As misses de ontem e de hoje

by Diário do Vale

1967: O antigo maiô e o troféu da Miss Universo

Outro dia eu navegava tranquilo pela internet quando topei com uma briga virtual entre duas misses, candidatas ao título de Miss Universo, Miss Estados Unidos e Miss Brasil andaram trocando farpas pelo Instagram. Tudo porque a americana criticou a brasileira por não dominar a língua inglesa. A última edição do concurso, que já pertenceu ao Donald Trump, aconteceu na Tailândia na semana passada. E a vencedora foi uma filipina, as duas brigonas, a americana e a brasileira voltaram para casa com as mãos abanando.
No meu tempo de garoto, antes da internet e antes do Donald Trump, o Miss Universo era realizado em Miami, na Florida. Agora geralmente é em algum país asiático, como a Tailândia. O que já gerou problemas. Em todos esses concursos de beleza tem uma fase em que as moças desfilam de maiô. Um maiô bem discreto, como esse usado pela Miss Universo 1967, na foto aí ao lado. Totalmente careta se comparado com os biquínis “fio dental” usados por celebridades como a Anitta ou a Bruna Marquezine, mas mesmo assim já criou problema.
Lembro-me de um ano em que cismaram de realizar o concurso num país de maioria muçulmana. E os islâmicos ameaçaram explodir o hotel, com todas as moças dentro, se elas ousassem desfilar de maiô. Foi no tempo em que o Donald Trump era dono do concurso e a vencedora ficava alojada numa suíte luxuosa na Trump Tower em Nova York. Depois, felizmente, ele vendeu tudo para uma agência de talentos sediada em Los Angeles, que é a atual promotora do concurso.
Mas nem sempre foi assim. Na minha infância concurso de miss era coisa muito seria. Aliás, uma das primeiras coisas que aprendi, quando tinha uns cinco, seis anos de idade, é que os brasileiros sofriam de complexo de inferioridade devido a dois traumas: A derrota da seleção brasileira no Maracanã, em 1950 e a perda do título de Miss Universo pela brasileira Marta Rocha, em 1954, porque tinha duas polegadas a mais nos quadris. Há quem conteste essa versão, e diga que foi inventada por um jornalista para consolar a povo indignado.
Depois, a medida em que crescia, vi o Brasil se livrar dos dois traumas. Primeiro com a conquista da Copa do Mundo de 1958, pela seleção do Pelé. E depois pela conquista do Miss Universo pelas brasileiras Ieda Maria Vargas e Martha Vasconcellos, em 1963 e 1968, respectivamente. Quando Ieda ganhou o título, em 1963 foi uma festa digna de uma vitória da seleção. A moça desceu do avião e foi colocada em cima de um carro de bombeiros, desfilando pelas avenidas do Rio de Janeiro debaixo de uma chuva de papel picado. No ano anterior o Brasil tinha conquistado o bicampeonato de futebol e a nação ficou com a alma lavada.
Mas não era só no Brasil que as misses tinham status de celebridades. Em 1966, a vencedora do Miss Universo foi uma jovem sueca de 18 anos, chamada Margareta Arvidsson. Quando ela chegou a Estocolmo, com a coroa e o troféu, foi recebida com flores e honras de chefe de estado. A beleza era importante, mas a miss não era só uma mulher bonita. Ela tinha que ser inteligente, culta e comunicativa, afinal era a representante de todas as mulheres do seu país de origem.
Mesmo assim o escritor francês Sain-Exupery ficou desmoralizado quando virou o autor favorito das misses. Pelo menos das brasileiras que elegeram “O pequeno príncipe” como seu livro favorito. E o aviador, morto na Segunda Guerra Mundial passou a ser conhecido como o “autor favorito das misses”. Mas acho que eram só as brasileiras, as americanas e suecas deviam ler outra coisa. Eram todas muito jovens, com idades entre 18 e 19 anos e não podia se esperar muito delas, só que fossem simpáticas e educadas.
Por via das duvidas resolvi ilustrar esta coluna com uma foto da americana Sylvia Louise Hitchcock, Miss Universo 1967. Para não privilegiar nenhuma das brasileiras que já ganharam o troféu.

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4 comments

guto 23 de dezembro de 2018, 12:07h - 12:07

Assim como o conceito de terceira idade está mudando, pois temos homens com mais de 70 anos trabalhando e não pensando em aposentar, assim também o conceito de miss vai ter que mudar, pois a obesidade é uma doença que está crescendo na sociedade, e, logo, todas as misses terão que ser gordinhas também!!!

Padrões de ontem e hoje 23 de dezembro de 2018, 09:27h - 09:27

Para os padrões de hoje, a miss acima seria gorda, pelas coxas largas e com celulite.
O padrão de hoje é para pessoas que vivem para ser miss, passam o dia na academia e de dieta, não vivem…
Apesar de cada vez mais a população estar cada vez mais obesa, o padrão está cada vez mais anoréxico .

Anderson 22 de dezembro de 2018, 12:37h - 12:37

Hoje o maior inimigo das misses é o politicamente correto, pois ser bela agora é quase um ato criminoso.

Smilodon Tacinus 21 de dezembro de 2018, 21:06h - 21:06

Calife deve sonhar com um harém cheio de loiras… kkkkkkkkkkkkk!
Brincadeiras à parte, Calife é sempre uma leitura prazerosa, independente do tema. Estou esperando o lançamento do livro…

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