Europeus testam o protótipo de seu ônibus espacial

A agência espacial europeia, Esa, testou com sucesso o protótipo de seu futuro ônibus espacial. O IXV, sigla de Veículo Experimental Intermediário, foi lançado por um foguete Vega que decolou da base de Kourou, na Guiana Francesa. Atingindo uma altitude de 413 quilômetros, a nave não tripulada, deu uma volta em torno do planeta e foi descer no oceano Pacífico, perto das ilhas Galápagos. A missão testou tecnologias que serão usadas no futuro ônibus espacial europeu.
Recentemente a Nasa americana fez um teste semelhante, com sua nave espacial Orion. A Orion é uma versão moderna das cápsulas espaciais Apollo e deve levar os astronautas americanos para missões aos asteroides durante a década de 2020. Já o IXV europeu, que voou semana passada, representa uma tecnologia mais avançada, que usa formas aerodinâmicas para manobrar na atmosfera, durante a reentrada, e assim conseguir um pouso mais suave. Para enviar o IXV ao espaço a Esa utilizou seu novo foguete Vega, que é menos potente do que o Ariane 5. O programa espacial europeu tem se recuperado depois de duas décadas de cortes de verbas e desinteresse dos governos.
Na década de 1980, quando os americanos da Nasa voavam com o ônibus espacial, os europeus projetaram um veículo semelhante, o Hermes, que deveria levar quatro tripulantes e começar a voar no ano 2000. O Hermes seria lançado da Guiana pelo foguete Ariane 5 que foi projetado para esta e outras missões. Infelizmente, em 1992, os governos da Europa cancelaram o projeto e os europeus passaram a ir ao espaço em naves russas, como acontece com os norte-americanos atualmente.

O sonho não morreu…

Mas o sonho de uma nave europeia não morreu. A ideia agora é construir um veículo não tripulado, como o Boeing X-37 da Força Aérea americana. A tecnologia testada no IXV pode também realizar o sonho de um foguete recuperável, que possa voltar intacto do espaço depois de lançar satélites artificiais. Atualmente o bilionário Elon Musk, dono da empresa Space X, vem tentando desenvolver um foguete recuperável, mas ainda não teve sucesso em suas experiências.
O voo do IXV foi um sucesso total, durando 100 minutos, do lançamento ao pouso. O foguete Vega foi lançado na direção do leste, cruzando o oceano Atlântico enquanto descartava seu estágio principal, de combustível sólido e os dois estágios superiores, menores. Por último um motor de combustível líquido, feito na Ucrânia, acelerou a nave até uma velocidade próxima da necessária para entrar em órbita. A nave chegou a 400 quilômetros de altura e passou por cima do continente Africano, enviando dados para as estações de rastreio. A altura máxima de 413 quilômetros foi atingia e o veículo de formato bicônico começou a descer para a fase mais difícil do voo, a flamejante reentrada na atmosfera.
Dirigido por quatro propulsores de hidrazina e flaps aerodinâmicos, o veículo entrou na atmosfera suportando temperaturas de três mil graus centígrados. O contato com as estações de rastreio foi perdido, momentaneamente, devido ao casulo de plasma incandescente que cercou a nave. Mas assim que passou a fase crítica a nave retomou contato com o navio de resgate e fez um pouso no mar, com a ajuda de três paraquedas. Durante a descida a IXV devia manobrar, fazendo uma série de curvas em S, semelhantes as que eram executadas pelo ônibus espacial americano para perder velocidade. Mas a perda de contato durante a reentrada deixou a equipe sem uma confirmação quanto a essa parte do voo.
A barriga da nave é coberta por uma matriz de telhas de proteção cerâmica, semelhantes as do ônibus espacial americano, mas muito mais modernas. O veículo tem o tamanho de um carro, mas seus sucessores serão maiores. E poderão levar carga e satélites para o espaço.

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]