E o Oscar de Melhor Filme não vai para La La Land

by Diário do Vale

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Começa a noite do Oscar, a 89ª cerimônia de entrega dos Academy Awards. Do lado de fora do Teatro Dolby, em Los Angeles, Califórnia, começa a chegar os carros meticulosamente polidos. Deles saem atores e atrizes, diretores, roteiristas, cantores, nomes que marcaram presença nas telas dos cinemas nos últimos meses.

Pelo tapete vermelho desfilam as mais famosas grifes de roupas, sapatos, joias e maquiagens do mundo, pensadas quase que com exclusividade para a grande noite de premiação onde concorreram 62 filmes em 24 categorias de premiação.

O teatro já lotado recebe vindo da parte de trás o cantor Justin Timberlake, com bailarinos e bailarinas lindamente vestidos que sobem ao palco para interpretar a coreografia da música “Can’t Stop the Feeling”, que levanta a plateia. Assim começa o show com transmissão para diversos países.

A seguir o humorista Jimmy Kimmel, hostess do Oscar, entra fazendo graça e dando a primeira estocada no presidente Donald Trump, agradecendo aos espectadores “de 245 países que agora nos odeiam”. Ao final da noite ele fecha com mais uma alfinetada no presidente americano ao se dirigir a Meryl Streep, que foi chamada por Trump de “superestimada”. “Temos aqui uma atriz que passou no teste do tempo com seus papéis sem inspiração e superestimados”, disse, enquanto a câmera mostrava a veterana. “Teve um trabalho medíocre no início de sua carreira. Por favor, uma salva de palmas para uma atriz que não merece”. E para fechar lança o veneno: “Esses seus sapatos são da grife da estilista Ivanka Trump?”, disse, enquanto os presentes na plateia se levantavam para aplaudir a grande atriz de “Florence – Quem é Essa Mulher?”.

Este ano a premiação foi marcada pela diversidade, nadando contra a corrente o Oscar indicou um número significativo de negros. Isso porque em 2016, a Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood foi acusada de erguer uma barreira racial. Não indicou nenhum artista negro nas categorias principais. Para 2017 teve que mudar as regras de votação reparando essa total falta de sensibilidade.

A noite teve muitos pontos altos e inegavelmente emocionantes como a premiação do filme iraniano “O Apartamento” que levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, cujo diretor Asghar Farhadi não compareceu a cerimônia, protestando contra as medidas de imigração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Assim, Anousheh Ansari e Firouz Naderi, cientistas da NASA, aceitam a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro em nome de Asghar. “O Apartamento” é indiscutivelmente um poderoso drama de fundo moral, onde vemos atores em situações de conflito dramático incrivelmente marcado pela fragilidade, assim como muitas vezes são erguidos os relacionamentos humanos.

Alegria

Como sempre o Oscar revelou momentos de alegria, um deles quando foi apresentado os concorrentes de Melhor Animação que este ano ficou com o desenho “Zootopia: Essa Cidade é o Bicho”, mesmo quando “Moana: Um Mar de Aventuras”, era o favorito. O filme conta a história da raposa Nick Wilde e da coelha Judy Hopps, dois inimigos naturais que precisam superar preconceitos e unir forças para desvendar um mistério na cidade de Zootopia.

O ápice da emoção aconteceu e fez muitos atores enxugarem as lágrimas quando a academia começou a exibir no telão as fotos de nomes que marcaram o cinema e que morreram em 2016. Hector Babenco conhecido do Brasil por filmes como “Pixote” e “O Beijo da Mulher Aranha”, foi um dos nomes lembrados. Tsa Tsa Gabor, morta em dezembro aos 99 anos e Nancy Reagan, atriz e ex-primeira-dama americana, que morreu em março aos 94 anos. Mas a marca da emoção ficou ao mostrar a atriz Carrie Fisher, a princesa Leia de Star Wars, que morreu em dezembro aos 60 anos e sua mãe a atriz de “Cantando na Chuva”, Debbie Reynolds, morta um dia após a filha, aos 84 anos. Mas o pior ainda estava por vir quando a primeira gafe foi mostrada para o mundo. Durante o “In Memoriam”, certamente uma bela homenagem para os nomes da indústria cinematográfica que faleceram no último ano. Ao som da canção “Both Sides Now”, na voz de Sara Bareilles, uma das pessoas citadas foi Janet Patterson, figurinista de “O Piano” e “Peter Pan”, que faleceu em outubro. O problema é que a foto utilizada no vídeo não era dela. A Academia apresentou uma imagem de Jan Chapman, produtora australiana que ainda está muito viva e que ficou em estado de choque ao se ver morta durante a cerimônia.

Gafe

A piada da noite estava reservada para o minuto final da premiação quando entraram no palco os atores Warren Beatty e Faye Dunaway, nomes que marcaram o cinema com grande filmes, entre eles “Bonnie & Clyde: Uma Rajada de Bala”, filme lembrado como a pedra fundamental de uma nova geração de jovens atores, diretores e produtores de cinema. O casal de artistas estava ali para anunciar o ganhador de Melhor Filme de 2017.

Warren abre o envelope, meio perdido, constrangido e incomodado não entende o que lê e passa a batata quente, ou melhor, o envelope para as mãos de Faye que dispara com um largo sorriso o nome de “La La Land” como o filme vencedor, só que o dono da estatueta era na verdade “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, drama de Barry Jenkins.

A confusão para ser desfeita levou exatos 2 minutos e 23 segundos, já com os “ganhadores” errados no palco discursando. Na verdade um funcionário da produção tinha provocado a gafe gigantesca que na mesma hora remeteu a algo semelhante em que a candidata das Filipinas, Pia Alonzo, foi eleita Miss Universo 2015 e que por um erro do apresentador, primeiro a Miss Colômbia, Ariadna Gutiérrez, foi coroada como a vencedora, mas em seguida a coroa foi retirada dela e colocada na candidata filipina com o anúncio de que tinha ocorrido um erro. Enquanto a Miss Colômbia ainda acenava para a plateia, o apresentador, Steve Harvey, se aproximou e disse: “Ok, pessoal… eu tenho que pedir desculpas pelo meu erro”. O comunicado de que a Miss Colômbia era, na verdade, a segunda colocada, foi feito no alto-falante, para espanto de todos e, principalmente, da candidata filipina.

“Moonlight” terminou o Oscar com três estatuetas: Filme, Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante para Mahershala Ali. “La La Land”, no fim, saiu da premiação com seis prêmios: Melhor Diretor, para Damien Chazelle; Melhor Atriz, para Emma Stone; Melhor Trilha Sonora; Melhor Canção Original, com City of Stars; Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção.

Sem a menor dúvida o Oscar de Melhor Leitor vai para você que semanalmente me prestigia lendo esta coluna feita com enorme carinho e dedicação.

 

ARTUR RODRIGUES | [email protected]

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