E afinal, que fim levou o trem bala do governo Lula? Projeto ainda é objeto de estudos

by Diário do Vale
Esquecido: Custo do projeto afastou investidores (Foto: Divulgação)

Esquecido: Custo do projeto afastou investidores (Foto: Divulgação)

 

Falta um ano para as Olimpíadas e ninguém fala mais no trem bala. Ele foi notícia há oito anos quando o governo do presidente Lula anunciou ao mundo o projeto fabuloso do trem de alta velocidade. Que ia ligar o Rio de Janeiro a São Paulo e desafogar a ponte aérea. Depois de quase uma década de discussões e três leilões frustrados a ideia já foi totalmente esquecida pelo povo. Mas não pelo governo que mantem a Empresa de Planejamento e Logística encarregada de estudos técnicos com vistas a um novo edital de contratação. Com isso o fantástico trem do Lula não vai ficar pronto para as Olimpíadas e nem para a próxima década.

Há quem duvide de que a coisa toda saia do papel algum dia. O antigo estudo de viabilidade, feito pela Agência Nacional de Transportes Terrestres já foi considerado desatualizado, segundo matéria publicada recentemente pelo jornal O Estado de São Paulo. Por isso o Tribunal de Contas da União teria solicitado a contratação de um novo estudo. O problema é que o projeto vai custar bilhões de reais, dinheiro que deveria ser investido pela empresa contratada para realiza-lo. E nenhuma empresa, de país algum do nosso planeta, esta disposta a correr o risco.

Afinal a imagem atual do Brasil no exterior, depois do escândalo da Petrobrás, não favorece esse tipo de investimento. Os estrangeiros estão com medo de perder dinheiro no Brasil. Como os acionistas norte-americanos da Petrobrás, que já entraram com processos na justiça para correr atrás do prejuízo. Diante disso só os mais ingênuos acreditam que uma empresa asiática ou europeia vai investir bilhões para construir uma ferrovia de alta velocidade no Brasil contando com a remota possibilidade de recuperar o investimento no futuro. Não, o trem bala vai continuar a ser uma fantasia da era petista que se encaminha para um final melancólico.

Melhor assim, pelo menos o país não jogou dinheiro fora no projeto, como foi o caso da Transposição do Rio São Francisco. Projeto que parou no meio e até hoje não tem data para ser concluído. Bilhões de reais dos contribuintes foram gastos ali e com a nova realidade da seca no sudeste podem não ser recuperados nunca mais. No caso do trem bala pelo menos não se colocou nem um metro de trilho, não se escavou nem um túnel. Podia ter sido pior se uma empresa estrangeira tivesse embarcado na canoa de Lula e depois se retirado, paralisando as obras.

Quem acompanha as minhas crônicas sabe que duvidei da viabilidade do projeto desde 2008, quando foi apresentado. Ferrovias de alta velocidade são um investimento para países ricos como o Japão e a França. O TGV francês e o Shinkansen japonês foram construídos em regiões planas, onde não é necessário escavar túneis nem construir viadutos muito caros. Já o trem bala brasileiro teria que superar a barreira da Serra do Mar que separa o Rio de Janeiro de São Paulo. O que exigiria a construção de pontes e túneis quilométricos através da rocha sólida. Ao contrário do trem convencional, de baixa velocidade, o trem bala não pode fazer curvas fechadas nem subir aclives muito íngremes. Ele precisa de uma região plana para desenvolver sua velocidade.

O governo faria melhor se desenvolvesse os transportes convencionais, tão precários no Brasil. Não precisamos de trem bala, mas precisamos muito de um metrô de superfície ligando as cidades da nossa região. De um investimento nas ferrovias convencionais para que o Brasil não continue escoando sua produção através de carretas em estradas estreitas e esburacadas. Precisamos de uma frota de navios fazendo a navegação de cabotagem, ligando o sul ao norte do país através desse mar enorme que nos envolve. Isso é viável e muito mais importante para tirar o país do atoleiro em que se encontra.

 Jorge Luiz Calife

[email protected]

Você também pode gostar

8 comments

Alexandre 13 de março de 2015, 03:35h - 03:35

Alguém ai ainda acredita em LULA?

Edival um dos Velinhos do Neto 12 de março de 2015, 18:05h - 18:05

Eu viagei muito do Rio para E.S.na época da MARIA FUMAÇA que delicia quantas recordações maravilhosas tambem de V.R. para Barbacena M.G.já era as Maquinas diesel, tambem digo voltem os trens.

Marco Ferreira 12 de março de 2015, 14:50h - 14:50

A pergunta é, Trem Bala aqui é coisa de megalomaníaco, desses incompetentes que com essa fortuna disponível nos ultimos 10 anos tiveram a capacidade de reformar e/ou reconstruir o Maracanã 3 vezes, mais o Engenhão e não arrumaram a Serra das Araras, coisa de imbecil bandido incompetente
Nova pergunta, precisamos de um trem ligando Rj e SP e principais cidades ? É claro que sim, para no meio da cidade, economiza tempo e dinheiro masa precisa ser Trem BALA????? Pq não um trem rápido como na Espanha ? Anda a 130 Km por hora, faria RJ SP em 3,5 horas, pergunto novamente, para que Trem Bala?

Al Fatah 12 de março de 2015, 08:09h - 08:09

Trem-bala nunca foi prioridade para a realidade nacional, realmente só se justificaria técnica e financeiramente se tivéssemos terreno plano entre nossas grandes metrópoles. Ainda que o projeto tenha sido concebido numa época de bom crescimento econômico no país, nunca fomos a China e, diferente dela, somos amarrados por questões burocráticas que não existem lá, onde obras são feitas de um dia para o outro sem qualquer coisa que possa impedi-las ou retarda-las… O Governo Dilma está igual Neto aqui em VR. Pressionado, sem idéias, sem perspectivas de futuro, inerte, vivendo o ocaso. Triste isso…

Parabéns pela bela crônica!

anderson 11 de março de 2015, 21:57h - 21:57

tinha que esta no contrato de privatizaçao manter os ramais de passageirros e a linha ferrea tanto a mrs a fca as linhas estao abandonadas so interesa minerio de ferro cade barrinha cade trem verde lidice angra migeuel pereira arcadia trem de plata rio sao paulo vera cruz minas

Edimir Nogueira Mattos 10 de março de 2015, 22:11h - 22:11

No que concerne, apenas, ao trecho Rio/São Paulo, estamos reféns da pouco confiável Dutra e da. também, pouco confiável Ponte Aérea. Viajei muito nos velhos trens da Central de Brasil e, sinceramente, gostaria que eles estivessem em atividade até hoje. Claro, devidamente modernizados. Ou, os húngaros. Nunca sonhei alto com o Trem Bala. O convencional é até mais romântico. Se perguntarmos para D. Dilma do projeto ambicioso de seu antecessor, ela com certeza, responderá que o nosso trenzinho caipira de alta velocidade estará pronto para as Olimpíadas das Olimpíadas. Obrigado pelo ótimos texto, Calife!

alguem 11 de março de 2015, 12:23h - 12:23

Sou a favor de ter o trem convencional fazendo rio -são Paulo o Brasil errou em estimular o transporte rodoviário, assim os trens foram sendo desativados ,saudades do trem de Andrelândia , do trem de Juiz de Fora…

Edimir Nogueira Mattos 11 de março de 2015, 23:07h - 23:07

Acredito que, com o advento da industria automobilística, Juscelino, o presidente do jargão “50 Anos em 5”, foi descartando nossas ferrovias e deu no que deu. Um País moderno, com fábricas de automóveis, não poderia depender de museus sobre trilhos. E, graças a essa visão tacanha nossas estradas “asfaltadas”, entupidas de caminhões e motoristas irresponsáveis, matam milhares de pessoas por ano. Que voltem os trens.

Comments are closed.

diário do vale

Av. Pastor César Dacorso Filho nº 57

Vila Mury – Volta Redonda – RJ
Cep 27281-670

(24) 99926-5051 – Jornalismo

(24) 99234-8846 – Comercial

(24)  99208-6681 – Diário Delas
.

Image partner – depositphotos

Canal diário do vale

colunas

© 2024 – DIARIO DO VALE. Todos os direitos reservados à Empresa Jornalística Vale do Aço Ltda. –  Jornal fundado em 5 de outubro de 1992 | Site: desde 1996