As mentiras e mitos da esquerda e o sacrifício da Laika

Quase tudo o que é ruim tem o seu lado bom. A gigantesca crise moral que assola o Brasil, depois de três governos do PT, serviu para uma coisa boa. Enterrar de vez velhas mentiras e mitos da esquerda. Principalmente a ideia de que o homem de esquerda, o “novo homem socialista” seria imune à corrupção, ao crime e outras mazelas capitalistas. Parece incrível, mas muita gente acreditou nisso. Como acreditou no mito de que a Laika, aquela pobre cachorrinha sacrificada pela propaganda da extinta União Soviética viveu durante uma semana no espaço.

Meu pai foi um homem de esquerda e acreditava piamente no “paraíso socialista”. Como esse pessoal que até hoje sai na rua agitando bandeiras vermelhas. Ele dizia que o crime e a corrupção eram um resultado da exploração do homem pelo homem. Que só existia no regime capitalista. Na Rússia soviética não havia crime, os policiais serviam apenas para cuidar do trânsito. E a ideia de que um comunista ou socialista de carteirinha aceitasse dinheiro de propina era algo totalmente impossível.

Infelizmente ele não viveu para ver a farra do mensalão ou do escândalo da Petrobrás. Orquestrada com o apoio de todos esses senhores que andam de estrelinha vermelha na lapela. Foi melhor assim, pelo menos ele morreu com suas ilusões. Mas viveu o suficiente para ver o fim da União Soviética, que caiu de podre, sem que os imperialistas americanos precisassem disparar nem um de seus mísseis. E depois do fim do império socialista a Rússia virou um campo fértil para as máfias e organizações criminosas de todo o tipo. Mostrando que, como os companheiros do nosso PT, o homem socialista soviético era tão suscetível a degradação moral quanto qualquer reles Al Capone capitalista.

Eu tinha sete anos de idade quando a poderosa União Soviética pegou uma pobre cachorrinha de rua, a Laika, colocou no cone de um míssil e mandou para o espaço. Em uma viagem suicida. As crianças da minha geração custaram a superar o trauma. Tanto que o cineasta sueco Lasse Hallström fez um filme “Minha Vida de Cachorro” sobre um menino traumatizado pela morte da Laika. Diante de uma vida difícil ele se consola, a cada adversidade, dizendo “pior foi a Laika, ela não teve escolha”.

Realmente não teve. Ela foi colocada amarrada dentro do cone de um foguete R-7 que não tinha sistema de recuperação nem mecanismo de isolamento térmico. E enviada para morrer no espaço. O governo comunista comemorou a atrocidade com selos postais, como esse aí em cima. E a imprensa de esquerda pintou ilustrações imaginárias onde o bravo cachorro socialista singrava o espaço estrelado, alegre e confiante.

Nos comunicados a imprensa os soviéticos diziam que Laika tinha vivido uma semana no espaço. Ela dispunha de um mecanismo que fornecia comida e água. E fora morta com uma injeção letal, sem dor, depois de terminada a “experiência”. A verdade foi muito pior, assim que entrou em órbita o foguete de alumínio começou a esquentar sob a ação dos raios solares. A temperatura dentro da cabine da cachorrinha chegou a 46 graus centígrados em três órbitas e continuou subindo. Laika morreu de calor, em poucas horas, e seu corpo foi cremado quando o foguete se desintegrou na atmosfera, 162 dias depois.

Pior sorte tiveram os cães Mushka e Pchiolka que voaram no Sputnik 6. Eles foram queimados vivos quando o controle da missão destruiu o satélite, para evitar que fosse recuperado pelos americanos. Do outro lado da corrida, a Nasa dos Estados Unidos, também enviou animais ao espaço, para testar seus foguetes. Começando com ratos e terminando com chimpanzés. Mas todos voaram em cápsulas com sistema de proteção térmica e paraquedas de recuperação. Um rato morreu e assim mesmo depois que falharam todas as tentativas para resgata-lo no oceano Atlântico.

Jorge Luiz Calife | [email protected]