Alexei Leonov: O primeiro pintor no espaço sideral

Por Diário do Vale

O cosmonauta russo Alexei Leonov morreu no dia 11 de outubro, aos 85 anos, em um hospital de Moscou. Nascido em 1934, Alexei Arkhipovitch Leonov participou de uma das missões mais arriscadas da história dos voos espaciais. E escapou duas vezes de morrer em missões condenadas ao fracasso. Além de piloto de provas e comandante de naves espaciais, Leonov era pintor e escritor. Ele foi a primeira pessoa a pintar uma gravura no espaço sideral durante a missão Voskhod 2, em março de 1965. Como não era permitido levar tintas em um ambiente de gravidade zero, Leonov levou lápis de cera. E registrou as cores da Terra e do oceano vistos de 400 quilômetros de altura.
Leonov tinha sido voluntário para uma missão quase suicida. Em 1965 a União Soviética competia com os Estados Unidos pelo domínio do espaço sideral. Os soviéticos tiveram uma série de êxitos com sua nave Vostok, que era maior do que as Mercury americanas. Mas, o governo dos EUA reagiu rapidamente. Sob o comando do presidente John Kennedy, a Nasa projetou e construiu a espaçonave Gemini, que podia mudar de órbita, coisa que as Vostok soviéticas não eram capazes de fazer.
Além disso, a Gemini tinha uma porta que podia ser aberta no espaço. E a Nasa anunciou que um de seus astronautas usaria esta porta para sair da nave em órbita e “caminhar no espaço”, ainda naquele ano de 1965. O governo soviético entrou em pânico. E exigiu que o seu projetista chefe, Serguei Korolev, bolasse um meio de passar na frente dos americanos. Korolev modificou a Vostok, tirando o assento ejetável para que a nave pudesse levar dois homens. O que deixava os tripulantes sem meios de sobreviver em caso de falha do foguete durante o lançamento.
A Gemini americana tinha uma eletrônica toda transistorizada. E podia ser despressurizada no espaço graças a sua atmosfera de oxigênio puro. A Vostok usava uma eletrônica a base de válvulas a vácuo, que não podiam ser expostas ao espaço. E, além disso, sua atmosfera de oxigênio e nitrogênio não permitia levar ar suficiente para uma repressurização. Korolev resolveu o problema criando uma câmara inflável em forma de tubo, a Volga, que podia ser aberta no espaço. Algumas semanas antes do voo a nave foi lançada em um teste sem tripulantes. E explodiu no espaço. Korolev queria adiar a missão, mas o premier Nikita Krushev insistiu que a Voskhod 2 devia partir antes da Gemini americana.
O foguete foi lançado no dia 18 de março levando Leonov e seu colega Pavel Beliaiev. Depois de completar a primeira órbita, ao redor da Terra, Leonov colocou seu traje espacial e entrou no cilindro inflável. O cilindro foi isolado do resto da nave e aberto para o espaço. Leonov flutuou no vazio enquanto a TV soviética mostrava imagens ao vivo. Mas, a transmissão foi cortada assim que os problemas começaram. Desenhada as pressas a roupa espacial do cosmonauta inflou como um balão e ele ficou entalado na comporta, incapaz de voltar ao interior da nave.
Arriscando-se a uma embolia Leonov reduziu a pressão do traje e conseguiu entrar. Mas os problemas estavam apenas começando. O sensor de horizonte da nave entrou em pane e ela foi descer em uma floresta siberiana, a 386 quilômetros da área de pouso prevista. A floresta estava cheia de lobos e ursos com alto grau de agressividade devido a época de acasalamento. Os dois cosmonautas passaram uma noite enregelados dentro da cápsula, até serem resgatados dois dias depois.
Em 1967 Leonov foi escolhido para ser o primeiro homem a descer na Lua. Mas a missão foi cancelada quando o foguete N-1 explodiu em todos os testes. Em 1971 ele escapou da morte novamente. Leonov deveria comandar a nave Soyuz 11 em um voo até o laboratório espacial Salyut 1. Uma semana antes do voo um de seus colegas adoeceu, e toda a equipe foi substituída pela tripulação reserva, que morreu quando a Soyuz 11 despressurizou na reentrada.
Em 2017 a aventura de Leonov foi reproduzida no filme russo “Age of pioneers”. E o escritor britânico Arthur Clarke homenageou o cosmonauta dando seu nome a uma das naves do romance “2010: Odisseia dois”.

 

Artista: Leonov e seu autorretrato pintado a óleo

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