Na semana passada mais um furacão devastou a costa leste dos Estados Unidos. Depois do Francis, na Carolina do Norte, agora tivemos o Michael, que atingiu a Florida. E isso com cerca de um mês de diferença entre as duas tempestades. O presidente americano, Donald Trump, não acredita no aquecimento global ou na mudança climática. Mas a indústria americana do petróleo, a quem ele apoia, sofre prejuízos crescentes com essas tempestades frequentes. Que foram previstas, desde a década de 1990, pelos teóricos da mudança climática.
Também na semana passada, enquanto a Michael se aproximava da Florida com ventos de 250 quilômetros horários, o Painel para Mudança Climática divulgava novo relatório ameaçador. Desde que a humanidade se apaixonou pelos combustíveis fósseis, no final do século dezenove, a temperatura media do nosso planeta aumentou cerca de um grau. Parece pouco, mas é o suficiente para aumentar o nível dos mares (Devido ao degelo das calotas polares), Criar super ondas de calor e provocar seca e tempestades violentas.
Apesar de todo o avanço em fontes de energia renováveis, como energia eólica e solar, 85% da energia consumida pela humanidade ainda vem de combustíveis fósseis. E a situação só tende a piorar. Segundo a ONU é preciso fazer esforços urgentes para garantir que o aquecimento global não passe de meio grau centigrado nos próximos doze anos. Ou seja, até 2030. Do contrário 14% da humanidade sofrerá com ondas de calor insuportáveis, de 31 a 60 milhões de pessoas serão afetadas pelo aumento do nível do mar e 350 milhões sofrerão com a escassez de água. A seca vai ameaçar as plantações aumentando o problema da fome global.
E este é o melhor cenário possível, segundo a ONU. Pode ser pior porque as pesquisas da ONU levam em conta apenas o aquecimento provocado pela liberação de gás carbono. Mas existem outros gases causadores do efeito estufa, como o metano, que é produzido pelo gado e pela decomposição da matéria orgânica.
A NASA, agência espacial americana, está direcionando suas pesquisas para o planeta Júpiter, e para Titã, a maior lua do planeta Saturno. Pode parecer um paradoxo, estudar aquecimento global num mundo gelado como Titã, onde a temperatura média é de 160 graus negativos. Mas Titã tem uma atmosfera rica em gás metano, assim como o planeta Júpiter o que afeta a temperatura desses planetas (evitando que eles sejam ainda mais gelados). Afinal Júpiter é bem mais quente do que deveria ser devido a sua distancia do Sol (Meio bilhão de quilômetros).
Embora geralmente não entre nesses estudos de mudança climática, o metano é um gás muito mais poderoso no que se refere ao efeito estufa. Ele pode esquentar a atmosfera 25 vezes mais do que a mesma quantidade de gás carbônico. Os modelos mais recentes de mudança climática já levam em conta a absorção da radiação ultravioleta pelo gás metano na atmosfera. Mas a precisão é limitada pelas incertezas sobre como acontece essa absorção. Daí o interesse da NASA em estudar mundos com atmosferas ricas em gás metano.
Os brasileiros não estão nem aí para isso. O assunto do momento são as eleições. Que afetam o desmatamento da Amazônica e nossa contribuição para o aquecimento global. Os deputados da bancada ruralista andam fazendo fila para visitar o candidato mais cotado a vencer a eleição para presidente. Eles querem mais desmatamento, mais florestas destruídas para virar pasto para o gado. O que vai resultar em mais emissões de metano.
Nosso planeta existe num equilíbrio delicado. Seu irmão gêmeo, o planeta Vênus, tem tudo para ser uma segunda Terra. Mas lá o efeito estufa escapou ao controle e a temperatura media subiu para 300 graus. Se algum dia existiu vida em Vênus ela foi torrada pelo efeito estufa. O desafio é evitar que isso aconteça aqui na Terra.
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