New Horizons sobrevive ao encontro com Plutão

Retrato: A geleira em forma de coração domina um hemisfério
(Foto: Divulgação )

A sonda espacial New Horizons voltou a se comunicar com o controle da missão, na noite de ontem. A nave informou que sobreviveu ao encontro com o planeta Plutão, na manhã de terça-feira. Existia uma pequena chance dela ser destruída por partículas de matéria cósmica orbitando o planeta gelado. Durante 15 minutos a nave enviou uma série de mensagens para o Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Maryland, encerrando um suspense que durou 21 horas. O computador de bordo da sonda não consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Ou ele observa Plutão ou se comunica com a base. E durante o encontro de terça-feira o Mongoose 5 (Esse é o nome dele) estava ocupado demais.
A nave acumulou tantos dados e informações que vai levar 16 meses para transmitir tudo para a Terra. Por enquanto o mundo fica com a bela foto tirada na segunda-feira, um dia antes do encontro, que mostra a geleira em forma de coração. Depois de passar pelo planeta a nave entrou no cinturão de Kuiper, onde existem outros mundos gelados. Se houver dinheiro disponível nos próximos anos a equipe planeja um encontro com outro mundo do cinturão.
O presidente Barack Obama enviou uma mensagem de congratulações para a equipe, dizendo: “Plutão acabou de receber seu primeiro visitante. Obrigado Nasa, foi um grande dia de descoberta e liderança americana”.
Os Estados Unidos são a única nação que enviou sondas para todos os planetas do sistema solar. Seus rivais da guerra fria, os russos, só conseguiram mandar naves para Vênus e Marte. O encontro da New Horizons com Plutão aconteceu no dia em que se completam 50 anos do primeiro sobrevoo de Marte, pela sonda espacial Mariner 4. Foi em 1965 que a nave, em forma de moinho de vento, passou perto do planeta vermelho e acabou com a lenda dos canais marcianos. As fotos mostraram que Marte não tinha os canais imaginados por alguns astrônomos nem uma civilização de marcianos super inteligentes.
Depois de Marte a Nasa enviou o Mariner 10 para Mercúrio, a Magalhães para Vênus, as Pionner e Voyager para Júpiter, a Cassini para Saturno e fotografou Urano e Netuno com a nave Voyager em 1986 e 1989. Com isso foi possível criar mapas detalhados desses mundos e suas luas geladas. Só faltava Plutão e a Nasa já está usando as fotos enviadas pela sonda para criar mapas deste mundo gelado.
Plutão fica tão longe, a 4 bilhões e 800 milhões de quilômetros da Terra, que os sinais de rádio enviados pela New Horizons levam quatro horas para serem captados aqui na Terra. Eles são amplificados por uma rede de grandes antenas parabólicas, a Deep Space Network, que tem estações na Califórnia, na Espanha e na Austrália. A medida em que a Terra gira Plutão deixa de ser “visível” no céu de uma região e passa a ser observado em outra. Antenas em vários locais do mundo garantem uma escuta constante dos sinais enviados pela nave.

Descoberta de um novo planeta

Enquanto isso, aqui, no hemisfério sul, uma equipe de astrônomos das universidade de São Paulo e de Chicago anunciou a descoberta de um novo planeta, do tamanho de Júpiter. O novo mundo orbita a estrela HIP 11915, que fica a 50 anos-luz da Terra. As observações foram feitas com o telescópio de 3,6 metros do Observatório Europeu do Sul, que fica nos Andes chilenos. A descoberta de um mundo do tamanho de Júpiter abre a possibilidade de que existam planetas menores, do tamanho da Terra orbitando a estrela.
A pesquisa foi dirigida pelo astrônomo chileno Jorge Melendez, da USP, e pela americana Megan Bedell da Universidade de Chicago. A estrela HIP 11915 é muito semelhante ao nosso Sol e o mundo gasoso fica na mesma distância de Júpiter ao Sol. O que sugere um sistema estelar semelhante.

Jorge Luiz Calife | [email protected]