Brasil: Nem ordem nem progresso

by Diário do Vale

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No início do século XXI país é a antítese da frase na bandeira, criadores da bandeira brasileira, e de todo o ideal republicano da belle époque, devem estar revirando nos túmulos

O Brasil pertence a um grupo muito pequeno de países que tem inscrições em suas bandeiras nacionais. No nosso caso é o princípio positivista “Ordem e Progresso” extraído do lema francês, do filósofo Auguste Comte que no original é bem mais longo. Ele diz “O amor por princípio, à ordem por base, o progresso por fim.” Não era necessário, já que ordem e o progresso estão subentendidos como princípios básicos de qualquer nação desenvolvida. Mas colocaram na nossa bandeira e devia servir de inspiração para nossos políticos e empresários. Mas como muitas coisas escritas e sacramentadas no nosso país e ordem e o progresso estão tristemente esquecidos nesta segunda década do século XXI.

Os criadores da bandeira brasileira, e de todo o ideal republicano da belle époque, devem estar revirando nos túmulos diante da realidade nacional. E assustador o que fizeram com o Brasil nestes últimos dez anos. Toda aquela fachada de país moderno e desenvolvido, criada para que a FIFA e o COI escolhessem o nosso país como sede de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada desmoronaram como um castelo de cartas.

Cenário econômico

A economia, da qual depende o tal progresso lá na bandeira, estagnou e está entrando em um processo de recessão. Aquela marola de que falava o senhor Luiz Inácio virou um tsunami, e já está fazendo vítimas. Cidades como Macaé aqui no estado do Rio, que cresceram com a exploração do petróleo na plataforma continental estão virando cidades fantasmas. A Petrobrás, que já foi orgulho nacional, desmonta toda uma estrutura montada ao longo de décadas. E o resultado são milhares de desempregados, que abandonam a cidade de volta para seus estados de origem.

O sonho do pré-sal, da prosperidade vinda do fundo do oceano virou um pesadelo no país da Dilma. Nosso produto interno bruto, o PIB, anda em torno de 0,4 %, menor do que o do Chile e de outros países latino-americanos. E diante da crise o governo aumenta o preço da energia, do combustível e os encargos trabalhistas. O que vai mandar ainda mais gente para o olho da rua e criar uma nação de desempregados.

Desordem

E se tem uma coisa que prospera em tempo de crise econômica é o crime e a desordem. No Rio de Janeiro os policiais das UPPs andam acuados, levando tiros dos bandidos. Que procuram reconquistar o território do qual recuaram temporariamente, na época da Copa do Mundo. Para realizar a Copa no Rio de Janeiro o governo chamou o Exército, a Marinha e os Fuzileiros para desalojar os traficantes de suas fortalezas. No morro do Alemão, ali em Bonsucesso, construíram até um teleférico, que apareceu em uma novela de televisão e virou símbolo do novo Rio de Janeiro, da cidade pacificada e sem tiroteios.

Tudo para os ingleses e franceses da Copa do Mundo apreciarem e acreditarem que o Brasil era um país seguro para a realização de grandes eventos esportivos. Agora estamos a menos de um ano dos Jogos Olímpicos e o número de pessoas mortas por balas perdidas, no Rio de Janeiro, já passa de cinquenta em apenas três meses. Sem falar nos policiais mortos em confrontos nas UPPs.

Toda aquela encenação com blindados e helicópteros acabou e a segurança nas áreas “pacificadas” ficou a cargo de policiais militares que se escondem dentro de containers. Containers que não fornecem proteção alguma contra os fuzis de alta potencia usados pelos traficantes. E o resultado, além do número crescente de mortos, são as imagens de tiroteios diários, gravadas com celulares, que aparecem todo o dia na televisão e correm o mundo.

O projeto “Minha casa minha vida”, um dos carros chefe da propaganda do atual governo é outra vítima da desordem crescente. Um jornal carioca publicou uma série de reportagens na semana passada, mostrando moradores dos conjuntos habitacionais sendo expulsos por traficantes e milicianos.

Diante disso já tem gente pedindo até a volta da ditadura militar. O que mostra a que ponto chegamos.

Jorge Luiz Calife/[email protected]

 

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2 comments

Al Fatah 6 de abril de 2015, 18:01h - 18:01

Calife, vc é melhor com suas crônicas sobre cinema, Pinheiral e Astronáutica. Macroeconomia não é tua praia…

Semeador 6 de abril de 2015, 07:21h - 07:21

Excelente! Num curto texto Calife resumiu bem o Brasil de Lula e Dilma.

Lamentavel como tem gente que ainda acredita neste bando de petralhas.

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