Já comentei varias vezes aqui nesta coluna como a vida tem o péssimo costume de imitar a ficção, nos seus piores aspectos. Vejam o caso do seriado Perdidos no Espaço, é uma série divertida, produzida no tempo em que a televisão ainda era em preto e branco. Narra as aventuras fantásticas de uma família de colonizadores, os Robinsons, que se mudam da Terra para um planeta distante, enfrentando os perigos e problemas que parecem totalmente imaginários.
Como no episódio 14 da primeira temporada, “O ataque das plantas monstruosas”. Depois de uma chuva de meteoros a família Robinson nota o aparecimento de um novo tipo de planta no planeta desértico. Elas são chamadas de ciclamens e começam a se espalhar pela paisagem. A bióloga Maureen descobre que são comestíveis e começa a preparar salada de ciclamens para seus filhos. Até que a família acorda uma manhã e descobre que sua nave espacial esta coberta de trepadeiras e flores gigantes. Felizmente um dos heróis do seriado, o major West, tem uma arma de raios laser e consegue incinerar o matagal que ameaça dominar o planeta.
Uma história totalmente fantástica passada em um planeta imaginário. Sem chance nenhuma de acontecer na vida real, certo? Errado! Nos últimos meses enfrentei algo parecido com o ataque das ciclamens, lá na pacífica Pinheiral.
Como no caso das plantas alienígenas, um vegetal estranho apareceu nos fundos do meu quintal. Parecia uma mistura de cacto com trepadeira e logo cresceu formando uma folhagem bonita. Espalhou-se pela parede dos fundos da casa, criou raízes e subiu para o telhado. Dei uma pesquisada na internet e descobri a origem daquela vegetação alienígena. Ela não veio de Preplanis, o planeta da família Robinson, mas sim do México e se chama cacto sianinha. Na internet tem gente vendendo mudas e ensinando a cultiva-lo. Como as ciclamens da ficção, as sianinhas produzem uma flor bonita, uma vez por ano. No meu caso não precisei cultivar nada. O vegetal mexicano apareceu de graça no meu quintal e começou a se desenvolver de um modo explosivo.
Em pouco tempo tinha coberto o telhado da cozinha e da sala de jantar. E lançado tentáculos que se enroscaram na mangueira e no limoeiro. Na época estavam na moda os telhados com cobertura viva, diziam que era ecológico e que ajudava a reduzir o calor no verão. O problema é que as sianinhas não se conformaram em ficar lá em cima do telhado. Começaram a produzir raízes que se infiltravam por entre as telhas e saiam pelo forro da cozinha. Eu cortava e elas voltavam a crescer, chegando a provocar goteiras durante as chuvas de verão.
Apesar de minha natureza ecológica não tive outra alternativa senão decretar o extermínio da planta mexicana. E como não tenho o fuzil de raios laser do major West o jeito foi contratar uma pessoa para subir no telhado e demolir a cobertura de sianinhas com a boa e velha foice.
Foram horas de trabalho e no final restou uma montanha de sianinhas despedaçadas esperando o carro da coleta. Mesmo assim algumas mulheres passando pela calçada pararam para colher mudas da planta. Que é bonita realmente, se for cultivada num pequeno vaso, mas que pode crescer descontroladamente.
O que é muito estranho. Afinal a maioria das plantas de clima árido não consegue sobreviver no ambiente úmido e chuvoso da nossa região. Menos a sianinha. Como as ciclamens da ficção elas não conhecem limites e partem para dominar a região onde se instalaram. No sábado de noite, depois de liquidar com as sianinhas, coloquei o episódio do “Perdidos no Espaço” no DVD e senti inveja do major West e sua arma de raios laser. Passaram-se cinquenta anos, mas a mensagem do filme foi aprendida.
Cuidado com plantas alienígenas.
3 Comentários
Dia 29/06 às 9 horas
Abraço a lagoa do Belvedere.
Enfrentamos aqui um ataque de
” sianinhas” gigantes.
Que pena! Queria uma muda!
Na minha casa apareceu do mesmo jeito é uma planta muito resistente ela cresceu grudada na parede não deixo ele espalhar muito e a flor dela é vermelha aparece uma vez por ano.
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