da perturbação política causada pelo partido perdedor. Quem votou na Dilma não tem motivos pra ter ódio no coração, muito pelo contrário, apesar do governo dela estar sendo muito ruim, e seu índice de aprovação estar no buraco, não é conveniente o impeachment. Tá ruim com ela, pior sem ela, pelo menos com ela lá muitos políticos safados que estão aí travando o nosso país ainda vão aparecer. Se for pra ir pra rua cobrar da presidenta, melhoria na educação, saúde, economia e emprego, tô dentro … agora, se for pra pedir seu afastamento, tô fora. Estamos num regime presidencialista, não é parlamentarismo não.

Al Fatah 17 de outubro de 2015, 23:29h - 23:29

Retração de 3% no PIB é algo muito sério. O governo tem que decidir se quer controlar a inflação ou matar o Brasil, porque a política de juros altos é mais nefasta para a economia que a inflação alta propriamente dita… O povo, com o financiamento caro e difícil, parou de comprar, o que gera prejuízos imediatos nos setores industrial e comercial, que acabam por demitir. Os demitidos demandarão mais os serviços do governo, como seguro-desemprego, escolas e hospitais públicos. O governo vai gastar mais ao mesmo tempo em que arrecadará menos, devido à inadimplência e ao menor recolhimento de impostos, que são sempre diretamente proporcionais à saúde financeira dos contribuintes. O dinheiro da poupança, usado para financiamentos imobiliários e de obras de infraestrutura, está declinando rapidamente, afinal o povo está precisando queimar a gordura acumulada, e o ciclo vicioso cada vez mais se fecha…

No mais, Calife falou algo muito sério. Numa crise, deve-se confiar no líder, e nossa líder não tem qualquer respaldo popular e credibilidade porque MENTIU para seu povo quando da campanha eleitoral! Mais do que econômica, essa crise é política em sua essência. Ninguém gosta de ver seu sinto apertar enquanto seus governantes usam fivela frouxa…

ricardo 18 de outubro de 2015, 13:13h - 13:13

Gosto de ouvir pessoas que realmente sabem o que falam e tem conhecimento de causa, que falam a mesma língua que a minha e vc é uma delas, mas não querendo ser pessimista, não vejo no nosso cenário político atual, 1 partido ou representante político em condições moral, ética e confiabilidade do povo em condições mínimas para tal empreitada. Foi como dito anteriormente : Não vejo luz no fim do túnel.

ricardo 18 de outubro de 2015, 19:01h - 19:01

Qual político não mente ? Qual político nas campanhas eleitorais não mentiu ? Na gestão e experiência política adquirida ao longo dos anos eles aprimoram cada vez mais a arte de mentir e enganar o povo, em especial os analfabetos políticos.

ricardo 16 de outubro de 2015, 18:42h - 18:42

Vcês da mídia tem por obrigação ser imparcial nos comentários quando se trata de política por influenciar opiniões ( dos analfabetos políticos ). Não queiram se sentir culpados por induzir a população a erros por ideologia política.

Al Fatah 17 de outubro de 2015, 23:33h - 23:33

Ele está sendo imparcial na medida em que está DIZENDO A VERDADE. Por mais que te doa, é a verdade, um fato que está aí para quem quiser ver, a não ser para os cegos pela paixão ou pelo ódio…

ricardo 16 de outubro de 2015, 15:13h - 15:13

Concordo plenamente em gênero número e grau quando diz que não há luz no final do túnel e estamos numa situação pior que da Grécia e Inglaterra. Somos 1 país de analfabetos políticos, enquanto pensarmos que o problema do Brasil é a Dilma, o PT ( e não 1 problema crônico, generalizado ), não vamos chegar a lugar nenhum. Até dias atrás os coxinhas empunhavam bandeira pro impeachment de Dilma e apoio a Cunha, Renan Calheiros e Aécio, Collor é hoje senador da república. Onde estão agora os batedores de panela ? O dia que enxergarmos que político é tudo igual e o que os diferencia é só a sigla do partido, aí sim, as coisas pode mudar. Já disse aqui numa discussão recente : A maioria dos familiares desses políticos não residem no Brasil, será porque heim ?

ÊTA POVINHO 17 de outubro de 2015, 00:05h - 00:05

Ué, alguns eleitores reelegem os politiqueiros e agora a culpa é dos POLÍTICOS E DOS 33 PARTIDOS (era 32 até dias atrás)? Eles são todos iguais? 513 mais 81 no senado, 71 na ALERJ são todos iguais? Eu só conheço iguais os 21 vereadores na CMVR, pois são controlados pelo prefeito. Aqui se tivessem 01 vereador do lado do povo lutaria pelo impedimento do prefeito por descumprir as leis.

Creio que quem joga a culpa em todos, pouco entende de política e partidos políticos, e muito menos de justiça eleitoral neste MEU BRasil.

ricardo 17 de outubro de 2015, 15:39h - 15:39

Entenda … quando digo que político é tudo igual é porque eles ( todos, sem excessão ) falam só 1 língua : ganância, poder e dinheiro e isso não se consegue trabalhando não. Atrelado a isso vem a corrupção.

Al Fatah 17 de outubro de 2015, 23:43h - 23:43

Numa coisa você está certo. A corrupção é institucionalizada e não é partido A, B ou C que vai chegar no poder e fazer diferente. A mudança começa pelo povo, e por povo digo todos os segmentos da sociedade, afinal o brasileiro é individualista, imediatista e ganancioso por natureza… Quer muito com o mínimo de esforço, quer para si e no menor tempo possível, não importando as implicações. Essa mentalidade vem desde os tempos de colônia…

O Brasil só tem problemas com a inflação porque aqui todo mundo quer cobrar mais pelo seu produto do que ele realmente vale, desde tomate até carros e casas. É um país extremamente difícil de se governar…

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