A maga do Barks e a terceira lei de Clarke

by Diário do Vale

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Divulgação Magia: Maga do Barks controlava a gravidade
(Foto: Divulgação )

 

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Ciência: A magia das estrelas no cogumelo atômico
(Foto: Divulgação)

Com relação a coluna da terça-feira passada, um leitor lembra que além de todos os personagens citados naquele texto, Carl Barks também criou a maga Patalógica. Nunca gostei do nome que deram para a pata mais poderosa do universo, na versão brasileira. Prefiro o original, onde a italiana se chama, simplesmente, Magica de Spell. Mas não importa o nome, seus poderes são inigualados no mundo da ficção. Harry Potter pode passar a vida inteira naquela escola de magia e nunca vai ter uma varinha tão poderosa quanto a da maga.
Em uma história, publicada nos anos de 1960, ela controla “os grandes meteoros dos vazios além da Via Láctea! E os cometas fulgurantes da galáxia do nunca, que nunca astrônomo algum viu!” Morram de inveja, Gandalf e companhia. Os poderes da Magica me fazem pensar na terceira lei de Clarke, criada pelo escritor de ficção científica morto em 2006. Clarke dizia que “toda tecnologia suficientemente avançada não se distingue da mágica”. Em outras palavras, se um habitante do século XV fosse transportado para a nossa época (via wormhole) e visse um aparelho de televisão ou um smartphone, ia achar que eram instrumentos mágicos. A magia surgiu do desejo dos antigos de controlar as forças da natureza. Eles tentavam descobrir como o universo funciona e achavam que poderiam controlar o mundo com palavras mágicas, poções e encantamentos.

Transformação de elementos

Os alquimistas viviam misturando e aquecendo coisas, em uma tentativa vã de transformar chumbo em ouro. Nunca conseguiram porque esse tipo de mudança não depende de uma transformação química. Para transformar os elementos é preciso mexer no núcleo dos átomos. Criar uma fusão atômica o que exige temperaturas de milhões de graus. É o que acontece rotineiramente no interior das estrelas. Onde elementos leves, como hidrogênio e hélio são transformados em elementos pesados como oxigênio, carbono, e, no caso das supernovas, até em ouro.
Os alquimistas e magos estavam certos. É preciso esquentar as coisas. Mas a uma temperatura que não se alcança dentro de um caldeirão de bruxa. É preciso uma bomba termonuclear para chegar perto do que acontece nas estrelas. Mas os alquimistas não trabalharam em vão. Eles acabaram descobrindo os princípios de uma nova ciência, a química. E o que os magos sonharam, os cientistas podem realizar. Daí a lei do Clarke, que classifica a magia como ciência muito avançada.

Versão brasileira da maga Patalógica

Voltemos por exemplo a varinha da Magica de Spell, ou maga Patalógica na versão brasileira. Para controlar as órbitas de grandes meteoros e cometas ela precisaria emitir um feixe de grávitons. O que são grávitons? Seriam as partículas elementares que produzem a força da gravidade na concepção da teoria quântica. Teoricamente os grávitons não teriam massa, porque a força gravitacional parece ter um alcance ilimitado e seriam formados por um bóson com spin 2. Os cientistas ainda não detectaram essa partícula o que não impede a maga, na ficção do Barks, de ter uma varinha que emite grávitons. Afinal a Enterprise de “Jornada nas Estrelas tem um “raio trator” que funciona pelo mesmo princípio.
A ciência deu aos cientistas o poder com que os antigos magos sonharam. No início do mês foi comemorado o final da Segunda Guerra Mundial, que sacramentou o poder dos magos modernos. Em 1945 o império japonês reuniu milhares de soldados e esperou por uma batalha final nas praias da Terra do Sol Nascente. Mas no lugar de milhares de soldados o inimigo mandou um único avião, com seis homens a bordo. O avião sobrevoou a cidade de Iroshima e lançou um objeto que se transformou em uma estrela em miniatura. Que incinerou a cidade inteira.
E os japoneses se renderam. Não adiantava lutar contra um inimigo que dominara o poder das estrelas.

JORGE LUIZ CALIFE[email protected]

 

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