Mulheres-objeto de Sartre e de Simone de Beauvoir

by Diário do Vale

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O bicho pegou na Wikipédia depois que a prova do Enem ressuscitou a escritora e filósofa Simone de Beauvoir. Os editores da enciclopédia participativa suspenderam a entrada de novos colaboradores, entre outras coisas, porque diziam que a falecida escritora francesa havia sido pedófila e colaboradora do nazismo.
O texto da prova era um trecho do livro “O Segundo Sexo”, em que Beauvoir escreve que “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.
A escritora foi uma das pessoas mais influentes do movimento feminista na sua época. Uma celebridade especialmente dos anos 50 aos anos 80, juntamente com seu companheiro, o filósofo Jean-Paul Sartre.
O casal era intelectualmente genial, ativo, revolucionário, carismático. Quase uma unanimidade. Até que, em 1990, suas cartas tornaram-se públicas e a biografia de ambos começou a ser melhor estudada. O que emergiu a partir de então foi um lado obscuro e muitas vezes eticamente repugnante.
A feminista Beauvoir, que denunciava que os homens tratavam as mulheres como “objeto”, fazia exatamente o mesmo junto com seu marido. Seduzia suas alunas, preferencialmente entre 16 a 17 anos (muitas vezes em troca de favores acadêmicos ou dinheiro) e, em seguida, as oferecia sexualmente a Sartre. Às vezes envolviam a jovem por um tempo, para depois descartá-la. O casal parecia obcecado, principalmente, em deflorar virgens.
Diga-se, por justiça, que não há nenhum caso de pedofilia (criança) envolvendo qualquer um dos dois, mas o casal defendia a pedofilia. Estavam entre os líderes do movimento que pedia a descriminalização das relações sexuais com menores de 15 anos e chegaram a assinar uma petição pela libertação de pedófilos, pois entendiam que pedofilia não podia ser crime.
Também por justiça deve-se dizer que não existe qualquer prova de colaboracionismo com o nazismo durante a França ocupada. Mas também não participaram da resistência, como os demais intelectuais. Ao contrário, Beauvoir foi diretora de sonoplastia da rádio do regime colaboracionista e Sartre tinha excelente relações com os militares nazistas (até brindava com eles).
Dentro da leitura biográfica atual não sobra muito glamour no casal que, até há pouco tempo, era um mito em todos os sentidos.

Em defesa dos pedófilos

Em janeiro de 1977, três homens foram acusados no Tribunal de Versailles por atentado ao pudor contra menores de 15 anos. Eles se divertiam fazendo sexo com meninos e meninas na faixa de 13 anos e fotografando para exibir depois.
Seus três anos de prisão preventiva desencadearam uma petição pela libertação , publicada no jornal “Le Monde”,  assinada por 69 intelectuais. Entre os nomes mais conhecidos estavam Michel Foucault, Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre.
O texto da petição dizia que as crianças foram seduzidas “sem violência” e “consentiram” em fazer sexo e serem fotografadas. E ainda perguntava: “Se uma menina de 13 anos tem o direito de tomar a pílula, é para quê?
Mais tarde, Beauvoir e Sartre também assinaram uma carta aberta, publicada no jornal “Libération”, pedindo que fosse “revogada ou significativamente modificada” a lei sobre estupro que punia quem fizesse sexo com menores de 15 anos. A carta pedia o “reconhecimento do direito de criança e do adolescente para manter relações com as pessoas de sua escolha”.
A influência destes manifestos foi tão grande que logo em seguinte foi fundada na França a FLIP (Front de Libération des Pédophiles), que manifestava solidariedade “a todos os pedófilos presos ou vítimas da psiquiatria oficial” e  prometiam lutar contra esta “injustiça penal” a que chamavam de “tirania burguesa”.

Transformando moças em objeto

Simone de Beauvoir e Sartre tinham um relacionamento aberto. Um pacto pelo qual podiam transar com outras pessoas, desde que não desenvolvessem amor e que contassem tudo um ao outro.
Mas Sartre não era muito bom para conquistar mulher. Assumidamente feio (tanto Simone quanto ele próprio o diziam), pouco afeito à higiene pessoal, às vezes despertava asco. Uma jovem a quem ele beijou à força e tentou levar para a cama conseguiu fugir e correu para vomitar no banheiro.
Quem atraía as moças era a linda Simone de Beauvoir. Transava com as jovens e depois as convencia a fazer sexo com Sartre. Seu alvo predileto eram as alunas. Como disse uma destas moças, o casal gostava de “carne fresca”.

Entre beijos e vômitos

A coisa era tão ostensiva que, em 1943, Simone chegou a ter seu direito de lecionar suspenso, por ter seduzido a aluna menor de idade Natalie Sorokine, de 17 anos, filha de um imigrante russo.
Para convencer as jovens, o casal prometia acolhida, educação, dinheiro e muitas mentiras. Faziam juras de amor pela vítima, até elas descobrirem que não eram únicas ou serem simplesmente descartadas.
Por exemplo, para seduzir a jovem aluna Olga Kosakiewicz, cujo pai era imigrante que fora perseguido pela Revolução Russa, Beauvoir a convidou a morar em sua casa. Isto em 1935. Prometeu que cuidaria das suas despesas e da sua educação. Olga teve um caso com Beauvoir, mas se recusou a ficar com Sartre. O empurrava para longe na cama.
Sartre ficou frustrado, mas descontou: em 1937 partiu para cima de Wanda, irmã de Olga, que também havia ido morar com o casal e também era aluna de Beauvoir. Wanda é a moça que vomitou no banheiro após o primeiro beijo de Sartre. Mas ele insistiu e, dois anos depois, conseguiu que ela se tornasse sua amante.
Esta persistência de Sartre só encontra paralelo na sua total falta de tato com as mulheres. E de respeito.
Um caso emblemático é o de Bianca Lamblin, uma jovem de 16 anos, filha de refugiados judeus da Polônia. Aluna  de Beauvoir, em 1938, foi seduzida por esta e convencida a também ficar com Sartre. Ela nunca havia ficado com um homem. Quando era conduzida por Sartre ao quarto do hotel, este lhe disse sem qualquer cerimônia: “A camareira do hotel vai ficar surpresa, pois ontem mesmo eu tirei a virgindade de outra menina”.
Bianca ainda foi amante de Sartre por algum tempo, até ser descartada por ele a pedido de Simone. Em suas memórias, publicada nos anos 90, ela desabafou: “A perversidade foi cuidadosamente escondida debaixo do exterior manso e suave de Sartre e da aparência séria e austera do Beauvoir”.
Das amantes do casal, pelo menos uma suicidou-se e outra se transformou em viciada em drogas, segundo a historiadora Carole Saymour-Jones.

Das mentiras à hipocrisia

Um texto devastador sobre Simone de Beauvoir e Sartre foi publicado em 2005, na influente revista “The New Yorker”, por Louis Menand, professor de Harvard, escritor e vencedor do Prêmio Pulitzer de 2002.
Ele comenta que o que mais chocou os leitores com a publicação das cartas do casal “não foi a promiscuidade, mas a hipocrisia”. E acrescenta:
– Em entrevistas, Beauvoir negava categoricamente ter tido relações com mulheres. Nas cartas ela descrevia para Sartre suas noites na cama com mulheres. A correspondência está cheia de comentários depreciativos sobre as pessoas com quem dormiram ou tentaram dormir, embora quando estavam com elas irradiassem interesse e carinho. Sartre, em particular, estava sempre falando para as mulheres do seu amor e devoção, e da sua incapacidade de viver sem elas.
O professor acrescenta que ficou claro que Sartre e Beauvoir detinham as pessoas em sua vida com diferentes degraus de desprezo. E que tinham prazer de contar um ao outro sobre as mentiras que diziam aos demais.

Conforto na França ocupada

A pá de cal na imagem dos dois mitos veio da biografia de Beauvoir e Sartre escrita pela historiadora escocesa Carole Saymour-Jones, lançada no ano passado em livro com o título “Uma Relação Perigosa”.
Além das estripulias sexuais com as moçoilas, Saymour-Jones mexe em um vespeiro ao falar da postura do casal durante o período da Ocupação Alemã na França.
Enquanto a maioria dos intelectuais atuava na Resistência Francesa – aberta ou clandestinamente – e arriscava a vida contra os nazistas, o casal vivia confortavelmente.
Beauvoir trabalhava como diretoria de sonoplastia na Rádio Nacional – a rádio estatal que defendia e fazia propaganda a favor da ocupação nazista.
Sartre, segundo a biógrafa, não hesitou em tomar o posto do professor judeu do Liceu Condorcet, Henri Dreyfus Lefoyer. Mesmo não precisando deste emprego, Sartre o tomou tirando proveito das leis raciais nazistas que proibiam professores judeus de lecionar.
Sartre enviou por vontade própria o texto da sua peça “As Moscas”  aos nazistas, antes de ser encenada, para mostrar que não havia “nada de antigermânico” nela. Encenada na noite de 3 de junho de 1943, soldados nazistas uniformizados brindavam à peça, com Sartre retribuindo o brinde dos alemães.
Nada disso, repita-se, é prova de qualquer colaboracionismo de Sartre ou Beauvoir.
Mas causou estranheza aos demais intelectuais da época que estavam combatendo a Ocupação Alemã. Raymond Aron, amigo de Sartre e Beauvoir, chamava os dois de “Resistência do Café de Flore” – referindo-se ao café que foi ponto de encontro chique de intelectuais em Paris.

Comunismo de resultados

Em 1955, Beauvoir e Sartre visitaram a China e a União Soviética. Naquela época, mesmo intelectuais de esquerda já criticavam os excessos destes regimes, que mataram mais de 100 milhões de pessoas.
Mas o casal continuou apoiando pública e ostensivamente os dois regimes.
Sartre havia se tornado amante de uma agente da KGB, Lena Zorin, o que teria influenciado a sua submissão ao regime soviétivo, segundo avaliação da historiadora Saymour-Jones.
Sartre chegou a propor casamento a Zorin, que em seus relatórios da KGB deixou registrado como manipulava Sartre.
Já Simone de Beauvoir, em 1957,  publicou o livro “La Longue Marche” (A Longa Marcha), tecendo louvores ao regime de Mao-Tsé Tung na China.
Curiosamente, anos antes Beauvoir havia escrito em uma carta a seu amante americano, o escritor Nelson Algren, que não ia para os EUA ficar com ele porque tinha que atuar na França para combater “as mentiras do comunismo e do anti-comunismo”.
O que mudou em Beauvoir?
Ela mesma admitiu, depois, ao amante Nelson Algren que escreveu o livro em grande parte para receber dinheiro. Fora escrito por encomenda.

E viva o Enem

A questão do Enem 2015 sobre o texto de Simone de Beauvoir foi boa no sentido de poder atualizar a biografia da escritora e do filósofo Sartre no Brasil.
A maior parte do texto deste artigo veio de sites em francês ou inglês.
Não encontrei nenhum estudo acadêmico, no Brasil,  sobre a questão e foram raríssimas as postagens sobre o tema, antes da atual polêmica.
Sobre a questão do Enem em si, é curioso que dá a impressão que a frase de Beauvoir foi sobre a moderna discussão da identidade de gênero sexual (opção gay etc), quando na verdade era puramente sobre o feminismo. Tanto que o livro em que consta o trecho chama-se “Segundo Sexo”.
Mas provavelmente a ideia dos autores da questão do Enem foi esta mesma.
O mais curioso é que Beauvoir e Sartre continuem sendo usados, no Brasil, não como incrível referência de grandes intelectuais de um momento histórico, mas como se fossem atuais e moderninhos os seus discursos e ideias tão arcaicos quanto a defesa da pedofilia e do regime soviético.
Como dizia Millôr Fernandes, quando uma ideologia fica bem velhinha, ela vem morar no Brasil.

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A defensora do feminismo e seu marido se valiam de dinheiro e influência para seduzir adolescentes (Foto: Reprodução Internet)

 

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34 comments

Roger 8 de novembro de 2015, 07:23h - 07:23

Sobre as afirmações de que Beauvoir era nazista e pedófila, então resolvemos falar sobre esses aspectos também. Essa história, que circula em todo o mundo e não apenas no Brasil, teve início em uma publicação no A Voice For Men, quando um homem romeno, que era contra o feminismo, escreveu um artigo com inúmeras informações polêmicas sobre a vida da autora. Esse texto foi traduzido para diversos idiomas, e, desde então, é utilizado como fonte para que novos textos do mesmo estilo sejam publicados. E aí a coisa vira uma bola de neve.

O texto acusa Beauvoir de ser nazista, pedófila, misógina e misândrica, Beauvoir nasceu em 1908 e, portanto, viveu em uma época bem diferente da nossa, presenciando, inclusive, a ocupação nazista na França durante a Segunda Guerra Mundial.

A filósofa trabalhou na Rádio Nacional Francesa, a Radio-Vichy: “Escritores do nosso lado tacitamente adotavam algumas regras. Não se podia escrever nos jornais e nas revistas da zona ocupada nem falar na Rádio Paris; podia-se trabalhar para a imprensa da Zona Livre e para a Radio-Vichy: tudo dependia no sentido dos artigos e programas”, disse ela.

Para a filósofa Djamila Ribeiro, pesquisadora da vida e obra da escritora francesa e integrante a Simone de Beauvoir Society, organização fundada em 1981 que organiza conferências internacionais sobre Beauvoir, é “desonesto” classificá-la como defensora da pedofilia e do nazismo.

“Não há nada comprovado. Ela assumiu posições políticas muito fortes contra o nazismo, por exemplo. Esse assunto nem entra nas discussões acadêmicas travadas sobre Simone”, afirma Ribeiro.
“Também é um absurdo dizer que ela fazia apologia à pedofilia. Para isso, seria necessário comprovar que ela abusou de crianças, mas só podemos dizer que ela assinou um documento. Pessoalmente, discordo da posição dela, mas isso é diferente de dizer que ela era pedófila.”
Ribeiro destaca que outros intelectuais também assinaram a mesma petição e “ninguém os chama de pedófilos”.

“Muitos filósofos consideram que o pensamento racialista de Hegel serviu de base para o nazismo. Kant era preconceituoso. Mas eles não são acusados de ‘nazista’ ou ‘racista’. São considerados apenas grandes filósofos”, afirma a especialista.
“Para mim, isso é obra de pessoas que estão incomodadas com o fato das ideias dela estarem no Enem e tentam demonizá-la ou desqualificá-la por meio de sua vida pessoal. Temos que focar na sua obra e o que trouxe de significativo em vez de tentar diminuir uma mulher que estava à frente de seu tempo.”

Seria interessante que você falasse que todas as alterações no site da wikipédia foram retiradas por falta de evidencias. No dia seguinte ao Enem, por causa de “vandalismo excessivo”, o verbete passou a só poder ser alterado por “usuários autoconfirmados” – pessoas com conta no site há pelo menos quatro dias e que já tenham feito no mínimo dez edições.

Marcelo Figueiredo 5 de novembro de 2015, 12:18h - 12:18

O objetivo principal do Enem foi levantar uma discussão sobre como a mulher é tratada, ainda hoje, em relação à violência. Se formos buscar na história currículos que condizem com nossos costumes morais de hoje, não absolveremos intelectuais, heróis, religiões, etc… Hitler apareceu no enem do ano passado e não se trata de apologia a ele. Guerras são abordadas, escravidão, entre outros. Uma boa interpretação não é só para quem está participando do Enem.

Antônio Carlos 5 de novembro de 2015, 10:22h - 10:22

Temos um Rodrigo Constantino escrevendo no Diário do Vale ! Ideólogo dos coxinhas paulistas pretende trazer as luz a verdade nunca antes revelada escondida pela esquerda nos livros de história. O senhor Aurélio Paiva, jornalista e amante da história “parece” ser da sua escola intelectual. Você, Aurélio Paiva, como jornalista pesquisador, ao invés de levar aos leitores o aprofundamento das ideias intelectuais desses pensadores tão estudados nas universidades do mundo inteiro prefere reduzi-los, um achincalhe gratuito e deformador usando supostas biografias e cartas sobre a vida pessoal de Sartre e Beauvoir. Esse artigo é uma aclamação à ignorância típica da direita reacionária e conservadora em moda nos dias atuais em nosso Brasil. Lamentável.

rafael 6 de novembro de 2015, 15:51h - 15:51

Qual é o papel da escola e dos professores? Qual é a distinção entre ensino e educação? Deve o professor assumir um papel de educador, ou sua função é basicamente a de instruir seus alunos com o máximo de conhecimento possível para facilitar seu sucesso no mercado de trabalho?

Estas são questões de fundamental importância, especialmente no momento atual, em que vemos tantos professores se arrogando o papel de educadores, incutindo valores morais (ou imorais) na cabeça de seus alunos, tentando, como colocou o novo ministro da Educação, “conquistar mentes e corações” durante suas aulas.

Historicamente, todo governo autoritário começou tentando enfraquecer a influência da família, instituição que invariavelmente representou um enorme obstáculo às pretensões totalitárias dos tiranos. Usurpar, portanto, o papel de educar os próprios filhos é um objetivo antigo de todo aquele que pretende conquistar o poder e controlar os demais.

Liberal 4 de novembro de 2015, 19:10h - 19:10

Ótimo texto, Aurélio! Já havia lido sobre tais fatos acerca da vida do citado casal, mas não de uma fonte confiável. E, de fato, a vida privada diz muito dos reais princípios defendidos por alguém. Só consigo pensar nessas meninas iludidas, sem saber direito o que fazer diante desse “poder simbólico” que o casal exercia. Hipocrisia, seja na direita ou na esquerda, nas instituições religiosas, ou qualquer outra, deve ser escancarada sempre, e negar isso é negar a razoabilidade, o bom senso.
Continue escrevendo, pois adoro suas colunas!

Cidadão VR 4 de novembro de 2015, 15:21h - 15:21

Em uma pequena amostragem de comentários podemos entender o tipo de sociedade insensível que estamos vivendo. Pouco importaria conduta do casal em sua vida íntima se as atitudes dos dois não envolvessem e influenciassem negativamente outras vidas. Aos que os defendem, eu duvido se vocês teriam o mesmo pensamento se um filho ou uma filha dos senhores tivesse sido aliciado por essas pessoas. Duvido que ficariam indiferentes e valorizariam a obra em detrimento da vida de pessoas. É fácil defender obras ideológicas e pensamentos quando a realidade não nos afeta diretamente. Portanto a conduta moral neste caso importa SIM! Se a minha conduta íntima prejudicar outras pessoas isso passará a dizer respeito não só a mim, mas à todos aqueles aos quais eu prejudiquei de alguma forma.

Universitário de Federal 4 de novembro de 2015, 11:33h - 11:33

A doutrinação de esquerda nas universidades federais é tanta que antes dessa polêmica não sabia nem quem era essa senhora. Vocês estão fazendo certinho mesmo, continuem alimentando esse discurso vazio e imbecil.

Antônio 4 de novembro de 2015, 16:02h - 16:02

Além de doutrinado é alienado!

Carlos 3 de novembro de 2015, 20:20h - 20:20

Prezado Aurélio,

mais uma vez, parabéns pelo excelente texto!

Quanto às críticas, dizer que a vida privada não importa? A vida privada não importa na maioria dos casos. Por exemplo, o cara é um bêbado inveterado, um viciado em cocaína, mas pode ser um excelente escritor, jornalista, músico etc., o que faz em sua vida privada não importa. Porém, e aqui está o ponto, quando sua conduta privada CONTRARIA FRONTALMENTE o que você prega, quando SEUS ATOS NEGAM SUAS IDEIAS, aí é óbvio que importa, sim! Ora, se uma pessoa prega a libertação da mulher, mas na vida real trata as mesmas como simples objeto, meu Deus, claro que o pensamento cai por terra. É o mesmo que ser contra as armas e andar armado, ou condenar as drogas e viver drogado, defender o samba e só ouvir rock, pregar o igualitarismo mas não dividir nada (coisa típica da esquerda caviar) etc.

Só isso já serviria para destruir o referido casal. Mas tem mais: Sartre, quando virou bajulador de estudantes franceses, defendendo o maoísmo, perdeu totalmente sua credibilidade. Um intelectual militante é um contrassenso ambulante: se é militante, perde o distanciamento, qualidade essencial do intelectual; se é intelectual, perde a paixão do militante. Ou um, ou outro. Raymond Aron tratou muito bem disso, assim como Camus: ambos demoliram o edifício intelectual de Sartre.

Quanto às fontes do Aurélio, parece que os críticos do texto não o leram. O autor foi muito claro: usou, fundamentalmente, um livro que se utilizou de fontes primárias (cartas entre o casal).

Aurélio, reitero os parabéns. Forte abraço e paciência para aguentar os MAV’s – sim, eles existem até aqui no Diário do Vale.

Paulo 3 de novembro de 2015, 16:45h - 16:45

Ninguém pode negar que as referências usadas no ENEM em sua maioria foi da esquerda e até esquerda radical. Não se viu Milton Friedman, Hayek, Mises, Tatcher, Thomas Sowel ou qualquer coisa relacionada a escola austríaca, ícones esses conhecidos amplamente em países desenvolvidos e que aqui ninguém sequer ouviu falar.
Isso mostra o porque de nossa educação estar no patamar que está.
O MEC segue a ideologia de Paulo Freire, não precisa dizer mais nada, precisa?

Aposentado 3 de novembro de 2015, 12:49h - 12:49

Lila + motociclista.Como dizia minha vó: é melhor poder ler as batatadas que vcs escrevem do que ser cego.

lila 3 de novembro de 2015, 14:54h - 14:54

Aposentado, muito fofo você, mas eu prefiro escrever batatada do que ficar em cima do muro pegando carona nos comentários dos outros, eu estou viva e participando da vida.

Miguel 3 de novembro de 2015, 10:06h - 10:06

Faça o que eu falo, não faça o que eu faço!

Luque 3 de novembro de 2015, 08:59h - 08:59

Vamos todos debater a hipocrisia? Assunto é o que não falta, tanto no texto como, sobretudo, nos comentários!

Alexandre Avelar 2 de novembro de 2015, 14:54h - 14:54

Um texto típico do provincianismo intelectual que reina no Brasil que, entre outras características, é incapaz de separar a vida privada da atuação pública e do pensamento. Imagine se deixássemos de ler Heidegger porque ele foi nomeado reitor de uma universidade alemã pelo regime nazista. Imagine se ignorássemos Darcy Ribeiro porque ele tinha predileção por mulheres casadas ou Marx porque ele era adúltero. Na ótica do tal Paiva, estes gigantes do pensamento, cada qual em seu tempo e lugar, deveriam ser execrados. Reduzir Sartre e Beauvoir a defensores da pedofilia e do regime soviético é dar atestado de incompetência intelectual, é demonstrar ser incapaz de ir além do senso comum. Nada sobre o impacto do existencialismo, nada sobre o grande debate que os dois promoveram com intelectuais como Aron e Camus. Mas é claro: nos sites obscuros que servem como fonte, nada disso aparece. Texto vergonhoso e provinciano.

DiarioProvinciano 2 de novembro de 2015, 17:29h - 17:29

De fato, Alexandre, um texto dignamente pseudo-intelectual, sem o MENOR cuidado com as fontes tratadas, citando muitos casos que vieram por conto popular para tentar desacreditar determinados sujeitos. Não sou fã de Sartre e tampouco de Beauvoir, mas é de uma irresponsabilidade tamanha que se assusta com a medida tomada pelos moderadores da Wikipedia.
Talvez o autor do texto tenha sido um dos raivosos online que tentaram editar o texto, para contar a história de seu jeito e usá-la como “fonte incontestável”.

Tem tanto equívoco no texto que fica complicado até enumerar. Só dá preguiça de ler os próximos que virão.

Aurélio Paiva 2 de novembro de 2015, 19:13h - 19:13

Os dados do texto do artigo não vieram de “sites obscuros”, como diz o autor do comentário..
Vieram especialmente do livro de biografia “Uma Relação Perigosa,”, de Carole Saymour-Jones, cujas principais fontes são primárias – as cartas escritas pela própria Beauvoir e Sartre, e de Luis Menand.
Se o que Beauvoir e Sartre escreveram soa ofensivo a alguém, a culpa não é nem do biógrafo e nem do autor do presente artigo – que por sinal reconhece, especialmente no final do texto, a importância daquele casal no momento histórico.
Já a outra fonte do texto, Louis Menand, (vamos pegar o básico da Wikipédia) nasceu em Syracuse, Nova York, e cresceu em torno de Boston, Massachusetts. Sua mãe, Catherine (Shults) Menand, foi uma historiadora, que escreveu uma biografia de Samuel Adams. Seu pai, Louis Menand III, ensinou ciência política na Massachusetts Institute of Technology. Seu avô e bisavô era dono da Louis Menand casa, localizada em Menands, Nova York, e listados no Registro Nacional de Locais Históricos em 1985.
Graduado da Pomona College, Menand cursou Harvard Law School durante um ano (1973-1974,) antes de ser titulado em inglês e ganhar o mestrado pela Universidade de Columbia.
Ele posteriormente lecionou na Universidade de Princeton, escreveu no jornal “The New Republic” e na revista “The New Yorker”. Serviu como Professor Emérito de Inglês no Centro de Pós-Graduação da Universidade da Cidade de Nova Iorque antes de aceitar um cargo na Universidade de Harvard em 2003.
Seu primeiro livro foi “Discovering Modernismo: TS Eliot e Seu Contexto”, em 1987. Seu aguardado segundo livro, “A Metafísica Club: Uma História das Idéias na América (2001)”, inclui material biográfico detalhadas sobre Oliver Wendell Holmes Jr., William James, Charles Sanders Peirce e John Dewey, e documenta seus papéis no desenvolvimento da filosofia do pragmatismo. Ele recebeu em 2002 o Prêmio Pulitzer de História e o Prêmio Parkman Francis, além do prêmio Heartland para Não-Ficção. Em 2002, Menand publicou “Estudos Americanos”, uma coletânea de ensaios sobre figuras proeminentes da cultura americana.
O artigo do Manand citado pela coluna se baseou EXCLUSIVAMENTE nas cartas escritas pelo próprio Sartre e Beauvoir.
Posto que as fontes são confiáveis, por fim devo esclarecer que, a exemplo de Demand, o presente artigo não é sobre promiscuidade. Há uma série infinita de filósofos e intelectuais promíscuos.
O cerne do presente artigo é sobre HIPOCRISIA.
Denunciar mulheres como objeto (em excelentes trabalhos intelectuais), mas tratá-las como tal, é o centro da discussão.
O artigo também não é sobre o debate entre Sartre e Camus.
Se fosse este o tema – à luz da biografia moderna – este autor teria que divulgar que, segundo as cartas de Sartre e Beauvoir, esta briga começou quando Camus (cabra bonitão) seduziu Wanda – aquela menina que vomitou após o primeiro beijo com Sartre.
Sartre nunca perdoou Camus por isso.

Com os devidos esclarecimentos, agradeço pela crítica à minha incompetência intelectual, prometendo tentar superá-la como esforçado jornalista.

Abraços,

Aurélio Paiva

lila 2 de novembro de 2015, 19:14h - 19:14

Ô Senhor Alexandre Avelar, acho melhor ficar aí no seu mausoléu escuro com suas naftalinas e não venha escrever esse monte de baboseiras querendo dar uma de intelectual. Vai catar coquinho antes que alguém descubra seus segredinhos também.

Coxinha em cidade-operária 2 de novembro de 2015, 21:48h - 21:48

De pleno acordo com Alexandre Avelar. Pouco importa a suposta conduta do casal Beauvoir-Sartre em sua vida íntima, diante da grandeza e da influência da obra de Beauvoir no pensamento ocidental contemporâneo.
Quanto aos delírios que mencionam um “doutrinamento comunista” nas universidades brasileiras, nem o ideólogo mais reacionário de 1964 conseguiria superar as opiniões de alguns leitores. O(a) raivoso(a) leitor(a) que se assina “lila” – pelo menos pelo refinamento de seu linguajar – parece ser um exemplo bem acabado dessa gente.
Aproveito para acrescentar que o ENEM prestou um excelente serviço ao trazer milhões de jovens, simultaneamente, à reflexão sobre o grave problema da violência contra a mulher.

lila 3 de novembro de 2015, 08:56h - 08:56

Coxinha de cidade operária com licença mas sou sim reacionária contra todos que se acham acima do bem e do mau e que se acham no direito de fazer o que quer e são o centro no universo, sabe aquela arrogância de quem continua num pedestal imaginário mesmo tudo ruindo ao redor dela é isso. O meu refinamento no linguajar é de uma pessoa real que não vive numa fantasia.

lila 3 de novembro de 2015, 09:46h - 09:46

E o Senhor Diárioprovinciano, não entendo tanta preocupação com um texto pseudo-intelectual como o senhor mesmo escreve, será que é medo que o texto faça pessoas despertarem?

Motociclista 2 de novembro de 2015, 11:06h - 11:06

O ENEM, se levado a sério e feito de forma correta é uma puta sacada para aquele que pretende entrar em uma instituição pública para poder estudar de verdade, mas da forma que está e com regras muito obscuras o ENEM não passa de uma trampolinagem rasteira de apoderamento do “ensino” Tupiniquim pela quadrilha vermelha.
Já tem regras de cotas que prejudicam os que realmente estudam e não se colocam dentro das minorias protegidas por essa aberração. E com provas ideologicamente direcionadas para a cumpanherada o ENEM se torna a revolução do proletariado atacando o ensino.
E cá entre nós, para que um jovem de classe média tradicional que se enfiar em instituição pública? Nenhuma pública Tupiniquim consta dos rankings de excelência pelo mundo, este ano fizeram greves de quase meio semestre e os alunos de verdade que se phodam, estão sucateadas, sem verbas para pesquisa e algumas ameaçam fechar por falta de repasses do MEC.
As universidades públicas estão sucateadas, sem regras com ensino deficiente e viraram um arcabouço do atraso e da ideologia. Com greves sem fim e com o aparelhamento vermelho aquele que pretende estudar a fundo vai ter que ir para as instituições particulares, (não que as particulares estejam livres do apequenamento ideológico, tenho conversado com jovens recém formados ou estudando em instituições particulares e vejo o quanto estão equivocados e aparelhados pelo esquerdismo de professores maconheiros, viados* e cotistas a serviço do desmonte da sociedade Tupiniquim.)

Maniac 2 de novembro de 2015, 10:32h - 10:32

Aqui mesmo, entre os comentários, observamos claros sinais desse comportamento psicopatológico.

Maniac 2 de novembro de 2015, 10:31h - 10:31

Na raiz disso tudo está a idolatria, a cegueira de quem não sabe analisar cada momento da vida pelo qual passa. Devemos construir nosso ser social buscando conceitos e exemplos com nossos ” mestres” sem contudo deixar de preservar nossa intimidade e amor próprio. O que foi descrito no texto sempre aconteceu, acontece é acontecerá. Repito, a culpa é muitas vezes, do momento político social e do comportamento idolatra.

alexandre 2 de novembro de 2015, 10:29h - 10:29

Confesso que só consegui ler a introdução do texto. Não foi possível ler o restante. Sartre marido de Beauvoir? Sartre brindava com nazistas? Ele foi enviado para um campo de concentração e não foi morto por ser um intelectual celebridade (e ainda escreveu um romance durante seu confinamento). Novamente, só escreve porque é dono do jornal!

Wagner Marcelo 2 de novembro de 2015, 08:13h - 08:13

Parabéns,ótimo texto e como sempre com bases históricas que na atualidade é difícil encontrar.

Aposentado 1 de novembro de 2015, 21:08h - 21:08

Concordo plenamente com o comentário do Luciano. Que fique claro que não aprovo o comportamento de bastidores do casal.

Fábio 1 de novembro de 2015, 20:29h - 20:29

Magnífico! Aurélio Paiva….Eu confesso que não gostava de você por seus posicionamentos na política de Volta Redonda, mas a cada vez que leio seus artigos minha admiração aumenta. Hoje sou seu fã. Parabéns!

Manoel, o pintor 1 de novembro de 2015, 18:52h - 18:52

Qualquer semelhança com nossos “intelectuais” e artistas politicamente engajados é mera coincidência.

Al Fatah 1 de novembro de 2015, 16:58h - 16:58

O texto, como sempre, muito bom e de cunho histórico, trazendo riqueza de detalhes em assuntos de bastidor. Foi o primeiro desta coluna que me fez dar umas risadas, não pela intenção do autor mas sim pelo inusitado do contexto e pela forma como foi relatado… Não esperava ver as fotos dos Sartre e Beauvoir no final, mas a imagem que mentalizei dos dois ao longo da narrativa não correspondeu a elas. Sartre é “menos pior” do que pensei e Beauvoir não imagino que fosse melhor que aquilo nem seu tempo de mocidade… Como disse Aurélio, talvez fosse coisas como higiene corporal e magnetismo pessoal que tornavam um e outro atrativo ou repulsivo…

Não sei se é impressão minha, mas em muitos dos livros que já li havia algum enlance entre uma pessoa madura e outra adolescente, ainda que fosse algo apenas platônico. Acho que todo escritor de meia idade, principalmente aqueles cujo casamento é estável e monótono, tem a chamada “síndrome do lobo mau”. O contrário também ocorre com as jovenzinhas que curtem caras muito mais velhos, com idade para ser tio ou pai… Isso existe desde que o mundo é mundo, não são leis que porão fim, afinal a puberdade não te deixa pronto para o sexo, porém a vontade de experimenta-lo, aliada ao excesso de exposição da mídia sobre o tema, torna-o quase irresistível…

Nico 1 de novembro de 2015, 11:52h - 11:52

Parabéns ao Aurélio Paiva por escrever os seus artigos em cima de fatos, sem filtros ideológicos – utilizados inescrupolosamente pela academia e pela mídia, de um modo geral.. Eu, como brasileiro, estou cansado do discurso único de esquerda que domina o País há mais de duas décadas e que só nos trouxe violência e subdesenvolvimento. Esquerda essa que tem entre os seus ídolos ditadores como Fodel, assassinos como Che e imorais como Beauvoir…

Luciano 1 de novembro de 2015, 09:59h - 09:59

Uma coisa é a vida pessoal pela biografia, outra coisa é o pensamento, a linha de pensamento que é filosófico a-sentimemtal e in-pessoal. Não separar essas duas realidades, onde o que foi exigido fora discorrer sobre o pensamento e não sobre a vida pessoal é demasiado imprudente, vindo de um artigo de jornal. Epicuro também teve uma biografia que desmentia a sua filosofia. Jean Piaget idem.

lila 1 de novembro de 2015, 09:40h - 09:40

Até hoje agente vê que muitas pessoas podres são consideradas intelectuais, inteligentes, formadores de opinião, parece que alguns seres sentem verdadeira atração por esse tipo a ponto de elegê-los seus lideres, cada texto que leio tento interpretar e trazer para a realidade atual, pois acho que tudo que foi escrito neste ou em qualquer texto antigo ou recente podemos tirar algum proveito, exemplos, para melhorarmos como ser humano e deixar coisas boas também para o futuro.

lila 1 de novembro de 2015, 10:02h - 10:02

Complementando o meu comentário, na verdade acho que toda pessoa que defende ou sentem atração por esse tipo de gente como o casal descrito no texto, na verdade elas são iguais e gostariam de fazer as mesmas coisa mas talvez por falta de coragem acabam cometendo os crimes mentalmente. Acho bom que o Sr Aurélio traga essas estorias elas sempre trazem reflexão. corrigindo (para melhorarmos como seres humanos)

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