Assisti pela segunda vez a turnê “Encontro” dos Titãs, agora sob o nome “Pra Dizer Adeus”. Pelo visto o adeus vai ficando cada vez mais longe, pois o que era pra ir até o fim de 2023 como fora anunciado, vai se estender pelo menos até o Lollapalooza de 2024. Também pudera, é uma demanda poucas vezes vista no rock nacional.
Na primeira etapa da turnê conseguiram esgotar três dias de Allianz Parque (só pra citar um dos tantos exemplos onde se esgotaram ingressos), em São Paulo, além de datas por todo o Brasil. Também passaram por Portugal e Estados Unidos. Nesta segunda etapa o mesmo ocorreu, os ingressos iam se esgotando e novas datas extras surgindo.
Desta vez só no Rio foram cindo, sendo quatro esgotadas. Duas no Qualistage e três na Arena Jockey num intervalo de uma semana. Fui no do Qualistage. Local emblemático para shows dada a sua estrutura confortável, o antigo e lendário Metropolitan. O público foi completamente diverso.
Desde velha guarda oitentista, à casais, famílias, jovens; uma plateia mais “comportada”, digamos, em relação ao show de abril na Jeunesse Arena. Lá era o começo, a expectativa e o impacto eram maiores, claro. Mas foi possível notar que nos da Arena Jockey (na Zona Sul carioca) a plateia também estava bastante participativa e eufórica, pelos vídeos e relatos de amigos que estiveram lá.
O repertório foi praticamente o mesmo, apenas a retirada de três músicas cantadas por Branco Mello: “Tô Cansado”, “Eu Não Sei Fazer Música” e “32 Dentes”. Branco, pra quem não sabe, está com a voz bastante debilitada. Teve de fazer mais uma cirurgia nesse intervalo entre as turnês. O seu esforço no palco é emocionante e ele mesmo assim ainda canta dois clássicos: “Cabeça Dinossauro” e a apoteótica “Flores”.
Nos shows do Jockey duas surpresas entraram no repertório: “Domingo” e “O Quê”. E pelo visto indicaram que entrará uma terceira nos próximos, a pesada “Será que é isso que eu necessito?”, do Titanomaquia. Charles Gavin deu essa deixa (ao menos) na hora de sua apresentação puxando a introdução dessa, sem a banda acompanhar. Se vier a entrar terá sido uma bela escolha.
Música boa é que não falta. Como eles estão dando preferência à fase dos primeiros 10 anos da banda com o Arnaldo (antes dele sair), se você garimpar vai encontrar clássicos que poderiam estar: “Insensível”, “Massacre”, “Corações e Mentes”, “Mentiras”. Mas o repertório escolhido satisfaz legal, não há como reclamar de nada.
Poder ver os caras tocando “Igreja”, “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas”, “Nome aos Bois”, “Porrada”, “Desordem”, “Miséria” não tem preço. “Miséria”, aliás, pra mim representa a mudança da década de 80 pro futuro. É um disco emblemático “Ô Blésq Blom”, que me fez enxergar um salto gigante no rock brasileiro daquele tempo, tal qual tinha acontecido com os Paralamas a partir do “Selvagem?”.
Bandas da geração dos anos 90, como Chico Science & Nação Zumbi citam aquelas sonoridades como uma das tantas referências assimiladas pelos recifenses. Como “Ô Blésq” foi lançado em 1989, ali eu faço uma ruptura com outras bandas que vinha acompanhando. Uma delas foi a Legião. Depois de três ótimos discos de carreira, quando lançaram o “As Quatro Estações” o som final do disco me afastou por completo.
Se por um lado você tinha músicas e gravações como “O Pulso”, “Flores”, “Miséria”, todo o lance do Mauro e Quitéria no disco; por outro lado veio “Pais e Filhos”, “Meninos e Meninas” com arranjos bem abaixo pro meu gosto musical da época. Eu já estava mergulhado no rock de fora a essa altura e os Titãs de certa forma complementavam o que eu buscava ouvir, assim fui formando meu DNA musical.
Além de toda a discografia, toda a obra, de toda a contundência em músicas fortes, diretas, de todos os míticos shows em Hollywood Rock, Rock in Rio, etc, agora nessa turnê de encontro avassaladora fica bem claro pra mim qual é a maior banda de rock do país. Cada um tem a sua, a minha é essa. Aqui é Titãs!
2 comments
tem alguma historia com a Banda ETC e TAL
Não tem assinatura na matéria?
Quem a escreveu?
Muito boa!
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