Os políticos que perdoem o colunista, mas esta semana eles não vão ser o assunto da coluna. Era uma sexta-feira como tantas outras quando a notícia de uma explosão na Usiminas, em Ipatinga, lá no estado do pão de queijo, nos chamou a atenção. O gasômetro da aciaria explodiu, deixando feridos entre os trabalhadores e causando abalos sentidos na cidade. As barbas do vizinho arderam.
A primeira coisa que veio à cabeça do colunista foi “o que aconteceria se acidente semelhante ocorresse na CSN?”. E a resposta é: não seria nada bonito.
Basta olhar os mapas das duas cidades, que o colunista conseguiu no Google. Em Ipatinga, a usina está distante das áreas mais densamente habitadas da cidade. Assim, quando houve a explosão, os moradores ouviram um barulho alto, o chão tremeu e todo mundo está preocupado com a hipótese de ter vazado algum gás, mas ninguém que não estivesse dentro da usina foi ferido diretamente pela explosão.
Agora, olhe o mapa de Volta Redonda. A cidade fica literalmente ao redor da Usina Presidente Vargas. Há um gasômetro separado da Vila Santa Cecília apenas pela BR-393 e pela Avenida dos Trabalhadores. Se ele explodir, vai sobrar pra gente que nunca viu uma corrida de aço ao vivo.
Um caso que o colunista conhece apenas de ouvir falar dá conta de um acidente em Volta Redonda, nos anos 80, quando vazou gusa sobre um chão molhado pela chuva. A explosão (que era de vapor d’água) quebrou vidraças em toda a Vila Santa Cecília e conta-se que pessoas que andavam pela rua foram feridas pelo vapor de água em alta temperatura.
Mas era vapor d’água. O gás natural usado na produção de gusa e de aço explodiria com muito mais força e em temperatura mais alta; além disso, se ele vazar para a atmosfera, vai ficar próximo ao solo, por ser mais pesado que o ar, é tóxico e as pessoas nem sentiriam que estão sendo envenenadas, porque ele não tem cheiro. Aliás, o gás de cozinha também não: ele só fede daquele jeito porque uma substância é adicionada para que ele cheire assim.
Isso tudo acontece porque a cidade está perto demais da usina. Por erro de projeto, Volta Redonda foi feita assim. A ideia era que os trabalhadores não tivessem dificuldades para chegar à usina.
Além do risco de vítimas “civis” (pessoas que não trabalham na CSN) em caso de acidente, a proximidade com a UPV submete o voltarredondense a problemas ambientais como a famosa poeira preta e os ruídos normais da operação da usina. Quando criança, o colunista brincava de astronauta e seu “foguete” era lançado sempre que a usina fazia a descarga de gases do alto-forno.
Solução? Em termos práticos, apenas caprichar nos equipamentos antipoluição para reduzir o impacto ambiental. E que os religiosos mantenham o caderninho de rezas e orações em dia, porque acidentes, bem… acidentes acontecem.
5 Comentários
Meu caro colunista
Aqueles “pirulitos” que ficam na beira da 393 são de oxigênio, da White Martins.
O gasômetro da CSN que se assemelha ao da Usiminas fica la no meio da UPV.
O acidente foi no inicio da decada de 60, uma panela de gusa que estava sendo içada para o misturador na aciaria velha e caiu, foram 23 mortos.
Acho que o acidente que o colunista está se referindo não é esse terrível do qual você oportunamente se lembrou. O do início dos anos 80 teve menor gravidade, mas mesmo assim algumas pessoas de dentro da usina se machucaram, inclusive meu pai que trabalhava na Sobremetal, antecessora da Harsco, e teve parte das costas, cintura e pernas queimadas…
Se quem estava dentro da usina mineira, uma área confinada, não se machucou com gravidade, não há motivos para acreditar que um acidente similar a ocorrer na CSN traria maiores prejuízos… Fora isso, analisando apenas o esquema de localização das usinas, a Usiminas teve um projeto muito melhor elaborado, e não sei por qual motivo não destruíram o imenso parque florestal que lhe faz divisa junto ao rio não foi ocupado… A área contígua ao rio aqui também não deveria ter sido loteada (Retiro, Belmonte, Vila Mury, Vila Brasília, Açude, Padre Josimo, etc.), mas foi, e com pressão, tanto que é a área mais densamente povoada do município hoje…
A diferença talvez seja porque lá é Minas Gerais e, aqui, Rio de Janeiro…
E os filtros da CSN continuam estragados, aqui no Belvedere a poluição chega com força total, algo que antes , não acontecia…
Já tive leucopenia, diversas vezes, doença comum em quem trabalha em usina, sendo que nunca trabalhei…
Que coloquem multa pesada para a CSN, por não trocar os filtros!!!
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