Aquecimento dos oceanos preocupa cientistas

Por Diário do Vale

Um estudo internacional publicado semana passada na revista científica “Advances in Atmospheric Sciences” mostra que o aquecimento dos oceanos da Terra atingiu um valor recorde em 2019. E foi o terceiro recorde consecutivo em três anos seguidos. Além disso, as medições feitas por boias oceânicas e estações meteorológicas mostram que a taxa de aquecimento subiu 450% entre 1987 e 2019. Para o pesquisador chefe do estudo Lijing Cheng trata-se de uma prova irrefutável do aquecimento global.
“Não há alternativas razoáveis, além das emissões humanas de gases que retêm o calor”, disse o pesquisador. O aquecimento dos oceanos é medido com uma unidade conhecida como zeta joules e mede não a temperatura, mas a energia acumulada e absorvida pelos oceanos. E mesmo que as emissões de gases do efeito estufa parassem agora, os mares continuariam a reter esse calor acumulado durante décadas.
O aquecimento dos mares provoca vários efeitos, o mais notório sendo o derretimento das calotas polares e a elevação do nível dos mares. Que ameaça riscar do mapa nações situadas em ilhas do oceano Pacífico. Além disso, esse aquecimento provoca a morte dos recifes de coral e aumenta a frequência das tempestades violentas. Como o furacão que arrasou com as ilhas Bahamas no ano passado.
Mas, existe um perigo ainda pior. Presos no fundo gelado dos oceanos existem 6,4 trilhões de toneladas de gás metano congeladas na forma de clatrato de metano. O metano é um gás de efeito estufa muito mais poderoso do que o dióxido de carbono produzido pela queima da gasolina e das florestas. Essas reservas de metano congelado estão presas há milênios devido ao frio que existe no fundo do mar. Nos trópicos a temperatura chega perto de zero grau centígrado a quatro mil metros de profundidade. A água não se congela devido as altas pressões de mais de 300 atmosferas.
Mas, se os oceanos continuarem a esquentar, esse metano congelado pode evaporar provocando explosões desastrosas. Chegando a atmosfera ele criaria um efeito de retroalimentação. Aumentando ainda mais a temperatura e provocando mais evaporação. E o resultado seria um efeito estufa descontrolado, muito difícil de ser revertido.
Desde que começaram a queimar combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, e a destruir as florestas, os seres humanos iniciaram um projeto descontrolado de engenharia planetária. Estamos mudando a atmosfera do único planeta que temos para viver com efeitos imprevisíveis.
Quem olhar na direção do poente, por volta das sete horas da noite, verá uma estrela muito brilhante acima do horizonte. Trata-se do planeta Vênus, que é uma espécie de irmão gêmeo da nossa Terra. Há centenas de milhões de anos Vênus teve uma atmosfera amena e oceanos que evaporaram quando a temperatura começou a subir. Hoje a atmosfera de Vênus é um cobertor sufocante de nuvens de dióxido de carbono e ácido sulfúrico. A temperatura na superfície é de 400 graus centígrados e a pressão semelhante a que existe no fundo dos oceanos da Terra.
Ainda não sabemos muito bem o que foi que produziu o efeito estufa descontrolado que transformou Vênus em um inferno. Mas podemos estar criando um processo semelhante aqui na Terra.

 

Jorge Luiz Calife

 

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