Ciência: Uma longa viagem ao planeta Mercúrio

by Diário do Vale

Encontro: A Bepi Colombo chega em Mercúrio em 2025

A sonda espacial europeia Bepi-Colombo decolou com sucesso da base de Korou, na Guiana Francesa na sexta-feira, dia 19 de outubro. Impulsionada por um foguete Ariane 5, a nave robô começou sua longa viagem de sete anos em direção a Mercúrio. O planeta mais próximo do Sol. Se tudo correr bem em 2025 a nave chegará ao pequeno planeta, lançando duas sondas menores para orbitar Mercúrio. A MPO construída pela agência espacial europeia e a MMO da agência espacial japonesa.

A Bepi-Colombo será a terceira nave espacial a atingir Mercúrio. A primeira foi a Mariner 10 americana, em 1973 e a segunda foi a Messenger, também americana, que orbitou Mercúrio entre 2008 e 2015. O nome da nave europeia é uma homenagem ao cientista espacial Giuseppe Bepi Colombo, que foi professor de mecânica celeste na universidade de Pádua, na Itália. Na década de 1960 Bepi-Colombo descobriu que se uma nave fosse direcionada para um encontro com Mercúrio ela entraria numa órbita de 176 dias ao redor do Sol. Isso é o dobro do ano de Mercúrio, que dura 88 dias.

Colocada nesta órbita de 176 dias, a nave passaria a se encontrar periodicamente com o planeta, bastando alguns ajustes na sua órbita. Na ocasião a agência espacial americana usou os cálculos de Bepi-Colombo para lançar a Mariner 10 em direção ao planeta em novembro de 1973. A sonda pioneira chegou a Mercúrio em março de 1974, depois de uma passagem por Vênus em fevereiro do mesmo ano. A Mariner 10 descobriu que Mercúrio tem um campo magnético semelhante ao da Terra que interage com o vento solar.

As fotos daquela missão pioneira mostraram um mundo sem atmosfera, cheio de crateras, montanhas e planícies. Outras sondagens mostraram que Mercúrio é uma enorme bola de ferro com uma fina crosta rochosa. Ele parece ser o núcleo de um planeta menor, que foi destruído pela colisão com outro corpo celeste há bilhões de anos. Em março de 2011, a Messenger da NASA entrou em órbita ao redor de Mercúrio e fez uma descoberta inesperada: A existência de gelo dentro das crateras que existem nos polos do planeta. Como a temperatura do dia mercuriano chega a 400 graus centigrados, ninguém esperava encontrar água ou gelo nesse mundo inóspito.

Viajar da Terra para Mercúrio é uma das manobras mais difíceis para qualquer navegador espacial. Mercúrio está tão perto do Sol que ele orbita o planeta com uma grande velocidade. Daí seu ano de 88 dias, comparado com o ano de 365 dias da nossa Terra. Isso significa que uma nave espacial precisa acelerar ao máximo, ganhando velocidade para emparelhar com Mercúrio. Mas aí surge outro problema. Logo atrás de Mercúrio fica o Sol, com uma massa imensa e um campo de gravidade muito mais poderoso.

Qualquer nave que acelere para alcançar Mercúrio é puxada pelo campo de gravidade do Sol. E precisa frear para não ser desviada do curso, caindo no Sol. A mecânica celeste envolvida é tão complicada que foi só em 1985 que os engenheiros espaciais conseguiram calcular uma rota segura para Mercúrio. O truque consiste em usar a gravidade da Terra e de Vênus para ajustar o curso da nave. Durante sua jornada de sete anos a Bepi Colombo vai passar pela Terra em abril de 2020, pelo planeta Vênus em 2020 e 2021 e seis vezes por Mercúrio entre 2021 e 2025.

Ao se aproximar de Mercúrio em 2025 a nave principal, formada pelo Módulo de Transferência para Mercúrio vai lançar as duas sondas menores. O Orbitador planetário de Mercúrio (MPO) da ESA e o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio da Agência Espacial Japonesa. Entre as missões desses orbitadores encontra-se um teste da Teoria da Relatividade de Einstein e dos depósitos de gelo nas crateras de Mercúrio.

Por: Jorge Luiz Calife

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2 comments

Anderson dos Santos Costa 14 de novembro de 2018, 20:19h - 20:19

Quem bom que, apesar da crise econômica, a exploração espacial não foi abandonada.

HILTON DE ABREU MARINHO 2 de novembro de 2018, 21:35h - 21:35

Por quê a sonda Parker Solar Probe chegou tão rapidamente a Mercúrio e a Bepi-Colombo levará 7 anos?

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