A usina nuclear da Revell

by Diário do Vale

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Raridade: A usina da Revell, depois de montada e pintada (Foto:Divulgação)

Raridade: A usina da Revell, depois de montada e pintada
(Foto:Divulgação)

Na semana passada, como bem se recordam, comentei aqui nesse espaço sobre o boneco do Flash Gordon que vale mais de mil dólares hoje em dia. Ele foi produzido pela empresa americana Revell, que criou outros modelos em escala, igualmente famosos. Um deles é a Usina Nuclear Westinghouse, uma maquete para montar lançada em 1959 que hoje é disputada por colecionadores. O modelo ensinava todos os princípios do funcionamento de uma usina nuclear e foi feito com a cooperação da Westinghouse. A mesma empresa que projetou a usina de Angra 1.

 Modelos educativos

Esses modelos educativos da Revell foram produzidos na época em que os americanos viviam sob o impacto do lançamento do Sputnik russo. O satélite artificial soviético criou a falsa impressão de que a temida União Soviética tinha ultrapassado os Estados Unidos na área da ciência e da tecnologia. E o governo americano criou uma porção de incentivos a educação científica e a pesquisa. Os fabricantes de brinquedos, como a Revell Authentic Kits, participaram do esforço criando uma série de modelos educativos, que as crianças podiam montar, com a ajuda dos pais, e aprender sobre o funcionamento de um motor de avião, um foguete ou uma usina nuclear.

Fico imaginando quantos jovens não resolveram estudar engenharia depois de montar essa maquete aí ao lado. Produzida na escala 1/96 (Ou seja, o modelo é noventa e seis vezes menor do que a usina real) ela é cheia de detalhes. A ponte rolante em cima de reator se move e pode ser baixada para colocar ou retirar as varetas de combustível. A cúpula do vaso de contenção se abre para mostrar todos os detalhes do reator nuclear, incluindo o sistema de refrigeração, completo com as bombas que fazem a água circular, o trocador de calor, o gerador de vapor e a turbina que gera eletricidade. Transformando a energia atômica em eletricidade como diz a legenda em inglês na tampa da caixa do modelo.

Junto com o modelo vinha um pequeno livreto, escrito pelo engenheiro nuclear, doutor William E. Shoupp chamado “O Novo Mundo da Energia Atômica”. Naquela época a energia nuclear era considerada a fonte de força do futuro. No século XXI tudo seria movido à energia atômica, incluindo os navios, os carros e os foguetes. A Marinha dos Estados Unidos acreditava nisso e mandou construir uma série de navios e submarinos impulsionados por reatores atômicos. E a Revell produziu modelos de dois deles, o cruzador Long Beach e o submarino USS George Washington. Como a usina o submarino tem todo um lado transparente mostrando o reator e as turbinas que impulsionam a hélice.

 Submarino nuclear e navio de guerra

Dessas maquetes as únicas que ainda são produzidas, hoje em dia, são o submarino nuclear e o navio de guerra. Mas a subsidiária alemã da Revell está fazendo uma votação na internet, para voltar a produzir esse modelo de usina nuclear. Afinal existem dezenas de usinas assim funcionando no mundo inteiro e boa parte da energia elétrica que se usa na Europa é de origem nuclear. Os acidentes de Chernobyl e Fukushima revelaram os perigos do uso da energia do átomo, mas é preciso lembrar que, em ambos os casos, Chernobyl e Fukushima, havia erros no projeto das usinas. A de Chernobyl não tinha nem vaso de contenção, para evitar o escapamento de vapores radioativos em caso de acidente.

Além do reator, do vaso e das turbinas o modelo inclui uma torre de transmissão de energia e uma base com a estrada e o gramado em torno do prédio. Como mostram as fotos ele fica muito interessante depois de montado e pintado e seria muito útil em escolas e museus. Além disso permite que qualquer um monte uma usina nuclear em apenas quatro dias. No lugar dos trinta anos que o programa nuclear brasileiro já gastou para montar Angra 3.

Jorge Luiz Calife / [email protected]

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